Coimbra, a Cidade mais académica de Portugal, viu nascer esta instituição de ensino superior pública em 1979. O Politécnico de Coimbra integra atualmente seis escolas, cinco em Coimbra e uma em Oliveira do Hospital, onde disponibilizam ofertas formativas que abraçam diferentes áreas como, por exemplo, a agricultura, educação, comunicação, gestão, contabilidade, saúde, o ambiente, turismo, marketing, artes e engenharias. Já no próximo ano letivo terá dois novos polos, um na Lousã dedicado à floresta e ao combate aos incêndios, e outro em Cantanhede, dedicado às artes criativas. Em todas as unidades de ensino, privilegia-se o “aprender fazendo”.
“Manter um ensino de qualidade” e lutar para ser uma “Universidade Politécnica” é o desígnio do Instituto Politécnico de Coimbra, uma das dez maiores instituições de ensino superior portuguesas. Este “trabalhar mais” para “serem cada vez melhores”, de modo que “o conforto não se instale” é a matriz de ensino desta Escola, tal como refere à Mais Magazine Jorge Conde, o Presidente da instituição. Para não “empatar” o jogo, mas sim “ganhar”, querem conseguir transmitir esses valores aos parceiros nacionais, internacionais, bem como às empresas e famílias, mas sobretudo aos jovens estudantes.
Outra das estratégias do IPC passa por descentralizar e “tornar o território o mais competente possível”. E neste aspeto, após muita ponderação na escolha de áreas que fariam sentido alargarem-se ao território fora de Coimbra, decidiu-se investir numa escola vocacionada para as temáticas da floresta. A Lousã foi o concelho escolhido para o novo polo académico, apelidado de Escola da Floresta, que arrancará já no próximo ano letivo 2022-23. A preferência por este município é justificada pela sua “forte ligação à floresta e ao combate ao fogo”, mas também pelas suas “condições logísticas”, que desta forma se juntam às “condições científicas da instituição”. Com este modelo único, que envolverá profissionais de distin-tas áreas, o IPC ficará mais próximo de todos os operadores e entidades locais, tornando esta infraestrutura “num ativo importante para o país, formando profissionais capazes de trabalhar com a floresta de um outro modo”. Jorge Conde adianta que “este flagelo dos fogos está muito associado às alterações climáticas, mas também sabemos que a deficiente prevenção e atrasos na mesma estão associados à desertificação”, por isso os cursos que vão ministrar ajudarão a “ter mais gente a circular na floresta”, havendo assim mais vigilância, o que representará uma importância acrescida para “a prevenção, alerta e combate”. Já em Cantanhede, destinado ao desenvolvimento da área das artes criativas em todas as vertentes, irá abrir um segundo polo de ensino superior do IPC designado Cantanhede Creative School. As aulas no novo polo estão previstas iniciar também no próximo ano letivo, entre setembro e outubro, com um CTeSP na área das artes e tecnologias com uma ou duas turmas (de 25 estudantes cada) no âmbito do Programa Impulso Jovens STEAM e com cursos de pós-graduação e microdenciações no âmbito do Programa Impulsos Adultos. Estima-se que no primeiro ano de funcionamento, a nova unidade de ensino possa chegar a 200 estudantes.
Além da diversa oferta em licenciaturas, mestrados e pós-graduações, os CteSP – Cursos Técnicos Superiores Profissionais – também são um elemento importante para esta organização. Apesar de na sociedade portuguesa ainda existir um certo estigma por esta opção de ensino, a realidade é que a oferta está a crescer. Prova disso, é o facto de algumas empresas em ramos como a informática ou a consultoria recrutarem os estudantes, tal como decorre nesta instituição, dando-lhes a possibilidade de terem o seu primeiro emprego, ao mesmo tempo que estão a concluir os estudos. E fazem-no porque não têm o conceito que “o mau aluno é aquele que vai para o ensino profissional”, mas sim porque preferem “um indivíduo que seja vocacionado na sua forma de ser e de estar para a aplicação de conhecimento”, ou seja, que apresente o dito savoir-faire.
E para que este objetivo seja estimu-lado e contribua para o futuro profissional dos estudantes, em primeiro lugar aposta-se na inovação de laboratórios “muito bem equipados” e dedicados a certas disciplinas e vias de formação, com o intuito de estabelecerem “uma prática simulada de grande qualidade”. Em segundo, estipula-se “um conjunto alargado de parcerias”, onde se privilegia a interação com a sociedade e o mundo exterior e se prepara os alunos para a realidade vivida na profissão em que equacionam progredir. Jorge Conde acredita que estes dois ingredientes fazem com que os jovens cheguem ao mercado de trabalho mais confiantes.
