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A incerteza em que vivemos aliada às consequências da pandemia e da revolução no nosso contexto de trabalho põe em causa, muitas vezes, a nossa aptidão psicológica para lidarmos de forma competente com o mundo à nossa volta e para nos aceitarmos como somos. Na realidade atual, em constante mudança, é fundamental sermos conscientes de nós próprios, do nosso potencial e das nossas limitações. Só assim conseguimos manter a autoestima e atuar com resiliência, quando necessário, face às diversas situações que se nos apresentam.

O que se nota desde a pandemia é alguma intolerância em termos sociais, a irascibilidade no trânsito, as tricas no escritório, os emails impulsivos ganham relevância, como se o isolamento/confinamento social nos tivesse dessincronizado uns dos outros, influenciando a nossa capacidade de empatia.

A pandemia foi para muitos um período de autorreflexão que conduziu, nomeadamente, a alterações radicais de projetos profissionais. De repente, passou a fazer todo o sentido sermos donos do nosso tempo, conciliarmos os horários dos nossos miúdos com os nossos compromissos profissionais tornou-se essencial, em muitos casos, para o nosso equilíbrio. Assim, a nossa jornada de trabalho passou a ser intercalada com os outros papéis da nossa vida. Esta realidade, todavia, não é de fácil gestão, provocando nesta constante mudança de papéis ao longo do dia, algum stress e ansiedade que se traduzem, por vezes, numa maior irritabilidade e sentimentos de exaustão.

As empresas têm um papel determinante nesta evolução e assumem a responsabilidade pelo equilíbrio pessoal e profissional dos seus colaboradores, incentivando ao seu bem-estar até porque, atualmente, faz cada vez mais sentido falar em carreiras à medida. Não há percursos definidos, há projetos e competências que se procuram e se pretendem desenvolver e que nos ajudam a estar numa ótica de aprendizagem constante para fazer face a um mundo, em permanente mudança.

Para podermos manter uma mente aguçada e apta no meio deste turbilhão é extremamente importante sermos capazes de gerir as nossas emoções, em todo o seu contínuo de intensidade.

Numa época, em que a nossa capacidade de adquirir conhecimento e de aprender aporta mais sustentabilidade e futuro que o conhecimento já adquirido, o feedforward é mais eficaz que o feedback no nosso desenvolvimento e o riso é a arma de que não podemos abdicar. Porque no meio da tentativa e erro, com que vamos construindo o futuro, a capacidade de rirmos de nós próprios e das circunstâncias propicia um natural relaxamento mental que diminui as nossas inibições, aumenta o nosso sentido de pertença, reduz o stress e fortalece relações, ajudando a restabelecer os laços sociais, o que influencia positivamente a nossa saúde mental.

Estamos mais do que nunca a viver “O primeiro dia do resto das nossas vidas”, como diria o Sérgio Godinho, então que o façamos com “um brilhozinho nos olhos” (do mesmo cantor) e um ataque de riso prestes a brotar!