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Santarém vai receber, uma vez mais, o Festival Nacional de Gastronomia. Nesta 41ª edição os visitantes vão poder provar uma série de pratos típicos portugueses, de Norte a Sul do país, não esquecendo as Ilhas. Para além da Gastronomia, haverá uma grande diversidade de oferta cultural, com espetáculos musicais e grupos etnográficos. Em entrevista à Mais Magazine, o Vice-Presidente da Câmara Municipal, João Teixeira Leite, falou sobre as expectativas para este ano.

Em primeiro lugar, pedia-lhe para nos contar um pouco da história do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.

A origem do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém remonta a 1981, ano em que um grupo diversificado de agentes culturais promoveu, com o apoio do Município de Santarém, o primeiro Festival Nacional de Gastronomia de Santarém, o qual procurou promover a gastronomia tradicional e regional portuguesa, e fomentar a oferta turística qualificada no interior do país. A Santarém acorreram alguns dos melhores restaurantes e tasquinhas de várias regiões, que apresentaram nos menus as suas especialidades tradicionais regionais, muitas vezes selecionadas em concursos e iniciativas locais e regionais. Desde então, e devido ao seu sucesso, o evento foi replicado, originando diferentes festivais, garantindo ao certame o epíteto de “Pai dos Festivais Gastronómicos”, tornando-se o evento gastronómico de maior representatividade nacional, procurando associar a defesa da tradição aos desafios da modernidade e da inovação.

No festival, não só teremos comida regional de Santarém, como também de outras regiões de Portugal, correto?

Este ano investimos a nossa energia em reunir o Portugal Gastronómico num só local, Santarém. Teremos representado o país de Norte a Sul e Ilhas, integrando diferentes componentes: da gastronomia e restauração aos produtos regionais, à doçaria e à etnografia. O desafio de ter Portugal, e a sua diversidade, presentes neste evento é enorme pelo que procurámos ter uma boa representatividade do que é o país na sua rica e vasta gastronomia.


Para além da comida, o que é que o festival tem mais para oferecer aos seus visitantes?

A 41ª edição do Festival Nacional de Gastronomia pauta-se por uma grande diversidade em termos de oferta, seja de gastronomia, de cultura e identidade, como é o caso dos artesãos e dos grupos etnográficos, e a música mais moderna, com a presença de DJ’s e algumas bandas. Este é um Festival para todas as idades, e queremos que os visitantes se sintam em casa, já que é feito a pensar em todos e para todos. Além das cozinhas regionais, todas as regiões vitivinícolas do país estarão representadas, e os visitantes poderão fazer prova em copo ou mesmo adquirir garrafa. Haverá um espaço dedicado a harmonizações com vinhos e produtos emblemáticos de cada região com a curadoria de Rodolfo Tristão. Este ano há também uma aposta forte nas bebidas espirituosas, com grande destaque para os destilados portugueses. E porque a inovação é algo que caracteriza esta nova fase no Festival, os visitantes podem assistir a workshops de mixologia, com a curadoria de Wilson Pires, e diversas masterclasses com chefes nacionais. Neste evento a participação ativa do público é algo que queremos fomentar, para que as pessoas possam fazer parte da festa de uma forma mais abrangente.

Para isso temos também uma área de talks para debate de temáticas importantes ligadas à gastronomia e para ativação de marcas do setor. Em termos de animação no exterior, além uma área de Street Food, que atrai sempre alguns curiosos mais tradicionais a experimentar novas propostas, temos toda uma programação musical que irá animar o Festival. Vários sãos os géneros que vão estar representados, desde os já referidos DJs, mas também concertos e apresentação de ranchos e cantares tradicionais. No seu todo, o Festival Nacional de Gastronomia convida a uma visita a Santarém, que permite conhecer a cultura e monumentos que caracterizam a cidade, mas também um pouco das várias regiões que aqui se reúnem para esta grande festa da gastronomia nacional.

