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Está aberto todos os dias da semana “proporcionando visitas guiadas personalizadas”, com passagem pela história, cultura, natureza e prova dos produtos da casa. Esta diversa oferta de enoturismo tem sido aprimorada ao longo do tempo através da realização de parcerias locais e da aposta na comunicação digital, de modo que este Alvarinho chegue a todas as mesas.

É Monumento Nacional desde 1910, mas a história do Palácio da Brejoeira inicia-se no século XIX, “quando Luís Pereira Velho de Moscoso, um abastado Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, decide construir um palácio de estilo neoclássico numa antiga quinta de família chamada Quinta do Vale da Rosa”. Desde essa altura, a tradição da viticultura sempre esteve presente, “embora sem a importância que assumiu a partir de 1976, ano em que foi lançada a primeira colheita da marca “Palácio da Brejoeira” Alvarinho, que produz atualmente em 20 hectares, cerca de “100.000 garrafas, por ano, juntamente com os seus derivados, a Aguardente Bagaceira e a Aguardente Vínica Velha”. A sub-região de Monção, em pleno coração do norte de Portugal, é o “núcleo de elite para o cultivo desta casta, ao nível das caraterísticas de solo e clima. O resultado desta conjugação de fatores determina a obtenção de uvas com o grau de maturação ideal para a
produção de Alvarinho de qualidade, que é definido como “encorpado, fresco, aromático, frutado, floral com mineralidade, tendo ainda a capacidade de envelhecer muito bem”. De modo a obterem “excedente” para alcançar novos mercados, estão a projetar aumentar a produção do Alvarinho, mediante a “reconversão de vinhas e o aumento das parcelas plantadas”. Quem começa por falar sobre as delícias da origem deste local e a respetiva tradição do vinho à Mais Magazine é Emílio Sousa Magalhães, atual administrador e acionista maioritário da Sociedade Palácio da Brejoeira – Viticultores, S.A, que não esquece a “ligação de 33 anos” a este património, iniciada “pela mão da Senhora Dona Hermínia Paes, antiga proprietária, a quem, a seu pedido, começou a tratar por Tia Nita”.

O Palácio da Brejoeira abriu portas ao público em 2010, com um leque variado de programas de enoturismo, que acabam por estimular a valorização do património da região onde se inserem e constituem um valor acrescentado ao turismo. Anualmente, recebem aproximadamente 23.000 visitantes, “especialmente famílias e seniores, em grande maioria de nacionalidade portuguesa, no entanto a proximidade com a fronteira traduz-se numa afluência considerável de turistas espanhóis”. Este “verdadeiro ex-libris do Alto Minho pode ser apreciado em dois programas de visitas guiadas”. São eles, o programa património onde é possível visitar o “interior do Palácio, a Capela, os jardins e ainda a adega antiga; e o programa quinta, onde se pode ver o bosque, as vinhas, o lago e a Capela de São Francisco. Ambos, podem ser harmonizados com “a degustação do Palácio da Brejoeira Alvarinho, Aguardente Vínica Velha e Aguardente Bagaceira”. Para divulgarem e valorizarem as opções nesta área, têm “vindo a desenvolver diversas parcerias com hotéis, agências de viagens e operadores turísticos, assim como pequenos produtores locais, no sentido de acreditarem no saber fazer endógeno, trabalhado de forma conjunta e orientado para um bem comum”. De modo a não ficarem “esquecidos no tempo e também chegarem ao público mais jovem estão a desenvolver um projeto comunicacional focado na presença digital, através das redes sociais e da implementação da divulgação e venda dos bilhetes no website”.

O desafio da localização e o reconhecimento nacional

Emílio Sousa Magalhães, apesar de nomear as vantagens da localização para a produção vitícola, destaca que a mesma é “sem dúvida um entrave, no que toca à ampliação e desenvolvimento de atividades e eventos, ao nível de enoturismo”. Isto porque “estão distantes dos
grandes centros comerciais e capitais turísticas, sendo para tal necessário um esforço acrescido para atrair e captar os visitantes nacionais e estrangeiros, excetuando-se a nacionalidade espanhola, que devido à proximidade e afinidade linguísticas faz desta localização um
ponto favorável.”


Para fazer face a este constrangimento, o responsável pelo Palácio da Brejoeira revela que o segredo passa por encontrarem estratégias de valorização do enoturismo “sublinhando a importância que ele representa para a economia da região, sendo um aspeto imprescindível
para a sobrevivência das quintas produtoras de vinho alvarinho”. O entrevistado dá ainda o exemplo do Palácio da Brejoeira que, por causa da “forte componente patrimonial, as visitas ao palácio são causa e consequência em simultâneo: as pessoas visitam-nos porque
conhecem o palácio e querem conhecer o vinho ou conhecem o vinho e querem conhecer a propriedade berço”.


No ano passado, este monumento nacional foi considerado pela Vortex Magazine, um dos 16 palácios mais bonitos de Portugal, sendo esta mais uma distinção que o “Palácio da Brejoeira” tem recebido ao longo dos 12 anos que se encontra aberto ao público. Para a administração
é uma “honra e um reconhecimento do trabalho desenvolvido, nomeadamente pelo esforço de preservação estar a ser valorizado. Para além disso, também é um farol orientador, pelo que temos a responsabilidade de procurar não desonrar a distinção, ao trabalhar para sermos cada vez melhores e mais dignos”.


Questionado sobre o futuro do Palácio da Brejoeira, Emílio Sousa Magalhães refere que esse passa pelo “ambiente de continuidade”. Em particular, na vertente patrimonial, vão manter o caminho que está a ser construído até então, de forma a “atrair novos públicos, nomeadamente as camadas mais jovens profissionalmente ativas e reforçar a captação de turistas estrangeiros”.