: Mais Magazine:: Comentários: 0

Na primeira semana de julho, Braga vai ser a capital das Cidades Criativas da UNESCO. A XVI Conferência Anual da Rede completa 20 anos. O Fórum Braga será o local onde decorrem a maioria dostrabalhos oficiais das diferentes delegações. Estão confirmadas as presenças, entre outras personalidades, Ernesto Ottone R., diretor geral para a Cultura da UNESCO, Denise Bax, secretária da Rede das Cidades Criativas, Andre Sobczak, secretário geral das Eurocidades, Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, Joana Miranda, coordenadora executiva da Braga Media Arts.

O primeiro dia, 1 de julho, ficará reservado ao registo dos delegados, coordenação dos grupos e na integração nas sessões das cidades criativas designadas em 2023 e dos coordenadores das sub-redes. A parte da tarde, os delegados são convidados a participar na inauguração do programa cultural Be Creative Ágora, no centro de Braga.

Além dos painéis temáticos (2 de julho, à tarde) no grande auditório do Fórum Braga, com discussão de temas centrais como a “transição justa para a IA de artistas e profissionais da cultura”; a “cooperação internacional para superar desafios e induzir cultura”; e “capacitar os cidadãos do futuro através da cultura e das artes da educação”, destacam-se, da parte da manhã, as sessões ao mais alto nível, moderadas por Joana Fernandes, diretora executiva do Theatro Circo de Braga. Neste segmento especial da Conferência será apresentado para aprovação o “Manifesto de Braga das Cidades Criativas da UNESCO: Um Objetivo Cultural para o Desenvolvimento Sustentável”, que se baseia nas prioridades delineadas na Declaração MONDIACULT 2022 e defende a cultura como um objetivo autónomo na agenda internacional de desenvolvimento pós-2030. Estas sessões específicas serão copresididas por Ernesto Ottone R., diretor-geral adjunto para a Cultura da UNESCO, e Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga.

No terceiro dia, entre as 09h30 e as 16h30, os trabalhos decorrem no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia com o Fórum de Autarcas, uma plataforma de encontro entre os presidentes e vice presidentes de câmara das cidades criativas mundiais para demonstrarem o seu empenho na cultura, na criatividade e em políticas com o intuito de “traçar um rumo para a construção de uma ação com base na Declaração MONDIACULT 2022”. Entre as 14h30 e as 16h30, no grande auditório do Fórum Braga será dada a voz à juventude. Moderado por Blair Stevenson, professor e team leader da Oulu University of Applied Sciences, a discussão passará por abordar as estratégias que devem ser implementadas para garantir que as vozes dos jovens sejam ouvidas e tidas em conta. Durante a sessão, um ilustrador irá captar a essência destas sessões numa obra que, posteriormente, será dada a conhecer aos delegados.

No quarto dia da Conferência, sob o mote Connect-Together, haverá espaço para um verdadeiro intercâmbio cultural com as centenas de delegações mundiais a dividirem-se em visitas às três cidades criativas do norte do país: Amarante (Espaços públicos inclusivos e verdes: bem-estar dos indivíduos e das comunidades), Barcelos (Ativos de sustentabilidade: dos recursos aos investimentos) e Santa Maria da Feira (Inovação e tecnologias de nova geração: das ferramentas de atualização de competências às plataformas de colaboração).

Expectativas ao mais alto nível

Este grande evento será fundamental para moldar não só o futuro da Rede, mas também para reforçar o papel transformador da cultura e da criatividade no desenvolvimento urbano sustentável. “Acreditamos que esta será, sem dúvida, uma das conferências da Rede da UNESCO mais representativas – conta com 350 delegações de mais de 100 países a discutirem o futuro e as linhas mestras do papel primordial da Juventude nos próximos e acontece sob lema – “Bringing youth to the table for the next decade”, conclui Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga.

A juventude estará no centro da discussão nesta Conferência até porque, de acordo com a UNESCO, “as indústrias culturais e criativas empregam mais jovens do que qualquer outro setor”, por esta razão, é “fundamental proporcionar melhores espaços públicos, cívicos e digitais conducentes à capacitação das vozes jovens, ao apoio dos seus direitos e à libertação da sua criatividade nos sectores culturais e criativos e não só”. O tema deste ano pretende assim inspirar os participantes a desenvolverem e a partilharem estratégias e políticas urbanas abrangentes que defendam uma maior representação e envolvimento de jovens artistas e profissionais de e na cultura.

Uma das grandes expectativas da Conferência será, além de reafirmar o norte do país como uma região criativa, a aprovação do Manifesto de Braga e assim avançar com as áreas prioritárias para a política cultural apresentadas pela Declaração MONDIACULT 2022, que apela à integração da cultura como um objetivo autónomo na agenda pós-2030 para o desenvolvimento sustentável, reafirmando o seu estatuto de “bem público global”.

Be Creative Ágora leva programa cultural a espaços públicos

As reuniões na Conferência Anual das Cidades Criativas da UNESCO não são públicas, mas fora da esfera de trabalhos foi idealizado um programa alargado de atividades culturais, com acesso totalmente livre à população. No dia 1 de julho, após a cerimónia de abertura e a partir das 15h30, todos os delegados mundiais serão convidados a juntar-se na baixa bracarense para a inauguração do Be Creative Ágora.

Um dos pontos altos será a performance deambulatória do coletivo de malabaristas da companhia RADAR 360º, denominada “Arrumadores de Pessoas” (percurso a iniciar no Campo da Vinha – Igreja da Misericórdia – Rua do Souto – Praça da República). Durante este trajeto serão mostradas para manuseamento do público diferentes áreas de artesanato, como cerâmica, marcenaria, joalharia, tecelagem, escultura, pintura, entre outras.

Em frente ao teatro municipal, no dia 1 de julho, a Avenida da Liberdade, acontecerá um momento especial – uma performance musical “Toque Eco Retoque” dirigida por Sara Yasmine (Sopa de Pedra), António Sérginho (Retimbrar) com instrumentos tradicionais das cidades criativas nacionais do cluster da Música – Idanha-a-Nova será representada pelo adufe e pela viola beiroa, Leiria pelas bilhas de barro e os cântaros de zinco e a cidade de Amarante com os bombos e as caixas.

Durante os dias da realização da Conferência, o Be Creative Ágora irá também animar alguns dos espaços públicos e culturais de Braga dos quais se destaca o Mercado municipal (com a exposição sobre materiais e processos na criação e peças de artesanato e visionamento de filmes das cidades criativas; Cianotipia gastronómica, uma oficina para famílias e jovens); a Casa Rolão (com a  mostra de objetos têxteis das cidades portuguesas “Entretecido”, laboratório e biblioteca de livros de design); jardim do Museu Nogueira da Silva  (Jardim de Babel, percurso instalativo criado pelo Pedro Augusto, e Uma carta à juventude: performance literária); em diferentes espaços da cidade de Braga irá passar ainda uma biblioteca itinerante para a infância; no Theatro Circo contará com uma exposição de projetos das Media Arts denominada “Beyond Borders: Interconnection & Sustainability” e no gnration terá a exposição “Green Together”, que resulta de uma parceria com a cidade de Viborg, Dinamarca, que desafiou crianças de duas turmas do 1º ciclo a participar a Desenhar com a Dinamarca, sobre o tema Green Together – Parcerias para um Futuro Sustentável.