Que novidades podemos esperar na edição deste ano, em relação às edições anteriores?

Destacamos a área de petiscos onde os visitantes podem provar petiscos de 24 Chefs representativos das diversas regiões, ao longo de todo o festival. Aqui pretendemos recuperar o ambiente das tasquinhas de petiscos, algo que a maioria dos portugueses tanto aprecia, e que durante muitos anos fez parte da identidade do Festival. Ao mesmo tempo que se recupera a tradição, provam-se os produtos mais emblemáticos e representativos das regiões de Portugal. Outro destaque vai para os cinco jantares exclusivos com Chefs de restaurantes com estrela Michelin ou Bib Gourmand que irão realizar-se durante o festival, onde os chefs foram desafiados a criar um menu com inspiração nas suas regiões de origem, com pairing de vinhos e produtores da mesma região. Haverá, também, uma zona infantil com baby-sitters disponíveis e dedicado aos mais novos, o que permite desfrutar do evento em família. Novidade, também este ano, é o concurso de decoração de abóboras, para escolas do município, alusivo ao Dia das Bruxas, tendo como objetivo o combate ao desperdício alimentar e a alimentação saudável, uma vez que a sustentabilidade é um tema presente e transversal em todo o Festival.

Em relação ao programa deste ano, quais são os pontos altos?

O Festival está num ponto de viragem e assume-se como um evento para todos os públicos, democrático e transversal a todas as idades. A área de petiscos, como já referido anteriormente, é um dos pontos chave do Festival, uma vez que confere ao evento um crescente da oferta gastronómica, aliando a qualidade à tradição. Será uma zona de mesas altas, sem assentos, a relembrar as tasquinhas de antigamente, com utensílios descartáveis e a possibilidade de juntar vinho a copo. Nesta edição destacamos, de forma geral, o espaço dedicado à hotelaria, a restauração (com a presença de Chefs), a garrafeira, os workshops de mixologia, as masterclasses com chefs nacionais, os fóruns e debates, um espaço dedicado a harmonizações com vinhos e produtos emblemáticos de cada região, a animação musical, o artesanato, a padaria. Todos estes momentos altos que vão caracterizar e distinguir o Festival Nacional de Gastronomia de forma única. A doçaria portuguesa irá ter uma presença forte assim como os Produtos Regionais, não esquecendo os artesãos que, ao vivo farão, juntamente com cerca de 35 representantes Etnográficos (Ranchos, Cantares entre Outros) com que o nosso Festival seja, mais uma vez, o melhor e maior Festival de Gastronomia em Portugal. A Padaria será outro ponto de destaque do nosso festival, onde será feito todo o pão regional do evento. Dar a provar “Portugal”, numa mesma iniciativa, é a base desta nova abordagem que pretende chegar a todos os públicos.


Qual a importância que este tipo de eventos tem para a promoção da região de Santarém?

Santarém, é a Capital da Gastronomia, e como tal queremos ser palco da oferta e diversidade gastronómica que caracteriza Portugal, promovendo não apenas a nossa região como as restantes do país. Este, como outros eventos que temos vindo a realizar, são uma forte aposta para impulsionar o turismo e a restauração do concelho. E uma forma de juntar “à mesa” o que de melhor Portugal tem em termos de gastronomia.

Relativamente ao número de visitantes, o que é que a Câmara de Santarém prevê?

Pretendemos em 2022, no mínimo, duplicar o número de visitantes faça a edições anteriores, tendo em conta as iniciativas previstas e o facto de ser um evento com oferta para todos os públicos.

O Festival já recebeu vários prémios que o prestigiam bastante. Qual é o sentimento ao obter este reconhecimento?

O Festival Nacional de Gastronomia já recebeu alguns prémios, entre os quais gostaria de destacar o facto de ter sido eleito o evento do ano pela AHRESP que, por um lado é reflexo de todo o trabalho desenvolvido durante estes 40 anos e, por outro, nos deu o mote para continuar a renovar o festival, celebrando a gastronomia regional e nacional e pondo à prova os melhores sabores de diversas regiões do país.

