: 25 de Abril, 2025 Redação:: Comentários: 0

Penamacor e Sabugal têm unido forças para proteger e valorizar a Reserva Natural da Serra da Malcata. Apostando numa gestão partilhada e sustentável, os dois municípios mostram como é possível conservar a natureza e, ao mesmo tempo, criar oportunidades para quem a quer descobrir — seja pelas estações náuticas, seja pelos percursos pedestres que cruzam este território singular.

Cogestão da Reserva Natural da Serra da Malcata: O futuro começa agora!

Criada em 1981, a Reserva Natural da Serra da Malcata é um dos maiores tesouros ecológicos de Portugal. Situada entre os concelhos do Sabugal e de Penamacor, a sua origem está intimamente associada à proteção de uma das espécies mais emblemáticas e ameaçadas da fauna ibérica: o lince ibérico. A sua paisagem carateriza-se por uma natureza selvagem, com pouca intervenção humana, vales profundos, matos densos, águas cristalinas e uma biodiversidade rica. Nela podem ser encontradas algumas espécies raras da flora mediterrânica, habitats naturais preservados e uma fauna variada onde se incluem águias, lontras, javalis, veados e répteis autóctones. A par deste valor ecológico, a Serra da Malcata é também um espaço de memória e identidade rural, com a presença de comunidades locais que vivem em harmonia com a natureza, adaptando as suas práticas ao meio envolvente. Nos últimos anos, tendo em conta a sua riqueza e singularidade, a Reserva tem sido alvo de novas abordagens de gestão de território como, por exemplo, o “Discover the Malcata”, um projeto de Cogestão desenvolvido pelos municípios de Penamacor e Sabugal, que visa criar uma dinâmica partilhada de valorização da área protegida, tendo por base a sua sustentabilidade nas dimensões política, social, económica, ecológica, territorial e cultural, com incidência específica nos domínios da promoção, da sensibilização, da comunicação e da melhoria das condições de visitação. A instalação de nova sinalética, a melhoria das instalações do centro interpretativo da Sra. da Graça, bem como a melhoria dos postos de vigia e torre de observação de aves são algumas das ações a serem levadas a cabo pelo projeto.

Este plano de Cogestão assenta numa abordagem colaborativa e descentralizada, envolvendo ativamente entidades públicas, associações locais, comunidades residentes, instituições académicas e organizações não governamentais. O objetivo é alinhar a conservação ambiental com o desenvolvimento sustentável da região, fomentando o ecoturismo, o empreendedorismo local e a valorização dos saberes tradicionais. Através de oficinas participativas, programas educativos e iniciativas de ciência, o “Discover the Malcata” procura ainda reforçar o sentimento de pertença e corresponsabilidade entre os atores locais e visitantes. O envolvimento direto das populações permite uma maior eficácia na preservação dos recursos naturais e culturais, assegurando que a Serra da Malcata permaneça um espaço vivo, resiliente e exemplar na conciliação entre conservação e desenvolvimento.

O mar chama: Destinos náuticos a descobrir

Organizadas em torno de atividades náuticas, as estações náuticas promovem o desenvolvimento integrado e sustentável das regiões com recursos hídricos. Mais do que simples pontos de prática desportiva, estas oferecem uma experiência completa e qualificada, articulando turismo, desporto, cultura, gastronomia e natureza. Assim, em Penamacor e Sabugar é possível encontrar uma oferta estruturada e de qualidade ao nível dos espaços náuticos.

Estação Náutica de Penamacor: Uma escolha natural

Não é possível falar de Penamacor, sem constatar a beleza das suas paisagens que estão indelevelmente ligadas à água. A Ribeira de Meimoa, a Albufeira da Meimoa e a Barragem da Baságueda são cenários idílicos, perfeitos para explorar através da Rede de Percursos Pedestres e Cicláveis, do trilho da Serra da Malcata ou da envolvente Grande Rota das Aldeias Históricas. Locais como a Zona Balnear do Meimão e as Zonas de Lazer da Meimoa e de Benquerença oferecem espaços únicos para relaxar em contacto com a natureza. Canoagem, remo, pesca turística e stand-up-paddle são algumas das atividades náuticas disponíveis, promovidas por operadores locais. Além disso, estes espaços disponibilizam alguns serviços complementares, tais como, restauração, bares e animação turística, estabelecimentos hoteleiros, nomeadamente de apoio específico à náutica, criando experiências únicas que permitam reduzir a sazonalidade, prolongar o tempo médio de estadia e fazer crescer a receita turística, em resultado de uma melhor estruturação e comunicação da oferta. Num território onde a sustentabilidade é uma prioridade, Penamacor convida a viver experiências autênticas em plena harmonia com o meio ambiente.

