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A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel – ANECRA é hoje a maior associação nacional do setor automóvel em Portugal, mas também a mais antiga tendo celebrado, em novembro passado, 111 anos de vida. Numa edição dedicada ao aftermarket estivemos à conversa com Roberto Saavedra Gaspar, Secretário-Geral da ANECRA para melhor compreender o trabalho desenvolvido por esta associação na defesa dos interesses dos seus associados e a sua visão sobre a realidade do setor automóvel.

Com praticamente 3.500 associados, oriundos de diferentes segmentos, onde o pós-venda é o mais relevante, a ANECRA é efetivamente a maior associação do setor Automóvel em Portugal. Presentemente, a atuação da ANECRA divide-se em três níveis distintos mas complementares que justificam, em grande parte, a sua longevidade bem como o crescimento contínuo registado em número de associados nos diferentes segmentos de mercado. “Num primeiro nível está a procura pela defesa dos interesses dos nossos associados e do setor junto das entidades oficiais, nomeadamente junto dos organismos estatais e outras entidades com participação direta ou indireta no setor”, começa por explicar Roberto Saavedra Gaspar. Num segundo plano está aquele que talvez seja mesmo o principal fator distintivo da associação, designado como Consultoria Especializada. Na verdade, esta vertente da ANECRA tem por base uma capacidade instalada de exceção, que vai desde a sua sede em Lisboa e das delegações do Porto e Leiria, até à equipa de profissionais altamente especializados que apoiam e ajudam diariamente os seus associados a desenvolver o seu negócio em vertentes que vão da área Jurídica à Ambiental, passando pela Formação Profissional e até pelas vertentes de Consultoria Fiscal e Económica, Estatística, entre outras. “Por último, mas cada vez mais relevante, temos o terceiro pilar que está relacionado com os serviços de elevado valor acrescentado que, em modelo de parceria com operadores de referência no mercado, disponibilizamos aos nossos associados, com o objetivo de ter associados mais capacitados e com negócios mais sustentáveis.

Um setor em disrupção

O setor automóvel vive atualmente um momento absolutamente ímpar na sua história, com vários processos em curso, todos eles com um forte carácter disruptivo e que fazem prever que, nos próximos anos, o mercado irá assistir a muito mais alterações do que aquelas que aconteceram nas últimas décadas. “Muito dificilmente os atuais modelos de negócio irão sobreviver nos moldes que existem hoje. Desde logo a questão da eletrificação das viaturas, um processo incontornável e que nos faz adivinhar uma verdadeira revolução em toda a cadeia do setor automóvel. De igual forma assistimos todos os dias a um conjunto de movimentos e fenómenos emergentes que contribuem muito para a referida disrupção do setor. São os casos da digitalização das viaturas e do próprio modelo de negócio, das viaturas comunicantes, das viaturas autónomas, dos novos conceitos de mobilidade e dos novos hábitos de consumo e de mobilidade de toda uma nova geração, entre outros”.

Não menos importante é o processo em curso de absoluto corte com o modelo de distribuição e da relação entre os OEM e os retalhistas, que faz pressupor alterações drásticas, não só a nível da comercialização das viaturas, assim como na vertente do pós-venda. Para além disso, também o segmento do comércio de viaturas usadas tem vindo a assistir a mudanças substanciais. Aquele que foi durante muitos anos um segmento de mercado controlado maioritariamente por um conjunto alargado de pequenos e médios operadores independentes, tem vindo a sofrer grandes alterações, em particular com a entrada em cena de alguns grandes operadores, que até há bem pouco tempo apenas estavam neste segmento numa lógica B2B.

“Por último torna-se imprescindível destacar o segmento da reparação e manutenção e, em particular, o pós-venda independente, que tem vindo nos últimos anos a sofrer grandes transformações e a enfrentar grandes desafios. Desde logo com a entrada em cena do fenómeno das redes de oficinas, que é na verdade uma realidade absolutamente incontornável e que continua em franco crescimento. Fenómenos como a crescente importância dos grandes operadores, o acesso a dados e a informação técnica, a cada vez maior complexidade tecnológica das viaturas, a transição das viaturas de motores térmicos para as viaturas elétricas ou eletrificadas, a importância do digital em todas as vertentes do negócio, são bons exemplos da necessidade dos operadores de pós- venda saberem dar o salto, de forma progressiva e sustentada para um novo modelo de negócio com muitas e novas necessidades”, finaliza.