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Oeiras é apelidada como Silicon Valley da Europa devido à grande quantidade de empresas multinacionais aqui instaladas, grande parte delas nos parques empresariais Taguspark, Quinta da Fonte, Lagoas Park, entre outros. Mas o município ambiciona mais e, através do programa Oeiras Valley, pretende tornar-se no maior viveiro de inovação, criatividade e tecnologia em Portugal, como nos explica em entrevista o Presidente do Município, Isaltino Morais.

Oeiras é já hoje a casa que acolhe muitas empresas de base tecnológica, sediadas um pouco por todo o concelho. O que tem estado por detrás desta tendência?

Oeiras desenvolveu uma estratégia de captação de empresas de base tecnológica, há cerca de 30 anos, que temos vindo a pôr em prática com sucesso. Estão aqui sediadas cerca de 30% das empresas de base tecnológica e científica do País, gerando mais de 26 mil milhões de euros de volume de negócios anual, o segundo contributo para o PIB nacional depois da capital do país. Este facto é o resultado de uma estratégia de planeamento e gestão do território a longo prazo. Somos ambiciosos, trabalhámos muito e conseguimos, ao longo dos anos, tornar este território atrativo para o investimento. Daí os índices que hoje nos elevam como um dos melhores concelhos do país.

O Oeiras Valley é um projeto da Câmara Municipal de Oeiras que tem como missão criar um ecossistema único para a inovação e desenvolvimento do concelho. Quais as medidas já desenvolvidas com vista a tornar Oeiras o maior viveiro de inovação, criatividade e tecnologia em Portugal?

Cientes da nossa história recente e do nível que conseguimos atingir, entrámos em 2017 num Novo Ciclo de Desenvolvimento, com o objetivo de qualificar todo o território de Oeiras e dotá-lo das condições que o tornam altamente atrativo para receber investimento, empresas, centros de ciência e de ensino superior. E daqui se deu origem ao Oeiras Valley. Um território que quer atrair e reter talento para alimentar o ecossistema de criatividade, criação de riqueza e valor de base científica e tecnológica. Um território em que os que têm esse talento, os que aqui vivem e trabalham têm extraordinárias respostas, quer na Educação, Saúde, Sustentabilidade ambiental, do espaço público cuidado e de excelência, do acesso à Habitação, à Cultura, ao lazer e ao Desporto… ou seja, tudo aquilo em que possamos pensar para uma vida harmoniosa.

O Oeiras Valley pretende atrair mais e novas empresas e investimentos para o território, promover as empresas já instaladas, inovar e projetar Oeiras no radar internacional da Inovação e da Ciência. De que forma este projeto tem vindo a cativar a instalação de empresas de base tecnológica, farmacêutica e investigação, estimulando a criação de empregos com alto valor acrescentado?

O dinamismo de Oeiras é imparável. Só nos últimos 4 anos o número de grandes empresas que escolheram Oeiras para sediar-se aumentou mais de 20%, passando de 97 em 2017 para 118 em 2021. Mas aumentaram também as pequenas e médias empresas. Nestes anos, melhorámos o nosso desempenho em praticamente todos os indicadores económicos. Criámos uma agenda territorial para a Ciência e Inovação que está a gerar
novas dinâmicas de colaboração entre as instituições de Ciência e Ensino Superior. Gizámos planos de ação para acelerar o desenvolvimento de Oeiras em áreas de grande crescimento potencial, como a aeronáutica, espaço e defesa, a economia azul, com atenção particular a áreas decisivas como a biotecnologia, a nanotecnologia, as novas energias, os novos medicamentos biológicos na indústria farmacêutica, a biomédica, etc.
Queremos gerar novas dinâmicas e atrair mais organizações e pessoas altamente qualificadas.

O Oeiras Valley ambiciona chegar mais alto e mais longe. Para isso, um dos eixos da sua estratégia de desenvolvimento passa pela internacionalização da marca Oeiras Valley. Como tem corrido esta aposta?

Temos realizado recorrentemente ações internacionais para promover Oeiras Valley em mercados que para nós são prioritários, tendo em conta o nosso perfil empresarial de base científica e tecnológica. É um trabalho que agora vamos intensificar em parceria com a recém-criada Oeiras Valley Investment Agency (OVIA). Esta agência de investimento, com forte participação de empresas de referência de Oeiras, está precisamente vocacionada, tanto para atrair investimento e novas organizações para o território, como para apoiar as empresas que já cá estão, nas suas dinâmicas de internacionalização. A nossa participação institucional em grandes feiras internacionais, em parceria com a OVIA, vai também crescer nos próximos tempos. Queremos estar mais visíveis nos grandes espaços internacionais que consideramos relevantes. Já iniciámos esse caminho.

O Oeiras Valley pretende continuar a apostar na criação de condições e incentivos para colocar Oeiras no mapa empresarial internacional e reforçar a sua posição como município exportador. Quais os principais projetos desenvolvidos com vista a posicionar o concelho de Oeiras como um dos principais motores do desenvolvimento económico, social e humano da Área Metropolitana de Lisboa e do país?

Aquilo que temos a oferecer é qualidade: qualidade do meio ambiente e do território, um concelho moderno e vibrante para que as empresas, principalmente as multinacionais ligadas à tecnologia, para que tenham todos os serviços e infraestruturas de que precisam. Já temos o Lagoas Park, a Quinta da Fonte, o Arquiparque, o Parque Suécia e o Taguspark – Cidade do conhecimento, que é o maior parque de ciência e tecnologia de Portugal e que nos próximos anos vai assistir a um crescimento notável. Mas este crescimento, juntamente com outros novos parques que vão surgir, corresponde a uma nova geração de espaços que aliam o viver e o trabalhar num conceito contemporâneo de dinamismo urbano. Assumem particular importância a Mobilidade e os Transportes. Estamos agora a terminar o nosso Plano de Mobilidade Urbana Sustentável. Já estão a começar e vão intensificar-se nos próximos anos enormes transformações nesta matéria. Estamos a planear uma Oeiras verde e azul, onde será fácil e rápido chegar a ou sair de qualquer ponto do concelho, o que trará ainda maior valor à
qualidade de vida que Oeiras já oferece.

O que ainda podemos esperar para o futuro? Quais os projetos/iniciativas em cima da mesa?

Decididamente podemos contar com mais proximidade a apoio às empresas. A nova Oeiras Valley Investment Agency será importante no apoio às dinâmicas de internacionalização das nossas empresas. Os vários pontos de informação de apoio são e continuarão a ser importantes para superar a burocracia e apoiar as empresas no seu processo de instalação. O concelho conta já com três Pontos de Apoio ao Empreendedor e Investidor, um dos quais está localizado junto à sede da Câmara, na Rua Marquês de Pombal, nº 38. Tem outro nas instalações da ACECOA (Associação Comercial e Empresarial das Freguesias de Oeiras e Amadora (Rua Parque Anjos, Algés), e uma terceira nas instalações da AERLIS – Associação Empresarial da Região de Lisboa na Rua Coro de Santo Amaro de Oeiras. A ideia de ter esses postos surgiu da necessidade de ajudar pequenas e médias empresas (PMEs) e comerciantes em dificuldade, o que muitas vezes tem a ver com questões burocráticas. Temos que estar preparados para dar condições para que os empreendedores invistam. É importante que o investimento crie riqueza, tanto a nível municipal como nacional. Queremos que os pequenos negócios continuem a prosperar e a crescer em Oeiras e tenham futuro e vamos dar apoio, não só em situações de emergência, mas também apoiando na candidatura a fundos comunitários.