Estação Náutica do Alto Côa (Sabugal): Um destino para viver e sentir

A Estação Náutica do Alto Côa (ENAC) integra a estratégia de Turismo Cultural em Águas do Interior, que visa afirmar a região como um destino perfeito para atividades náuticas, desportos de montanha e turismo de natureza, promovendo o desenvolvimento sustentável e valorizando a paisagem e cultura local. A ENAC pretende ser um polo atrativo para o turismo náutico e cultural, oferecendo experiências de qualidade, desde a competição (remo e canoagem em altitude) até ao lazer familiar, num território vasto e tranquilo que inclui o Alto Côa e a Serra da Malcata. Organizada como uma rede integrada de serviços – alojamento, restauração e atividades turísticas – a ENAC procura atrair visitantes motivados pela prática de desportos náuticos, criando valor e dinamizando a economia local. Assim, assume-se como motor estratégico para o desenvolvimento turístico da região, alicerçado em três pilares centrais: a albufeira, a paisagem e a cultura.

Rede de Percursos Pedestres: Mais do que um trilho, um espaço de conexão entre Homem e Natureza

Numa altura em que a mobilidade sustentável está cada vez mais na ordem do dia, os percursos pedestres afirmam-se como uma forma inteligente e sensível de valorizar o território. Ao promover o contacto direto com a paisagem, a biodiversidade e a cultura local, estes trilhos tornam-se espaços de descoberta, lazer e consciencialização ambiental. Neste sentido, os municípios de Penamacor e Sabugal têm ao dispor dos amantes de natureza várias propostas de trilhos.

PR5 – Sobreiral

O percurso do “Sobreiral” tem início na Barragem da Meimoa e atravessa bosques de carvalhos e medronheiros no Monte do Sobreiral. Oferece vistas amplas sobre a albufeira e a Serra da Malcata, destacando a biodiversidade local e habitats de espécies endémicas.

PR1 – Percurso Pedestre de Penamacor

Partindo do Museu Municipal, siga até ao Miradouro da Casa do Ramalho e explore a Mata Municipal e as Minas do Palão, um vestígio da exploração mineira. No regresso, passe pelas ruas históricas da vila, com destaque para o Castelo de Penamacor, a Igreja de São Tiago e outros monumentos marcantes.

PR2 – Moinhos do Baságueda

A pequena rota “Moinhos do Bazágueda” percorre a margem do rio Bazágueda, passando por antigos moinhos entre paisagens naturais da Serra da Malcata. O trilho valoriza o património rural, salientando o papel histórico dos moinhos no desenvolvimento das comunidades agrícolas locais.

PR3 – Moinho do Fundeiro

O “Moinho do Fundeiro” é um percurso linear ao longo do rio Bazágueda, que liga o Parque de Campismo do Freixial ao Moinho do Fundeiro. Valoriza os antigos moinhos como património rural e testemunhos do desenvolvimento agrícola da região.

PR4 – Patada da Mula

A rota “Patada da Mula” passa por paisagens mediterrânicas, vestígios arqueológicos como a gravura rupestre “Patada da Mula” e oferece vistas sobre a albufeira da Ribeira da Meimoa. Destaca a biodiversidade local, incluindo o habitat do lince-ibérico e flora endémica.

PR6 – Crista Quartzítica de Salvador

A “Crista Quartzítica de Salvador” parte da aldeia de Salvador e atravessa um importante geossítio do Geopark Naturtejo, com vestígios de trilobites e outros fósseis marinhos. Oferece vistas panorâmicas e passa por pontos históricos como a Capela de Nossa Senhora de Fátima e antigas minas.

PR10 – Serra de Opa

A “Serra de Opa” trata-se de um percurso circular que passa por vestígios históricos, como o povoado fortificado de Sortelha-a-Velha, e destaca-se pelo seu interesse geomorfológico, com rochas graníticas e xistentas. Oferece uma vista panorâmica da região e permite explorar a evolução geológica da Meseta Ibérica.

PR11 – Geoformas Graníticas da Serrinha

A pequena rota “Geoformas Graníticas da Serrinha” é um percurso circular na Aldeia de João Pires, que explora curiosas formações geológicas, como pias e blocos graníticos com formas zoomórficas. Destaca-se pelo seu potencial didático e turístico, permitindo observar as características geomorfológicas únicas da Serrinha.

Grande Rota das Aldeias Históricas

A Grande Rota das Aldeias Históricas (GR22) é um percurso pedestre de 565 km que liga 12 concelhos e 27 aldeias históricas de Portugal. Em Penamacor, o trajeto passa por locais emblemáticos como as Aldeias Históricas de Monsanto e Sortelha, oferecendo aos visitantes a oportunidade de descobrir o património cultural e natural da região.

