A sociedade está a assistir ao despertar de uma realidade ambiental adversa para o seu modo de vida e para a segurança de pessoas e bens, enquanto se reduzem substancialmente as vozes de negação das alterações climáticas. Ao contrário do que seria expectável há uma década atrás, são escassas as vozes dissonantes que se ouvem perante as metas restritivas preconizadas pelo Plano Nacional Energia e Clima (PNEC). A estratégia prevê um corte substancial nas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) até ao final da década, o que implica investimentos avultados, em setores como transportes, residencial e agricultura. Na última década, o Financiamento Especializado tem vindo a reforçar o seu papel neste investimento “verde”, sendo hoje um aliado das autoridades na implementação dos critérios ESG.
Não mais tarde do que 2030, Portugal terá de reduzir as emissões de GEE entre 45% e 55%, comparativamente com 2005. O objetivo para 2050 implica a redução das emissões em 90%, face ao mesmo horizonte temporal de 2005, só assim se conseguindo chegar à neutralidade carbónica. A necessidade de agir contra as mudanças climáticas tornou-se mais premente do que nunca, e as organizações estão cada vez mais conscientes do seu impacto ambiental. As discussões nas esferas de decisão do setor do financiamento especializado sobre o apoio exigido por esta transição têm convergido na rápida adaptação a princípios como a digitalização, articulação com os clientes para os alinhar com as metas “verdes”, aconselhamento em áreas como a eletrificação da mobilidade e o combate ao “greenwashing”, com dotações financeiras especialmente direcionadas a essa realidade.
Nos transportes, será necessário reduzir as emissões de CO2 em 40%, tornando este elemento no mais pressionado, apenas abaixo dos serviços, que o PNEC indica que terão de baixar emissões em 70%. Se para os serviços há financiamento disponível sobretudo através do Leasing, a mobilidade chama o Leasing Mobiliário e o Renting. O primeiro tem ajudado a renovar o parque automóvel e agrícola. O segundo, com serviços de aconselhamento aos clientes, reforça a capacidade das empresas de, sem investimentos iniciais avultados e com total previsibilidade, colocarem ao serviço nas suas frotas, veículos com manutenção adequada para manterem níveis baixos de poluição e modelos eletrificados. O Renting tem-se apresentado como um dos principais impulsionadores da mobilidade elétrica, com emissões zero, através do aconselhamento aos seus clientes dos modelos eletrificados.
No setor residencial, o Leasing Imobiliário contribui para a aquisição de edifícios cada vez mais “verdes”, num modelo de financiamento que tenderá a privilegiar edifícios com construção certificada e neutralidade carbónica, condição resultante de investimentos em fontes de energia 100% renovável, eficiência energética e reutilização de materiais, entre outras condições. No edificado existente, o combate às emissões de carbono passa, em boa medida, por investimento em energias renováveis, designadamente com financiamento de painéis solares, bombas de calor e sistemas de aproveitamento de água, seja no setor habitacional, seja na hotelaria e indústria, áreas de efetivo apoio do Leasing.
A transição verde também nos remete de imediato para a agricultura, economia basilar da existência humana. Também aí o financiamento especializado manifesta a sua aliança com a sustentabilidade. Para efetivar o investimento necessário para travar em 11% a pegada carbónica (meta até 2030 inscrita no PNEC), o “Leasing verde” já está no terreno. Para o reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo, como preconizado no Plano Nacional de Energia e Clima, o Leasing financia investimentos em equipamentos agrícolas – tratores, ceifeiras, pulverizadores e semeadores, por exemplo – armazéns e agricultura de precisão.
Com cerca de 3 mil milhões de euros de apoio anual à economia portuguesa através de Leasing e Renting, a que acrescem mais de 42 mil milhões de euros de créditos tomados em Factoring, apoiando diariamente a tesouraria das empresas, os associados da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting estão comprometidos com a mudança estrutural necessária na nossa economia.
Luís Augusto, Presidente da ALF