A gastronomia portuguesa é uma das mais procuradas em todo o mundo. Assim sendo, o Festival costuma receber muitos estrangeiros que procuram conhecer um pouco mais da gastronomia portuguesa?

O Festival Nacional de Gastronomia tem como génese a gastronomia nacional e apresenta-se como uma mostra da oferta e qualidade gastronómica pela qual o nosso país é reconhecido. Temos notado, ao longo dos anos, que cada vez mais o nosso evento é visitado por turistas e experts, que valorizam e apreciam a gastronomia portuguesa.


O evento é um ótimo pretexto para visitar Santarém. Para quem procurar viver uma experiência mais completa, que roteiro aconselharia a fazer?

Sem dúvida, o desafio é Provar Portugal num só evento e descobrir a beleza e o encanto da Capital do Ribatejo. Somos um destino turístico de experiências autênticas, com uma oferta diversificada para todos os gostos e ao longo de todo o ano. Falamos do riquíssimo património histórico, cultural, literário, gastronómico, de natureza e ainda, da cada vez mais intensa, oferta cultural do concelho de Santarém. Aconselho uma visita à Pastelaria Bijou para degustar alguns dos mais emblemáticos doces tradicionais da nossa cidade, um celeste de Santa Clara, um arrepiado de Almoster ou um pampilho. Estando já na principal praça do centro histórico de Santarém, Praça Marquês de Sá da bandeira, de seguida aconselharia a visita à Sé do século XVII e ao Museu Diocesano que alberga uma das coleções mais ecléticas da arte religiosa em Portugal e depois ao Jardim Miradouro das Portas do Sol que tem sido apelidado diversas vezes como a Sala de Visitas da nossa Cidade e cuja vista se perde na paisagem marcada pelo Rio Tejo e pela Lezíria Ribatejana, num percurso marcado pela beleza de um Centro Histórico de enorme riqueza patrimonial e enorme beleza. Incontornável é também a visita à Igreja da Graça, onde descansam os restos mortais do grande Pedro Álvares Cabral e à fantástica capela dourada, uma obra-prima setecentista. A visita ao Santuário do Santíssimo Milagre é paragem obrigatória. São dezenas de Igrejas e monumentos que surgem ao longo deste percurso que merecem a nossa visita. Numa estadia mais prolongada a visita merece ser feita também a outros pontos do Concelho, como ao Mouchão de Pernes, ao Convento de Almoster ou ao Castelo de Alcanede. Passar por diversas quintas e desfrutar da componente equestre e dos nossos vinhos e bons azeites. A visita a Santarém só poderia terminar num dos inúmeros restaurantes da nova cena gastronómica escalabitana que estão hoje na vanguarda do melhor que se faz em termos de qualidade e originalidade no nosso país e nos torno na Capital da Gastronomia.

Para terminar, que convite gostaria de deixar aos nossos leitores para que visitem o Festival Nacional de Gastronomia em Santarém?

O Festival Nacional de Gastronomia é uma importante iniciativa que tem como finalidade enaltecer o património gastronómico do país, que o nosso Concelho tem impulsionado, bem como o turismo e a restauração da região. Temos estado a trabalhar para um festival renovado e multifacetado, com o objetivo de elevar a qualidade do mesmo sem nunca perder a ligação com a tradição. Pretendemos juntar, num só festival, o que de melhor Portugal tem, sendo a gastronomia o ex-libris do evento, com um programa diversificado desde a restauração, showcookings, masterclasses, artesanato, fóruns e debates, stands de expositores e animação musical. Santarém, anfitriã da gastronomia portuguesa. É este o nosso “claim”. E nada melhor do que todos juntos fazermos deste festival o maior relevo no panorama gastronómico nacional.