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Sou médico interno de formação geral no Centro Hospitalar Universitário de Santo António e engenheiro biomédico e investigador numa parceria entre o serviço de neuropatologia e o centro de investigação UMIB/ ICBAS. Estou a fazer exatamente aquilo que eu me imaginava a fazer quando estava a crescer.

Como é que eu cheguei aqui?
O meu percurso começou no Externato Ribadouro. Ao longo de 12 anos letivos, encontrei nesta casa um elemento estruturante. Muitos foram os Professores fora de série, que estimularam a minha curiosidade e incutiram em mim o valor do brio e da atenção para com o próximo. Desafiaram-me a sair da minha zona de conforto, a abraçar desafios, a persistir e não desistir dos meus objetivos. Estou-lhes muito grato pela forma como me moldaram e por todo o apoio e dedicação investidos em mim.

Um dia, da forma mais inesperada, a minha vida mudou. Numa viagem no metro do Porto, ouvi conversarem sobre um curso de robótica de três dias, que ia acontecer na Guarda durante as férias do Natal. Meti-me na conversa e perguntei exatamente o que era esse curso. Fui por 3 dias, fiquei por três anos. Era um desafio. Decidimos ousar e competir num campeonato internacional nos Estados Unidos. Obtivemos o primeiro lugar a competir com equipas internacionais.

Em 2010, inscrevi-me no Mestrado Integrado em Bioengenharia na Universidade do Porto, lecionado na Faculdade de Engenharia e no ICBAS, com o desejo de contribuir para o desenvolvimento de melhores cuidados de saúde. Em 2011, inscrevi-me no Mestrado Integrado em Medicina no ICBAS. Estagiei no Instituto Nacional Engenharia Biomédica em engenharia de tecidos e imunologia, com a Dra. Susana Santos.

O meu foco, em termos de investigação, são as neurociências. A minha primeira incursão neste mundo foi curiosamente em Kiev, na Ucrânia, onde descobri uma escola de verão internacional dedicada às oportunidades da aplicação de novas tecnologias de informação nas neurociências, organizada no prestigioso Igor Sikorsky Kyiv Polytechnic Institute. Isto, no verão de 2013. Continuei o meu percurso nas neurociências em Londres, no King’s College London, onde fiz um semestre de Erasmus estágio no laboratório do Professor Jack Price em 2014. Neste grupo, fiz investigação com células estaminais derivadas da raiz do cabelo de pessoas com perturbações do espetro do autismo. O meu estágio seguinte, no verão de 2014, foi no laboratório do Professor Jean-Jacques Lebrun, na McGill University em Montreal. Em 2015, surgiu uma oportunidade de fazer um estágio de verão do outro lado do Atlântico num projeto de investigação no Centro de Genómica Medica – Harvard Medical School / Massachusetts General Hospital (MGH), em Boston, liderado pelo Dr. Ricardo Mouro Pinto. O projeto explorava a mais recente tecnologia de edição genética então disponível, o CRISPR-Cas9, para estudar genes modificadores da idade de início da doença de Huntington. O estágio de verão transformou-se num ano e meio de tese de mestrado e estágio em Harvard. Viria a iniciar o meu trabalho prático no projeto em 2016.

Em preparação para o projeto de tese de mestrado, não fiquei parado. Estagiei no laboratório da Professora Patrícia Maciel, no ICVS / Universidade do Minho, e no laboratório do grupo do Professor Lee, na National Taiwan University. Aqui, ganhei mais experiência em modelos animais com mutações associadas respetivamente à Doença de Machado Joseph e às perturbações do espetro de autismo. De regresso ao Porto, fiz uma pós-graduação em gestão de serviços de saúde na Porto Business School (2018) e estagiei no serviço de gestão de qualidade do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (2019). Quis também ser exposto a realidades clínicas diferentes, o que me levou a estagiar em neurologia em Coimbra (2018), em neurologia e neurocirurgia em Ponta Delgada (2020 e 2021) e em Reumatologia em Nancy, na França (2018). Em paralelo, procurei manter-me ativo em investigação e trabalhei durante um verão no laboratório do Professor Vincent Dion em Cardiff, na área da neurogenética (2019).

Durante a pandemia participei nos esforços dos estudantes de medicina portugueses junto da linha Saúde 24, em 2020. Depois de vários cancelamentos, entrei no edifício branco do Charité Mitte. Tive a oportunidade de ajudar a instrumentar em mais de 100 cirurgias e acompanhar caso após caso de doenças complexas nos serviços de oncologia e neurologia do Charité. De regresso ao Porto para o trajeto final do curso de medicina, decidi usar os conhecimentos e experiências acumulados para tentar desenhar o meu próprio tema de tese de raiz: estudar a neuroinflamação no cérebro de doentes com patologia simultânea de Alzheimer e corpos de Lewy. Refleti sobre o projeto que discuti e maturei com o meu orientador, Professor Ricardo Taipa. Sugeri o desafio de concorrer a financiamento para multiplicar o potencial impacto da investigação e tive a honra de conseguirmos o apoio financeiro da Fundação Professor Ernesto Morais e de termos conseguido, posteriormente, financiamento interno do centro de investigação UMIB, no ICBAS, para levar mais longe ainda o projeto.

