Fundada em abril de 1896, a Caixa Económica da Misericórdia de Angra do Heroísmo (CEMAH) acaba de completar 125 anos de existência.
Assumindo-se firme na missão de cofinanciamento da obra assistencialista da sua Instituição Titular, a Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, a CEMAH pretende reforçar os seus valores de proximidade, resiliência e rapidez de resposta, consolidando a sua posição enquanto importante agente económico na Região Autónoma dos Açores, tendo como foco da sua atuação os açorianos.
A CEMAH celebra este ano 125 anos de existência. Esta data assinala não só um marco na história do banco, mas é também um reflexo de uma história de sucesso e resiliência?
A explicação para uma tão longa e rica existência institucional radica, certamente, na relevância dos serviços prestados, na capacidade de adaptação e num necessário rigor na gestão. Certo é que mais de um século de história não se fizeram sem desafios e dificuldades, que a CEMAH sempre conseguiu ultrapassar. No sistema financeiro parece não existir espaço para complacência com princípios de acessibilidade ou cobertura de rede bancária, num contexto em que as preocupações do Regulador/Supervisor – superintendência comunitária – com a estabilidade financeira não parecem ser compatíveis com a irrelevância relativa de uma realidade específica como a da Região Autónoma dos Açores – em termos de literacia financeira e nível de bancarização – com a história da CEMAH ou o significado de ‘banca de proximidade’, pelo que
persiste um ambiente de seleção natural: cumprir com os standards definidos (tendo em mente grandes bancos de economias dinâmicas), ou morrer (entenda-se liquidar, resolver ou conglomerar). Portanto, a CEMAH escolhe responder ao ambiente de seleção natural do setor em que opera com a personificação da resiliência que a caracteriza, adaptando-se, todavia, sem persecução cega de tendências, dando sempre primazia à sua missão e à consideração do perfil do seu cliente, sendo a solidez, a confiança, o rigor e a solidariedade os valores que melhor caracterizam a sua atuação e que são a base do sucesso desta história de longevidade.
Assumindo-se como o banco 100 por cento açoriano e firme na missão de cofinanciamento da obra assistencialista da sua Instituição Titular, a Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, a CEMAH assinala a data sob o mote ‘CEMAH. 125 anos – Uma história de sucesso e resiliência’. Uma nova imagem, a mesma solidez e a confiança de sempre?
No âmbito das comemorações do seu aniversário foi lançada uma nova imagem institucional, que se constitui como uma revitalização da sua identidade visual com uma estilização atual/ contemporânea mantendo, porém, inalterada a sua essência secular e também os valores institucionais que alicerçaram a sua génese, primando pela manutenção da relação próxima e transparente com os seus stakeholders, com destaque para a SCMAH que tem sido inexcedível no apoio que nos tem prestado, valorizando, assim, com o seu esforço este importante ativo.
Motivada e competente para superar os desafios da atual conjuntura, a CEMAH pretende reforçar os seus valores de proximidade, resiliência e rapidez de resposta. Por onde passará a estratégia da CEMAH por forma a atingir este compromisso?
A visão estratégica da CEMAH, definida no seu Plano Estratégico para o período 2020-2022, assume as idiossincrasias da Instituição como fator de diferenciação, como se a sua natureza e características de dimensionamento e implantação geográfica funcionassem como facilitadoras de
tais valores. A concretização dessa estratégia prende-se, sobretudo, com a capitalização dos ganhos da dita banca de proximidade no que concerne ao conhecimento da Região e dos seus agentes económicos, permitindo uma comunhão de interesses e vontades.
Daí, parece fazer sentido reivindicar um lugar de destaque, por exemplo, na implementação do PRR nos Açores: crê-se pois, que a Instituição está muito bem posicionada para ir ao encontro dos desafios recentes, e para contribuir, conforme proclamado pelo Governo Regional dos Açores (GRA), para a correção de falhas de mercado existentes e mitigando um círculo vicioso de falta de investimento em projetos e empresas com interesse estratégico e para a dignificação do sistema financeiro regional e nacional, não esquecendo que o fator proximidade e conhecimento local são determinantes na garantia de oportunismo da resposta.
A CEMAH assume-se um importante agente económico na Região Autónoma dos Açores, tendo como foco da sua atuação o apoio às famílias, empresas e empresários açorianos. Prova desta dedicação foi a atribuição da Medalha de Honra do Município, aquando do 487.º aniversário da cidade de Angra do Heroísmo. Gostaria de escutar a sua reação a este reconhecimento e o que representa para a CEMAH.
Tal distinção consubstancia uma valorização do desempenho da Instituição enquanto importante agente económico da sua cidade berço e da
Região Autónoma dos Açores (RAA), bem como implicitamente o reconhecimento da dedicação, empenho e experiência dos recursos humanos desta Instituição como elemento motriz na sua superação contínua. Procurar-se-á honrar sempre esse reconhecimento, reiterando o compromisso institucional de assegurar a persecução da sua missão, visão e posicionamento, para que a sua história se continue a construir como exemplo de sucesso e resiliência, num desenvolvimento de cariz de banca integradora e de apoio à economia social, mas atento à justiça
económica e ao ambiente de negócios.
