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O percurso do Caminho da Nazaré faz-se ao longo de 50 quilómetros e une dois dos grandes santuários portugueses. Um dedicado à Nossa Senhora da Nazaré e outro à Virgem de Fátima. A rota atravessa vários municípios – um deles é Porto de Mós. Os peregrinos que anualmente galgam as pedras deste trajeto testemunham “horizontes de cortar o fôlego”.

Na freguesia das Pedreiras, bem junto às “faldas da Serra dos Candeeiros”, é onde toca a sineta para dar a partida para o início do Caminho da Nazaré, que atravessa o concelho de Porto de Mós. Um trajeto “desafiante”, como nos contou Eduardo Amaral, Vice Presidente do município, feito por “gentes” de todas as idades, de cá ou de outros lugares, que se movem, sobretudo, pela fé e devoção. A partir desse local “abandonam-se as cotas médias, bastante abaixo dos 200 metros de altitude”, num “território conhecido pela fertilidade das terras”, para entrar num outro “que se eleva repentinamente, caracterizado pela secura, pela ausência de água à superfície e pelo calcário moldado por força da erosão cársica”, sendo assim possível admirar um “horizonte de cortar o fôlego”.

Quem percorre estes terrenos cheios de pedregulhos e com “uma ou outra subida mais exigente”, relata-nos Eduardo Amaral, são “visitantes, peregrinos, caminhantes” que vislumbram “do alto da serra”, já “do lado de Candeeiros”, “terras que se estendem até ao oceano”, onde é possível, de um lado avistar a Nazaré e do outro, no planalto de São Mamede, sentir a essência “do Alto Ribatejo”.

Neste percurso “soberbo”, como o Vice-Presidente o carateriza, dá para “observar o fenómeno da erosão cársica em todo o seu esplendor”, como são exemplo as “escarpas que retalham a paisagem ou o geomonumento da Fórnea”, uma enorme “cavidade cársica escavada pela água”, em forma de anfiteatro. Já pelos terrenos montanhosos que definem a serra conseguem-se ver “múltiplas arquiteturas de pedra seca”, as “aldeias cuidadas como Alcaria” e “os muros da despedrega”. Eduardo Amaral garante ainda que a “travessia das povoações” é um dos pontos altos do Caminho da Nazaré, uma vez que é uma oportunidade de estabelecer uma ligação com as populações e descobrir o que os locais têm de mais belo e desconhecido.

Para quem continua a travessia por Porto de Mós, a paragem obrigatória estende-se a um “dos mais singulares castelos de Portugal”, que foi classificado como Monumento Nacional e hoje em dia é considerado um “dos monumentos mais emblemáticos da história do nosso país”, sendo capaz de identificar “os portomosenses e o seu aspeto muito cénico”. O autarca enumera ainda outros locais de grande interesse histórico e monumental como “o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) ou a Via Romana de Alqueidão da Serra”.

Com vista a melhorar esta viagem que termina já no coração da Capelinha das Aparições, em Fátima, ao longo dos últimos anos têm sido realizadas várias requalificações aos percursos e à respetiva sinalética. Nesse sentido, o Município de Porto de Mós também tem dado o seu contributo, como nos refere o Vice-Presidente, sobretudo “na marcação pioneira” do caminho, em colaboração com os “restantes promotores deste projeto”, o “Centro Nacional de Cultura, o Turismo de Portugal e os outros municípios atravessados” pelo mesmo.

Dentro das tarefas está “a limpeza” do caminho, bem como “o reforço progressivo dos recursos de apoio, seja na divulgação, seja no terreno através de investimento em equipamentos que, a médio prazo, reforçarão o conforto e a segurança dos peregrinos”.

Eduardo Amaral destaca que essa qualificação conjunta favorece a “qualidade da experiência”, do peregrino e a “vida das comunidades nestas travessias”. Essas, tal como o mesmo alerta, “devem ser cuidadas e preservadas”, mantendo “a sua autenticidade”, de forma a “evitar a massificação excessiva” e a conseguir despertar a vontade de descobrir os espaços existentes em cada momento do percurso.

Caminho de Nazaré como “ponto de viragem” para Porto de Mós

Tal como o Vice-Presidente nos confessa, o Caminho da Nazaré é um “dos pontos de viragem” para Porto de Mós, na medida em que facilita o desenvolvimento de “outros eixos turísticos”, como o Turismo Militar, o Turismo Industrial, e aqui aparece a “valorização de setores como a cerâmica”, tão caraterística desta região, mas também “o Turismo Religioso”.

Ora, o objetivo não é tratar “de inventar algo novo”, “mas sim de potenciar e qualificar aquilo que já tínhamos e que ainda não tinha merecido a atenção devida”. Dentro desses eixos turísticos, o Turismo Religioso ganha uma importância extra, pois é “ um universo assegurado e previsível”, que faz com que “as pequenas atividades económicas, como o artesanato”, a olaria, os produtores locais, a restauração e o alojamento local” renasçam e sobrevivam.

De facto, em cada quilómetro galgado, é possível ver um cenário onde o verde ganha espaço entre os povoados rurais. Monumentos históricos, culturais e religiosos são muitos dos pontos de referência de Porto de Mós, o que tornam, além de obrigatória, apetecível a presença neste município. Por isso, questionado sobre que convite gostaria de fazer a quem nos lê e procura, o Vice Presidente da Câmara de Porto de Mós, pede para que “não tenham pressa em chegar ao destino”, porque se, “ fruírem os saberes, os sabores, o convívio com as gentes daqui, a cada momento, o êxtase da chegada ao santuário, seja ele o de Fátima ou o de Nossa Senhora da Nazaré, será certamente mais impactante”.