Medicina concluída, juramento de Hipócrates proferido. Estou a continuar o projeto de investigação em neuropatologia, enquanto início o meu trajeto médico no Centro Hospitalar Universitário de Santo António. Continuo a expandir horizontes com formação em saúde pública e aconselhamento genético, e a estar ativo na comunicação de ciência e junto das associações de doentes. Estou muito grato por todos os supervisores, professores, familiares e amigos que me acompanharam ao longo do trajeto até aqui e sem os quais nada disto seria possível. Tenho procurado devolver à comunidade em todas oportunidades o que foi investido em mim, contribuindo para a organização de conversas sobre ciência e de conversas motivacionais de Alumni junto dos estudantes da universidade e dos alunos da minha antiga escola, no RibaTalks do Ribadouro. Estou determinado em contribuir para mudar um pouco o mundo para melhor todos os dias. Se não é para mudar o mundo, não vale a pena, não é?

António Gil


Atribuo ao ensino de excecional qualidade, praticado nas instituições de ensino que tive o privilégio de frequentar, o resultado do meu profícuo percurso profissional. Tive a oportunidade de frequentar o Externato do Ribadouro, conhecido pela sua exigência e sucesso na preparação de jovens para ingresso no ensino universitário. Foi durante esse período que descobri e apreendi a importância da diferença e da aposta no desenvolvimento das aptidões naturais distintivas de cada um. Os profissionais do Externato Ribadouro sempre incentivaram o meu lado mais artístico, criativo, irreverente, ousado e solidário, desafiando-me constantemente a participar em atividades extra[1]curriculares das mais diversas, quer a nível internacional, quer a nível interno.

Também a Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto, onde prossegui os estudos, foi um mundo de aprendizagem e um salto enorme em termos de abertura de horizontes e compreensão mais aprofundada da forma como funciona a sociedade em termos globais. Já na Queen Mary University of London, onde me especializei em Direito Internacional Público, pude ter contacto com pessoas das mais variadas proveniências. Isso foi extremamente enriquecedor já que pude perceber melhor o quão diversificada é a natureza humana, conhecer e absorver as especificidades de diferentes realidades e culturas. Na Organização Marítima Internacional tive o meu primeiro contacto com as organizações internacionais e o seu papel na vanguarda do desenvolvimento de normas internacionais, aplicadas de forma universal e uniforme pelos seus estados membros. Na Comissão Europeia tive ocasião de perceber melhor o sentido do projeto europeu e do papel de cada um dos seus órgãos.  Nas Nações Unidas, tive o privilégio de poder fazer uma abordagem mais aprofundada e atual dos temas e problemáticas do direito do mar. Tudo isto me permitiu uma primeira passagem pelo Ministério do Mar como técnica especialista, onde experienciei o dia-a-dia governativo e tive o privilégio de servir Portugal na minha área de especialidade. Posteriormente, ingressei no World Resources Institute, uma organização não governamental, onde pude desenvolver diversas competências ligadas ao desenvolvimento sustentável dos oceanos. Há cerca de três anos voltei a ser convidada para servir o país, na Secretaria de Estado das Pescas e, agora, no Ministério da Economia e do Mar, onde dou assessoria direta ao Secretário de Estado do Mar nas áreas da governança dos oceanos, relações internacionais e segurança marítima. Sinto-me hoje muito bem preparada e pronta para abraçar desafios maiores e reafirmo que o investimento em formação foi uma preciosa mais-valia em todas as diferentes experiências profissionais por que passei. Estou grata à vida, aos meus pais e a todos os excelentes professores e profissionais com quem me cruzei e que me ajudaram a crescer como pessoa e profissional. Aprendi que nada se faz sem esforço e que a sorte dá muito trabalho


Inês Aguiar Branco


Todos os bons alunos precisam de ser estimulados e foi isso que o colégio Ribadouro me trouxe. Foi a minha ida para o Porto, em 2010, que me fez evoluir enquanto membro de uma sociedade cada vez mais competitiva e ditada pela obtenção do conhecimento. A competitividade de um colégio em que todos os alunos eram bons, mexeu com a minha autoestima de uma forma positiva e foi exatamente isso que me fez superar a mim mesmo. Talvez a calma e a tranquilidade de um meio rural sejam a melhor escolha para algumas etapas da nossa vida, mas por vezes é bom sermos levados ao nosso limite. O Ribadouro fez-me perceber que o ser bom depende do meio em que nos encontramos e desde aí segui o meu percurso de vida em direção à faculdade de medicina da universidade de Coimbra, do ICBAS no Porto e atualmente da escola nacional de saúde pública em Lisboa, onde me encontro a realizar a especialização médica em saúde pública. De forma complementar, iniciei ainda, em 2021 um percurso no mundo da música que conta atualmente com 2 singles já lançados publicamente.


Tiago Cardoso


Tendo concluído o 12º ano em 2016, ingressei no lnstituto Superior Técnico no curso de Engenharia Aeroespacial (mestrado integrado). Durante a faculdade tive o prazer de participar em vários projetos interessantes como a JUNITEC (Júnior empresa do instituto superior técnico) e o ISTnanosat (nanosat construído no instituto superior técnico). Tendo escolhido o major “Espaço” e o minor “Veículos e Missões”, em 2019 fiz Erasmus na universidade Federico II di Napoli em Itália. Mais tarde, em 2021, parti para o Canadá onde participei no projeto ORCAsat (Orbital Reference Calibration satellite) da universidade de Victoria, como parte da minha tese de mestrado, trabalho que foi apresentado na conferência Astro Casi 2021. Desde janeiro de 2022 que trabalho na agência espacial francesa como engenheira de controlo de voo de lançadores reutilizáveis. Penso que os meus anos no Ribadouro foram vitais durante todo o meu percurso. Esta é uma escola onde a ética de trabalho, a forte compreensão do material em estudo e a atenção ao detalhe são encorajados. Todos estes são valores que ainda sigo hoje em dia.


Beatriz Alves