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O empoderamento das mulheres na sociedade, tem sido um tema quase sempre inquinado por um chorrilho de lugares-comuns, que no final só empobrece o debate público e não permite que o assunto seja tratado com a profundidade e seriedade que se deveria exigir.

É verdade que as mulheres têm vindo sucessivamente a conquistar, por esforço e mérito próprios, funções e cargos, que por tradição e, não raras vezes, por preconceito, eram exclusivamente atribuídos aos homens.

Não estou certa de que as mulheres e os homens, para além da diversidade biológica que a Natureza impôs, se distingam ao nível das competências e performances profissionais, em virtude do seu género.

Acredito, com sólida convicção, que as mulheres poderão robustecer a afirmação do seu papel na sociedade, nomeadamente, enquanto líderes, sempre que o seu trabalho e liderança forem submetidos a um escrutínio multidimensional, que possa ser objeto de comparabilidade com os seus pares homens. Um exercício que seria interessante realizar, por exemplo, entre autarcas, mas também no mundo empresarial e na função pública.

Considerações mais ou menos generalistas, ideias instaladas, mas sem aderência à realidade, ou conceitos paterna Maria José Rouxinol listas sobre a capacitação das mulheres, proferidos numa lógica de quase secundarização, como se alguém estivesse a conceder-lhes por suposta generosidade, o benefício de aceder a algo que afinal é um direito seu, já foi, como o povo tão bem diz, “chão que deu uvas”.

Hoje, em pleno século XXI, o que é preciso é avaliar com objetividade e de forma cabalmente mensurável, o desempenho efetivo das mulheres em todas as áreas em que assumem liderança. Não para afirmar a sua supremacia sobre os homens ou para comparar desempenhos na sociedade, mas essencialmente para provar que a igualdade de género se constrói também por via desse escrutínio rigoroso e transparente.

Creio que o efeito da imposição legal das quotas, no seio das organizações humanas foi, e continua a ser, extremamente útil, principalmente, porque tem permitido que as mulheres acedam a funções e cargos, que antes dificilmente conseguiam ocupar.

 O passo de gigante que melhor alavancou o empoderamento das mulheres foi, sem sombra de dúvida, o acesso à educação formal e, sobretudo, ao ensino superior, o que facilitou o desenvolvimento de competências científicas, técnicas e profissionais que lhes permitiram afirmar-se no trabalho e assumir lideranças baseadas nas suas soft skills inspirando pelo exemplo.

Advogo que em pleno século XXI, a melhor forma de se alcançar a plena igualdade de género e torná-la num desígnio coletivo, na sociedade em geral e no mundo do trabalho em particular, é adotar um quadro de valores e boas práticas nas organizações, em que mulheres e homens sejam avaliados por um sistema em que seja possível uma efetiva comparabilidade, que contribua para uma ampla compreensão social de que vedar ou dificultar o acesso das mulheres a funções ou cargos tradicionalmente ocupados por homens, é uma ideia racionalmente desprovida de sentido.

Por: Maria José Rouxinol