O nome do restaurante surge através do seu fundador, Álvaro Pedro, nascido a 6 de março de 1903, em Anadia. Após uma temporada no Brasil, o nativo de Alpalhão, regressou a Portugal, onde, em 1941, decidiu abrir o seu estabelecimento, onde começou a vender sandes de leitão aos motoristas que circulavam na Estrada Nacional 1. Foi desta forma que nasceu o primeiro restaurante do mundo a vender leitão assado à bairrada, o Pedro dos Leitões.
O estabelecimento montado por Álvaro Pedro teve sucesso imediato e, poucos anos depois, em 1949, decidiu abrir um novo espaço, exatamente no local onde se encontra hoje. Em 1987, o fundador faleceu, mas o negócio não caiu, mantendo-se na família, mais precisamente no sobrinho Carlos Alberto, que mais tarde ofereceu sociedade aos seus filhos. São estes que gerem o negócio do Pedro dos Leitões. Em entrevista à Mais Magazine, Pedro Castela recorda o trajeto do seu avô, referindo que quando regressou do Brasil, descobriu não só a habilidade de assar o leitão, como também a sua mestria “na arte de servir a mesa” e que “aproveitou todo o seu conhecimento na arte de restauração para dar seguimento ao primeiro restaurante do mundo a comercializar este prato”. Tal como foi já referimos, o primeiro estabelecimento onde se começaram a vender sandes de leitão era muito frequentado por motoristas que circulavam na Estrada Nacional 1. O restaurante sempre esteve ali mesmo ao lado, e uma paragem na Mealhada era obrigatória. À Mais Magazine, um dos proprietários revela que “estar situado num local onde se pudesse pôr em prática a visão estratégica comercial, com a passagem dos poucos automobilistas pela estrada mais importante de Portugal, era, sem dúvida, um dos ingredientes de sucesso” e foi parte importante na sua expansão. Mas em que é que este restaurante se diferencia dos outros? Bem, Pedro Castela explica: “A seriedade, a preocupação com a satisfação dos clientes, a receita única nas quantidades, a qualidade dos ingredientes que mais ninguém tem e a procura exaustiva da melhor matéria-prima”. O gerente mencionou ainda que o facto de ser o primeiro restaurante do mundo a vender leitão assado é um “título que todos gostariam de ter, mas que só poderá ser atribuído a um – ao primeiro”. Para Pedro Castela, estar ligado a este projeto que começou na sua família é uma “honra de um tamanho inimaginável.
Ouvir inúmeros brasileiros a dizer que vêm a Portugal por duas razões principais, Fátima e o Pedro dos Leitões, é sem dúvida um orgulho que passa para além das nossas fronteiras na representatividade do que é português”. O mesmo mostra ainda que estar por detrás deste restaurante é um conjunto de sentimentos, entre os quais estão o orgulho, a responsabilidade e o sentimento de dar continuidade a este prato que nasceu na Mealhada. Com mais de 80 anos de história, o restaurante situado na Mealhada precisa de ter uma estrutura forte, de modo a continuar a ter sucesso. A passagem de geração em geração correu da melhor maneira possível, visto que a paixão pelo projeto iniciado pelo seu avô fez com que os netos lhe sucedessem e dessem continuidade àquilo que foi criado no século passado, em 1941. Em relação ao prato comercializado, Pedro Castela explica a chave para o sucesso: “o leitão terá de ser abatido no próprio dia, conferindo-lhe toda a qualidade exigida. Depois de limpo é aberto na barriga e pescoço, onde leva o molho. Posteriormente, é cosido com linha própria para que o molho não caia e após isso, é colocado no forno a lenha”. Esta é a base do ex-libris da casa – o leitão assado à Pedro dos Leitões, um prato com selo de qualidade. A especialidade da casa tem segredo que, propositadamente, está à vista de todos no site do restaurante. Este prato deve ser servido com batatas fritas em rodelas e salada de alface.
No caso de um restaurante ou de um estabelecimento similar, não há melhor selo de qualidade do que os seus clientes. Quando há procura, normalmente, é porque há qualidade na oferta. Neste caso, o número de clientes demonstra muito bem o furor que o Pedro dos Leitões faz. Com uma variação significativa entre estações, o restaurante confidenciou-nos que no inverno, o número médio diário costuma rondar os 300 clientes. Já no verão, costumam ultrapassar os mil clientes por dia. Números incríveis, mas desengane-se quem achar que são tudo clientes nacionais. O nome “Pedro dos Leitões” já ganhou contornos internacionais, recebendo vários clientes de outros países, nomeadamente do Brasil, local onde viveu Álvaro Pedro, e também da nossa vizinha Espanha. Quanto à ementa, o proprietário revela que procuram sempre inovar, “com a tentativa de acompanhar algumas tendências, algo que o nosso Chefe de cozinha, o Gustavo, do qual me orgulho de ser meu sobrinho, tem como dom próprio a transformação da gastronomia tradicional em novas tendências”. No caso do leitão, não costuma haver muitas alterações, visto que é um prato muito antigo e do qual pretendem manter a genuinidade na forma como era confecionado nos seus primórdios.
Como não poderia deixar de ser, o prato predileto dos clientes é o leitão, apesar de haver diversas opções para quem não apreciar, como é o caso de outros pratos de carne, peixe e também vegetarianos. Ainda relativo ao leitão, para acompanhar o prato, Pedro Castela aconselha “um bom espumante natural da Bairrada, de preferência de casta baga”. Contudo, o cliente tem uma vasta carta de vinhos das mais diversas regiões do país. A qualidade do serviço do Pedro dos Leitões não se limita a quem está exclusivamente no restaurante, mas também a quem procura pelo estabelecimento nas plataformas digitais. Aí pode ter uma experiência do que são as áreas do restaurante, sem nunca lá ter entrado. Isto porque no site do restaurante é possível fazer uma visita virtual no interior do estabelecimento, escolher a sua mesa e, posteriormente, marcar através da secção disponibilizada no site. O Pedro dos Leitões tem também uma forte presença no Instagram, onde conta já com mais de mil seguidores. Através desta rede social, é possível ver alguns dos pratos confecionados e, ainda, conhecer um pouco mais sobre o “backstage”. Pelo facto de a procura ser intensa e trazer muitas pessoas ao seu restaurante, o proprietário também alerta para alguns pontos negativos que surgem com a globalização do prato.
“Infelizmente, o leitão assado está por todo o País e, em grande parte, sem a mínima qualidade exigível. Embora haja muitas pessoas que sabem e procuram o verdadeiro Leitão assado à Bairrada, muitos, por engano, degustam-no em locais onde não o sabem fazer e, consequentemente, arruínam o bom nome deste que é um dos pratos de gastronomia mais importante no mundo e, sem dúvida, o mais procurado em Portugal”. Melhor do que falar, só mesmo experienciar e neste caso, tem várias oportunidades para o fazer, visto que o restaurante está aberto todos os dias do ano, exceto a 25 de dezembro. Se estiver só de passagem, poderá também usufruir do serviço de “Take-away” do Pedro dos Leitões. Não há desculpa para não provar o leitão deste restaurante histórico onde surgiram os famosos leitões assados.