PR1 – Meandros do Côa

A rota “Meandros do Côa” aproxima o visitante do rio, com uma natureza exuberante e bem preservada, onde o rio serpenteia as colinas de xisto e granítico. A fauna e flora são ricas, com uma densa galeria ripícola e matas de carvalho e castanheiro, além de diversas aves e lontras. O percurso é marcado por tradicionais construções em pedra, como açudes e moinhos, e a história do Sabugal pode ser explorada no castelo e no museu arqueológico.

PR2 – Vale do Cesarão

Este percurso revela o rico património histórico e arqueológico de Vilar Maior e do vale do Cesarão, com destaque para o castelo, as ruínas da igreja de Santa Maria, o pelourinho e a ponte, todos classificados como imóveis de interesse público. Ao longo do trajeto, encontram-se vestígios arqueológicos medievais, como calçadas e sepulturas, além de elementos arquitetónicos tradicionais nas aldeias vizinhas. A fauna e flora são ricas, com destaque para aves como o abelharuco e a águia calçada.

PR3 – Nascente do Côa

Esta pequena rota começa na aldeia dos Fóios, passando perto do cume da Serra das Mesas (1256 m), e inclui uma Estação da Biodiversidade que destaca a fauna e flora locais. O percurso de 1 km revela curiosas formas de erosão granítica e a confluência de quatro regiões, com destaque para os soutos de castanheiros seculares.

PR4 – Vilares

Com início na Avenida de São Cristóvão, Soito, esta rota atravessa campos agrícolas e passa pela Ribeira de Alfaiates e pela albufeira de Alfaiates, observando a avifauna local. O percurso termina em Alfaiates, visitando a Igreja da Misericórdia, o Pelourinho e o Castelo.

PR5 – Penha do Lobo

Explore a aldeia de Penalobo e a sua área circundante, com vistas panorâmicas sobre a Serra da Estrela, destacando-se a morfologia granítica, incluindo as “penhas” e fendas rochosas. Passa também por um antigo povoado fortificado, a Serra das Vinhas, e uma gruta, a Lapa do Urso, com vestígios arqueológicos.

PR6 – Rota dos Casteleiros

Fique a conhecer as aldeias históricas de Sortelha e Penalobo, destacando-se a antiga calçada medieval que liga Sortelha a Casteleiro e a paisagem com olivais centenários. Sortelha, famosa por ser uma das “Aldeias Históricas”, é o principal ponto de interesse do percurso.

PR7 – Caminho Histórico de Sortelha

O percurso atravessa a aldeia de Sorte-lha, descendo pela calçada medieval até uma antiga mina, passando por ribeiras e caminhos ancestrais. Destaca-se o núcleo medieval de Sortelha, com o seu vasto património arquitetónico e arqueológico, e paisagens deslumbrantes ao longo do caminho.

PR8 – Termas do Cró

Iniciado no Balneário Termal do Cró, o percurso explora a relação entre a água, a atividade humana e a biodiversidade ao longo do rio Côa, destacando açudes, moinhos e levadas. Com vistas deslumbrantes e diferentes ambientes, oferece uma experiência única de simbiose com a natureza e o património local.

PR9 – Rota da Moira Encantada

Atravessa a aldeia e passa por áreas rurais e florestais, incluindo um abrigo de pastores e campos pastoreados por gado. Segue por trilhos florestais, passando pela Grande Rota do Vale do Côa (GR45), explorando a lenda da Moura Encantada, antigas minas e locais históricos como a Fonte da Cal e o Talefe, até retornar ao Baraçal.

PR10 – Rota do Carrascal

A Rota do Carrascal é marcada pela paisagem telúrica, com muros de pedra, afloramentos rochosos e searas que abraçam a aldeia de Rebolosa, destacando o património natural e cultural. A caminhada revela também tradições locais, como a Capeia Arraiana, e a identidade da comunidade, ligada à terra e às suas origens.

CÔA – O Caminho das Pedras d’Água

Promovido pelo Município do Sabugal, o projeto “CÔA – O Caminho das Pedras d’Água” visa criar um percurso pedestre ao longo do rio Côa, com foco na preservação dos seus açudes e valorização do território. A primeira fase envolveu a definição de um traçado de 60 km, abrangendo Fóios e Badamalos, enquanto a segunda fase escolheu um troço-piloto em Quadrazais para identificar e interpretar pontos de interesse. O projeto tem como objetivo final promover a natureza, história e ruralidade da região, ampliando o percurso ao longo do rio Côa.