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A Ferrovia em Portugal vive hoje tempos únicos: de oportunidade, vigor empresarial e esperança, de finalmente se assumir a relevância deste meio de transporte estruturante, limpo e de massas.

Finalmente, abriu-se no horizonte político nacional, a necessidade de se con-cretizarem os investimentos estruturantes, tantas décadas adiado e por tantos reclamado. Tenhamos todos a consciência que esta “janela de oportunidade” de que hoje como país dispomos, de uma conjuntura de “astros alinhados” entre as diretrizes europeias do cumprimento do Green Deal, que obriga a que até 2050, 50% do trânsito de pessoas e bens terá de ser efetuada por via marítimo-ferroviária, a que Portugal também aderiu e se comprometeu, com um importantíssimo pormenor: a existência de fundos de investimento, nacionais e europeus, disponíveis para os executar!

E mais se consolidaram estes “astros alinhados” para Portugal, com uma conjuntura favorável de retorno para a Europa na era pós-covid, duma indústria que se tinha mudado para o Oriente, a que se juntou uma guerra impensável no Leste da Europa, desincentivadora de investimentos para aquelas latitudes. Portugal, dotado de uma privilegiada localização geoestratégica na Europa para as oportunidades de internacionalização para o outro lado do Atlântico e Africa, de competências de engenharia e áreas afins, atrativo em termos de clima, segurança e bem receber, é, pois, um relevante e atrativo local para a instalação permanente de unidades fabris dos grandes construtores mundiais de material circulante, respondendo a uma crescente procura no mercado mundial ferroviário, para atender aos crescentes critérios de mobilidade sustentável. O que trará por consequência, uma tremenda alavancagem da indústria nacional, nas suas mais diversas competências e mercados, que vivem hoje momentos difíceis, como por exemplo o setor automóvel.

Por outro lado, este foi um setor que se começou a organizar em 2015, com a constituição formal da PFP Plataforma Ferroviária Portuguesa, associação sem fins lucrativos, que desde 2017 tem o reconhecimento dado pelo IAPMEI de Cluster da Ferrovia, agregador da longa cadeia de valor da ferrovia, constituída por grandes empresas (públicas e privadas), pequenas e médias empresas (PME), universidades e entidades não empresariais do SI&I e outras associações empresariais, sendo hoje uma força motriz na dinamização e valorização do setor em Portugal, organizando o maior evento anual da ferrovia nacional: o Portugal Railway Summit.

A Ferrovia é um setor, que pelas suas características e condicionantes, é de fundo e de longo prazo, de execução e duração: desde a decisão de executar uma nova linha, até á sua efetiva utilização, demora pelo menos 7 anos… a compra de um comboio, depois de concretizada a encomenda, demora 5 anos a sua entrega!

Não temos, pois, tempo a perder:

Nem um minuto, nem uma obra, nem um comboio!

Paulo Duarte, Diretor Executivo da PFP