Nasceu para o mundo automóvel na cidade de Clermont-Ferrand, em França, no já longínquo ano de 1889 e, atualmente, serão poucos aqueles que não reconheçam esta marca. A Michelin é uma das principais fabricantes de pneus do mundo, contando com unidades de produção em 17 países. Além de pneus feitos com materiais recicláveis, a empresa tem vindo a desenvolver vários projetos na área do hidrogénio. E para garantirem uma mobilidade segura, eficiente e sustentável, num claro compromisso de qualidade com o meio-ambiente e a carteira de clientes, alojam “mais de seis mil colaboradores” e um “orçamento de 680 milhões de euros”, como ocorreu no ano transato, para “a pesquisa e desenvolvimento” de produtos.
“Michelin, mais do que um pneu”, é aquilo que expressa as particularidades destes produtos da multinacional francesa, pois “são fabricados com 29% de materiais sustentáveis de origem vegetal ou reciclados, principalmente de borracha natural”. Este compromisso em garantir a qualidade ambiental, surge com o estabelecimento de metas a atingir: “40% de produtos compostos por matérias-primas sustentáveis, até 2030 e 100% até 2050”, números avançados por Florent Menegaux, Presidente do grupo. O próprio adianta que hoje já utilizam “o aço reciclado e óleo de girassol para substituir os óleos sintéticos obtidos a partir do petróleo, mas também a resina de pinho, de forma a alterar as resinas sintéticas na fabricação dos pneus”. Além disso, estão a desenvolver “novas tecnologias”, com os próprios técnicos e um conjunto de empresas especializadas, com o fim de obter “borracha sintética” – bio butadieno – com base de bio-massa, bem como “estireno reciclado, que é uma matéria-prima para pneus e outros produtos industriais”, através de “resíduos de poliestireno, encontrado por exemplo nos copos de iogurte, e ainda estão a produzir “fio de poliéster, a partir de resíduos de plástico PET”, como o de algumas garrafas de água.
Em especial, os pneus de baixa resistência da marca possuem uma aliança com o meio-ambiente, ao ajudarem a “reduzir as emissões de CO2 do veículo”, sendo também adaptáveis a todas as tecnologias, como é o caso dos elétricos. Todavia, não é só em pneus que esta empresa evidencia a sua história no campo da sustentabilidade, visto que estão há mais de 15 anos a trabalhar na área de hidrogénio. “A empresa Symbio, detida em partes iguais pela Faurecia (Forbia) e pela Michelin, desenvolve, produz e comercializa sistemas de hidrogénio para vários tipos de veículos”. Por isso, estão neste momento a “colaborar num novo projeto”, apelidado de MissionH24, com o intuito “de acelerar a progressão da mobilidade “zero emissão”, através do uso da tecnologia de célula de combustível de hidrogénio no automobilismo, como é o caso de Le Mans. E “porque a corrida é a melhor pista de teste”, diz-nos Florent Menegaux, a última geração de pneus de resistência Michelin, que estreou precisamente em Le Mans, já contêm 53% de materiais sustentáveis, confirmando assim o potencial, a consistência” e durabilidade dos mesmos.
A Michelin também está focada na mobilidade marítima sustentável, com o projeto Wing Sail Mobility (WISAMO), que consiste num sistema de vela automatizado, telescópico e inflável, que pode ser instalado em navios mercantes e barcos de recreio, com vista a ajudar a descarbonizar o transporte marítimo. Este valor da sustentabilidade é aprimorado com intensa investigação e pesquisa, sempre com o objetivo de substituir os “materiais de petróleo, ou de outras fontes esgotáveis por matérias-primas sustentáveis, de modo a manter ou melhorar o desempenho dos pneus” e outros produtos.
“Em Portugal, a legislação afigura que todos os produtores de pneus, fabricantes ou importadores, (…) devem assegurar a recolha e avaliação de todos os produtos que colocam no mercado quando estes atingem o fim da sua vida útil”. Esta função é desempenhada pela Valorpneu, que dispõe de um sistema integrado de gestão de pneus usados. Neste sentido, na troca dos pneus Michelin, o automobilista “não tem de fazer nada”, visto que na própria oficina é efetuada “essa gestão com a Valorpneu”. Depois da recolha, todos os pneus são valorizados por essa empresa, e nesse processo de recuperação, podem ser “picados, ou granulados”, tendo fins diversos, tal como “relva artificial, isolantes, pavimentos de segurança, misturas asfálticas, entre outros”. Para além destas opções, a Michelin está a desenvolver “com a sua empresa Lehigh, a obtenção de pó de borracha micronizado por criogenização, que pode ser utilizado como matéria-prima para pneus novos e outros produtos industriais”. Trabalham também com a Enviro “e o consórcio BlackCycle para recuperar negro de fumo, petróleo, aço e gás por meio da pirólise de pneus usados”. E aqui todos “os materiais recuperados são reaproveitados em produtos feitos de borracha, como pneus, correias transportadoras ou mecanismos anti vibração”.
Antes da travagem final, ainda houve tempo para ouvir o Presidente da Michelin abordar o futuro da multinacional. Para ele, “tudo será sustentável”, e para conseguirem concretizar “essas necessidades atuais, sem impedir que as gerações futuras satisfaçam as suas, devemos trabalhar em várias áreas, como utilizar matérias-primas que não venham de fontes esgotáveis, mas de origem vegetal ou reciclada, ao usar energia limpa no processo de fabricação e, por fim, ao procurar reduzir e valorizar os resíduos, as descargas e emissões de gases de efeito estufa, que agridem a camada de ozono, em todo o ciclo de vida do nosso produto: fabricação, distribuição, uso e fim da vida”.