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Foi criado em 2016 e conta já com mais de 100 entidades estabelecidas em Portugal. Reconhecido oficialmente pelo Governo português enquanto “Cluster de Competitividade Emergente”, a AED Cluster Portugal (AEDCP) é hoje um ponto de entrada no país e elemento dinamizador para todos os atores nacionais e internacionais nas indústrias de aeronáutica, espaço e defesa. Fique a conhecer esta organização e o trabalho que desenvolve, pela voz do seu Presidente, José Neves.

Poderíamos começar a nossa conversa por conhecer um pouco melhor a AEDCP e o trabalho que desenvolve em prol dos setores da aeronáutica, espaço e defesa?

A nossa missão é, acima de tudo, acelerar as estratégias de crescimento dos nossos associados, potenciando valor. A nossa utilidade, o tipo e o nível de envolvimento com eles, será sempre substancialmente diferente, dependendo do seu perfil. O único ponto em comum é que, o que quer que façamos, teremos que o fazer em conjunto, desenvolvendo redes dentro do ecossistema e construindo sinergias. Isso só pode ser trabalhado em cima de valores de transparência, proximidade e foco nas reais necessidades dos associados.

Os setores da aeronáutica, do espaço e da defesa são hoje fundamentais para a economia portuguesa. De que forma a AEDCP tem procurado tornar as empresas destes setores mais competitivas?

Com um ecossistema vasto e diversificado, a AED tem múltiplas iniciativas a decorrer, que se integram nos quatro blocos de construção do nosso mapa estratégico: Financiamento e Regulamentação; Pessoas e Competências; Inovação e Valor Acrescentado; Mercados e Oportunidades. Do leque de atividades em curso podemos destacar os AED Days, o evento anual do Cluster que segue para a sua 9ª edição já nos dias
24 a 27 de maio. É um momento incontornável para todas as empresas nacionais que se tem vindo a provar essencial não só para transferência de conhecimento entre empresas e áreas, mas também para encontrar
oportunidades de parcerias e de negócio entre as várias entidades participantes.

Numa altura em que a invasão da Ucrânia à Rússia obrigou os países e as organizações internacionais a olhar para as suas defesas e a reformular estratégias e prioridades de investimentos, reforça-se a pertinência do debate em torno do posicionamento de Portugal no setor da defesa. Presentemente, qual a posição de Portugal neste setor?

Ter uma indústria de defesa forte e sustentável é a base para uma Europa tecnologicamente independente e resiliente. Esses foram os objetivos lançados pela UE e pela NATO, ainda antes da invasão russa
e que, agora, são ainda mais prementes. O Fundo Europeu de Defesa, que entrou em funcionamento em 2021, mas que tem por base a Ação Preparatória sobre Investigação de Defesa (PADR) lançada em 2017,
é o mecanismo mais importante para a prossecução destes objetivos, visando promover uma cooperação mais ampla na área da defesa, entre os vários países da União Europeia. Em Portugal temos já um conjunto muito diversificado de propostas de valor acrescentado em produtos e serviços no setor da defesa; um dos nossos grandes objetivos é, cada vez mais, trabalhar em conjunto com as Forças Armadas Portuguesas para o desenvolvimento de novas competências e produtos inovadores, que promovam a integração nacional nas grandes cadeias de fornecimento internacionais.

A retenção e a atração de talento, assim como a formação e treino dos recursos humanos, são um desafio deste ecossistema. De que forma a AEDCP tem procurado reverter esta situação?

Sem dúvida, este é dos maiores desafios do momento para nós. Juntamente com os nossos associados, temos estado ativamente a trabalhar para fazer face a esta problemática, quer seja com a criação de um fórum único nacional dedicado às oportunidades de emprego/estágio e de formação nos setores da AED, os “AED CAREERS”, ou com colaborações com a ANQEP e o IEFP ou o CENFIM na criação de formações adaptadas às necessidades reais da industria, ou mesmo com o lançamento do Projeto Mar & Ar, em parceria com o Cluster Fórum Oceano, que pretende aumentar a atenção e conhecimento dos setores aeroespacial e da economia azul pelas escolas do país. Assinalamos ainda o protocolo assinado pela AED, o Consórcio das Escolas de Engenharia, a idD Portugal Defence e a OGMA, para o lançamento da Academia Aeronáutica de Portugal, um projeto que visa reforçar conhecimentos e competências técnico-científicas dos profissionais dos setores aeronáutico e da defesa em Portugal.

Quais as perspetivas para o futuro?

Tivemos um crescimento na ordem de 40% nos últimos três anos e passámos recentemente o marco emblemático dos 100 associados, o que nos trouxe uma grande satisfação. Significa uma validação por parte do ecossistema do papel de relevo do Cluster AED na tentativa clara de se abordar cada vez mais os desafios e as oportunidades conjuntamente, criando sinergias que possam beneficiar as estratégias de crescimento de todos os membros. Felizmente, este é um ciclo virtuoso, pois esta maior representatividade dentro do ecossistema nacional facilita estimular o trabalho em rede, o que consolida as nossas propostas de valor e, por consequência, atrai mais associados. Adicionalmente tomando em conta a importância económica e estratégica crescente dos três setores ao nível internacional e nacional, a perspetiva é de continuação de franco crescimento, vincando, cada vez mais, a relevância de Portugal neste ecossistema.