Em funcionamento desde 1973, o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) sempre mostrou a sua preocupação com o território e a história que o rodeia, onde se destaca o Convento de Cristo, Património Cultural Material da UNESCO desde 1986, e a Festa dos Tabuleiros, candidata a Património Cultural Imaterial da UNESCO. Ciente da importância de toda a riqueza patrimonial que o rodeia, o IPT sedia a Cátedra de Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território, dirigida por Luiz Oosterbeek, e que se foca nas questões UNESCO.
A cidade de Tomar ambiciona receber nova distinção por parte da UNESCO, agora relativamente à Festa dos Tabuleiros. Esta atribuição ajudará a que Tomar se assuma como uma das cidades portuguesas que contém maior riqueza patrimonial. Ciente disso, o IPT não pretende ser um estabelecimento de ensino desligado do território onde se insere e com um projeto educativo que não tenha em conta a história de Tomar, mas sim um politécnico que esteja conectado com a cidade e um agente promotor do património que aqui se pode encontrar. A preocupação e o valor que esta instituição dá à história e à cultura de Tomar remonta já aos finais dos anos 80, quando o primeiro presidente do IPT propôs a criação de cursos de arte e de arqueologia que, entre outros aspetos, focassem nas questões UNESCO. Se atualmente a existência destes cursos é algo banal a nível do ensino superior, na época, foi uma decisão surpreendente mas que fazia sentido face à importância cultural e histórica de Tomar.
Função da Cátedra de Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território
O IPT é assim um bom exemplo de uma instituição que insere nas suas linhas orientadoras a conexão com o património cultural da sua cidade. A sua vertente UNESCO e interesse patrimonial proporcionaram a criação da Cátedra de Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território, coordenada pelo professor Luiz Oosterbeek, e que se assume como um importante centro de dinamização de projetos que envolvam o património cultural das cidades e, sobretudo, que estejam relacionados com o desenvolvimento integrado do território. Com vários projetos realizados em Portugal, mas também no estrangeiro, o coordenador desta cátedra assume que um dos aspetos mais importantes na classificação da UNES[1]CO é a relação que existe entre o património, o território onde se insere e a importância que a população tem na gestão desse artefacto histórico, sendo a grande missão da cátedra trabalhar sobre estes aspetos. “É importante não isolar a cultura do resto, não coloca a cultura numa bolha decorativa do resto, mas, pelo contrário, procurar que através do conhecimento aprofundado das tradições culturais de cada lugar, se faça um desenho da gestão territorial que deve ser feito”, assume Luiz Oosterbeek.
Se no século XX a UNESCO procurava premiar uma série de monumentos que eram reconhecidos pelo seu valor histórico e cultural, nas últimas décadas o foco da instituição direcionou-se para a natureza paisagística e para o saber fazer tradicional. É precisamente por tocar nestes dois pontos que, segundo Luiz Oosterbeek, a Festa dos Tabuleiros tem um valor muito relevante, o que pode significar o reconhecimento pela UNESCO. O professor do IPT considera que desde a “participação popular nas ruas enfeitadas e no desfile dos tabuleiros” até aos “saberes técnicos de fabricação de todos os processos que são mantidos durante todos estes anos”, está o verdadeiro valor deste evento.
Luiz Oosterbeek destaca ainda que o facto de Tomar poder ser uma cidade com duas distinções UNESCO significa, mais do que o próprio turismo, um assumir de grandes responsabilidades em manter o seu património e o cenário paisagístico que o envolve. “A classificação da UNESCO é sim um assumir de responsabilidades por parte de quem propõe, no sentido de proteger e preservar, seja a materialidade, seja os saberes tradicionais associados a essa mesma materialidade”.