A abertura internacional que deveria ser obrigatória
Quando a conversa chegou a este tema da mobilidade internacional, o responsável por esta instituição, muito perentoriamente, retorquiu que essa deveria ser obrigatória para todos os estudantes que tivessem possibilidades para tal, uma vez que “há um estudante antes da mobilidade e depois da mobilidade”. De um modo geral, na opinião do Presidente, passar por esta experiência “acrescenta um conjunto de valências sociais e competências técnicas e profissionais” para a construção da personalidade dos estudantes, mas também para a idealização daquilo que são as diferenças e as semelhanças da profissão que desejam abraçar no estrangeiro.
Nesta vertente, o Politécnico de Coimbra tem uma mão cheia de opções, não só espalhadas por toda a Europa, mas também pelo mundo inteiro. E aqui falamos de países como os Estados Unidos da América, Singapura ou o Brasil. Com esta “recente aquisição”, até a língua deixou de ser um entrave na hora de decidir a partida para a aventura.
O ganho desta experiência profissional não é limitado à instituição de ensino e aos próprios alunos, pois devido a este movimento “muito importante”, Coimbra tem conquistado muitos estudantes estrangeiros, contribuindo, por um lado, para que lhe seja retirado o desígnio de “província” e por outro para o enriquecimento do presente e do futuro desta região. Ainda sobre este assunto, Jorge Conde só lamenta o facto de estas experiências serem dispendiosas, as bolsas não pagarem todas as despe-sas inerentes e terem de ser as famílias a assumir essa responsabilidade.
O puzzle chamado alojamento
Na passagem para o Ensino Superior, o quebra-cabeças dos encarregados de educação é o alojamento. Em Coimbra o número de camas disponibilizado não acompanha a evolução da procura. Sendo assim, a solução do IPC encontra-se no incentivo à construção de duas residências de estudantes, uma em cada cidade, mas também pela requalificação das já existentes, em Coimbra. A preocupação premente fica em Oliveira de Hospital, pois “a situação de falta de camas é dramática” e condiciona o crescimento da escola. Neste seguimento, o Instituto candidatou os projetos ao PRR, estando neste momento a aguardar a assinatura dos contratos com a tutela.
O foco na promoção da sustentabilidade
Ao longo do tempo, este instituto, através do programa + Sustentável, procura “transpor para a atividade diária uma redução de consumos, para caminhar progressivamente em prol de um melhor ambiente e uma melhor economia”. Pode-se afirmar que este projeto é 100% educacional, e que é nesse complemento que assenta o êxito do mesmo, pois através dele transmite-se aos estudantes como podem poupar “se forem ambientalmente sustentáveis”.
Para além disso, na instituição assumiram uma “política de redução de consumos a todos os níveis. “Os edifícios passaram, na sua maioria, por um plano de eficiência energética, o que os fez baixar muito o seu consumo energético, e todos aqueles que estão a ser construídos ou requalificados também estão a passar por esse programa”. O objetivo desta forma de trabalhar é fazer com que os “dois mil estudantes que todos os anos formamos levem para as suas empresas e zonas de residência a lição de que ser mais sustentável é bom para a sociedade e também esperar que a curto prazo o Politécnico de Coimbra seja uma referência mundial em termos de sustentabilidade”.
Na última parte da conversa, falámos do futuro da instituição. Jorge Conde admite que os projetos que vão surgir serão centrados nos estudantes, mas também preencherão o território, de forma que a nível global o Politécnico de Coimbra possa ter “uma oferta que seja, cada vez mais, competente”. Relativamente à oferta formativa, deseja reciclá-la, no sentido de “fazer com que as escolas sejam cada vez mais diferentes naquilo que oferecem”. No âmbito das verbas do Impulso Jovem e do Impulso Adultos, diz o responsável, pretende-se desenvolver uma escola exclusiva para Cursos Técnicos Superiores Profissionais e, depois, com o objetivo de dar identidade à marca que já têm no turismo, criar uma Escola Superior de Turismo”. Com base na contínua aprendizagem, tenciona-se “aumentar as ligações internacionais”. Por fim, o Politécnico de Coimbra projeta “continuar a passar a mensagem de que é possível fazer um mundo melhor e que esse mundo melhor começa nos estudantes”.