Que outras inovações projeta a CEMAH, por forma a melhorar a oferta de produtos e serviços aos seus clientes?
Como é do conhecimento geral, a instituição tem uma rede comercial de 13 balcões distribuídos por seis das nove ilhas dos Açores – Faial, Pico,
São Jorge, Graciosa, Terceira e São Miguel; a sua presença faz-se, como é tendência do setor, com recurso aos ditos canais digitais – mantendo-se o investimento no melhoramento e divulgação da plataforma de homebanking, a netCEM – o que, contudo, não dispensa a presença física, na qual se alicerça o modus operandi de banca de proximidade, pelo que a rede de balcões da CEMAH continua a deter um papel distintivo e preponderante na aproximação com o seu público-alvo. Pensar na sustentabilidade como forma de gerar um impacto positivo na sociedade está no ADN da CEMAH, não obstante, e seguindo as tendências de mercado, a Instituição tem vindo a sentir necessidade de melhor concretizar a sua identidade num framework de desenvolvimento sustentável, com maior concretização a nível ambiental, social e de corporate governance.
Numa altura em que algumas instituições de créditos estão a reduzir o número de balcões de atendimento de clientes na região, de que forma a CEMAH pretende continuar a garantir uma banca de proximidade aos seus clientes?
A rede de balcões da CEMAH continua a deter um papel distintivo e preponderante na aproximação com o seu público-alvo, considerando que, e apesar do pretendido reforço da presença digital como é tendência do sector, é na presença física que se alicerça o modus operandi de banca de proximidade. Esse é o canal de excelência para promoção de uma relação de confiança e fidelização com os clientes, e há uma forte convicção de que a oferta de serviços financeiros com atendimento personalizado, próximo e transparente, por esta instituição centenária, sólida e de confiança, tem cabimento e traz mais-valias como força motriz da dinâmica económica do ecossistema em que se insere. O que é facto é
que a CEMAH, pelo espírito que lhe está investido, não trilhará o caminho das suas congéneres, e continuará a encetar esforços numa exposição pedagógica da realidade açoriana e do seu papel como elemento motriz do contexto socioeconómico, apelando à compreensão de todos os seus
stakeholders, incluindo o Supervisor, sobre a sua obrigação moral em continuar a assegurar a bancarização e literacia financeira da geografia em que opera. Apesar da sua dimensão, a Instituição tem recebido diversos reptos de entidades com preponderância nas comunidades mais afetadas pelo panorama de desertificação bancária que resulta das opções estratégicas das suas congéneres, no sentido de ser esta Instituição a suprir as lacunas deixadas pelo encerramento de balcões. Enfim, é necessário contribuir para a extinção de preconceitos: (i) de que é melhor seguir as tendências e as práticas comummente aceites, a todo o custo, como o mote de modernização ou sofisticação (one size fits all),
e (ii) de que criar instituições too big too fail pode não ser a melhor solução para o sector bancário.
A economia dos Açores, nos últimos anos, foi fortemente impulsionada pelo turismo que gerou novas oportunidades de negócio e emprego. Numa altura que ainda existem muitas incertezas, que medidas acha que são necessárias em 2022, para dar robustez às empresas e garantir a sobrevivência do sector do turismo?
O sector do turismo foi efetivamente um dos mais afetados pela mais recente crise socioeconómica de origem sanitária, pelo que se viram ser
criadas medidas de apoio de carácter geral e específico, quer pelo Governo da República, quer pelo Governo Regional dos Açores, coadjuvante, como sejam as linhas de crédito, as moratórias ou regime de lay-off. A grande questão que parece incontornável não é tanto acerca de suficiência ou sucesso de medidas, mas – e principalmente – sobre o interesse em manter tal dependência ou redirecionamento (apenas) para esse (um) setor em Portugal; nos Açores quase se transitou de um estado de monocultura da vaca para uma monocultura do turismo…
Que mensagem gostaria de deixar aos empresários, às famílias e aos clientes da CEMAH?
Uma mensagem de gratidão – pela confiança que tem sido depositada na instituição – e reciprocidade, reiterando a necessidade de ‘nutrir a resiliência’, no sentido de mais do que resistir, almejar transformação, tanto no seio familiar como a nível da comunidade e social. Também uma palavra de esperança, no momento de retorno a uma situação de maior contributo para o seu objetivo institucional último, o de contribuir para a missão assistencialista da nossa acionista, a SCMAH, entidade que muito tem apoiado a CEMAH, nomeadamente no esforço financeiro necessário para capitalizar a instituição de forma robusta, tornando-a cada vez mais sólida e competitiva, sempre norteada pelos princípios de uma ‘gestão sã e prudente’.