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“Continuaremos a lutar pela dignificação dos atos médico-veterinários, a colaborar com as autoridades públicas e privadas para o desenvolvimento e amplificação do conceito de One Health e contribuir para o reforço do bem-estar animal, adaptando medidas que contribuam para reduzir o abandono”, afirma o Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, em entrevista à Mais Magazine.

A Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) nasceu em 1991 e, desde então, assume como atribuições a defesa da saúde pública através da salvaguarda e promoção da saúde, do bem-estar animal e da segurança alimentar, bem como a dignificação do Médico Veterinário e o reconhecimento do seu papel na sociedade. Estes são também os eixos que têm norteado a atuação de Jorge Cid que, desde 2016, assume a presidência da OMV. Para 2023, o Bastonário assume que a OMV terá como principal objetivo contribuir para a colocação de “mais Médicos Veterinários nas Câmaras Municipais”, por responder aos desafios de “Uma Só Saúde” (One Health), através de uma presença mais assertiva junto das várias entidades, e por continuar a “defender as prioridades assumidas ao longo dos últimos mandatos”. Um desígnio que continuará, aliás, a fazer parte do compromisso assumido pela Ordem Profissional que irá continuar a lutar pela “dignificação dos atos médico-veterinários, a colaborar com as autoridades públicas e privadas para o desenvolvimento e amplificação do conceito de One Health e contribuir para o reforço do bem-estar animal, adaptando medidas que contribuam para reduzir o abandono”. “Continuaremos a promover a formação técnico científica para os Médicos Veterinários, através de várias ações. Apelar à redução do IVA de 23% nos atos médico-veterinários, e reforçar a adesão dos municípios ao Programa Nacional de Apoio à Saúde Veterinária para Animais de Companhia em Risco, conhecido como Cheque Veterinário, medida que tem contribuído para apoiar os animais abandonados e recolhidos pelas autarquias e os animais de famílias carenciadas”, assume.

Bem-estar animal é compromisso de todos
O bem-estar animal merece hoje uma atenção primordial, mediática e transversal a toda a sociedade, estando inclusivamente nos dias de hoje em discussão na Assembleia da República. Perante os mais recentes desenvolvimentos, é com evidente “apreensão e preocupação” que Jorge Cid olha para a declaração de inconstitucionalidade de lei que criminaliza com multa ou prisão a quem mate ou maltrate animais de companhia. “Esta questão é vista com apreensão e preocupação, consideramos que deve haver uma punição para quem maltrate intencionalmente os animais.” Outro dos principais problemas prende- se com o abandono animal. Em Portugal, são abandonados entre 30 mil a 40 mil animais por ano, havendo mais de meio milhão de animais sem dono no país, que estão dependentes da ajuda de pessoas e de instituições para sobreviverem. Para Jorge Cid, a estratégia para combater a superpopulação de animais que se encontram na rua e reduzir os elevados níveis de abandono em Portugal deverá passar, em primeira estância, pela realização de um levantamento nacional de todos os animais
abandonados, seja em Centro de Recolha Oficial, em associações, em canis, legais ou ilegais. “Continuaremos a debater o problema dos animais errantes que levanta preocupações de bem-estar animal, mas sobretudo de saúde pública, na medida em que a efetiva gestão e vigilância dessas populações são um elemento crítico no controlo de doenças como as zoonoses”, afirma o Bastonário que reforça ainda a urgência na necessidade da identificação dos animais (microchip) e da esterilização, além de campanhas de informação de âmbito nacional sobre o bem-estar animal e de sensibilização para o não abandono.