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A Região Demarcada do Dão já conta com 114 anos de história e, nesse sentido, a Mais Magazine esteve à conversa com o Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR – Dão). Arlindo Cunha sublinhou que o futuro da produção de vinhos, sobretudo desta região, passa pela adoção de práticas mais inovadoras e sustentáveis.

A região do Dão está indubitavelmente associada à produção de vinhos, cuja qualidade é reconhecida a nível nacional e internacional. Segundo Arlindo Cunha, o presidente da CVR, esta singularidade prende-se com o facto de o Dão ter sabido, desde muito cedo, encontrar o equilíbrio entre as “tradições enraizadas na região” e as “oportunidades oferecidas pela evolução tecnológica e pelas mudanças nas preferências dos consumidores”. Algo que se comprova pelo facto de ter mantido a utilização de castas autóctones na produção dos seus vinhos, em contraponto com castas mais conhecidas nos mercados internacionais, preservando, assim, “a identidade e o caráter único dos vinhos do Dão”, explica.

Aliás, o Dão – ou o “berço da Touriga Nacional e do Encruzado” (como também é conhecido) – tem vindo a afirmar-se no mercado e a “gerar alguns dos melhores vinhos brancos portugueses”, fruto da sua “estrutura, elegância e longevidade”. Esta qualidade é, de igual modo, reconhecida além-fronteiras por Mark Squires, um dos mais notáveis críticos de vinho do mundo, que se refere à região do Dão como uma das que pode mudar a perceção dos apreciadores, seja pela “qualidade” com que define a ener-gia que aqui se vive, seja pelo “número crescente de produtores para admirar”. Qualidade que se deve também, como explica o presidente Arlindo Cunha, a ca-racterísticas como “solos graníticos, al-titudes elevadas e um clima continental moderado, que conferem aos vinhos uma mineralidade distintiva, acidez equili-brada e uma expressão única das castas cultivadas”. Já em termos de perfil, estes vinhos são descritos pelos enófilos como “elegantes e equilibrados, mas também singulares, com caráter, complexidade e um grande potencial de envelhecimento em garrafa”.

O papel desempenhado pela CVR – Dão

A CVR – Dão surge enquanto entidade que possui um papel fundamental no que concerne à regulamentação, proteção e promoção dos vinhos produzidos na Região do Dão. No entanto, o seu campo de atuação é muito mais vasto. Trata-se de uma associação que apoia, igualmente, a formação contínua dos produtores e enólogos da região, através da realização de vários workshops e seminários que incidem sobre temas transversais ao mercado. Paralelamente, está envolvida em iniciativas de investigação e desenvolvimento sobre a vinha e o vinho através da Colab Dão, uma parceria realizada juntamente com o Instituto Politécnico de Viseu, o Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão – DRAP Centro e a ADVID.

O enoturismo tem sido também uma das grandes apostas da CVR e é nesse sentido que, no Solar do Vinho do Dão, em Viseu, se encontra o “Welcome Center”, um espaço onde, para além de provas de vinhos, o turista pode identificar e marcar a sua visita às 48 unidades de enoturismo que compõem a Rota dos Vinhos do Dão.

Posto isto, para dar continuidade ao trabalho que tem vindo a fazer, a CVR já definiu algumas das metas que espera cumprir a médio prazo. Assim, são pilares para o presente e para o futuro: a preservação da identidade dos vinhos do Dão e das tradições da região; a adoção de práticas mais inovadoras e sustentáveis; a continuidade do projeto Colab e a colaboração com instituições de pesquisa e centros de inovação; a valorização das castas autóctones; o desenvolvimento do enoturismo; e a afirmação dos vinhos do Dão no panorama nacional e internacional. Por tudo isto, o presidente Arlindo Cunha não pode estar mais otimista quanto ao futuro desta entidade: “com a visão do presente, constatando o trabalho realizado pelos nossos Produtores e objetivos definidos, o futuro desta histórica Região parece-nos extraordinário.