A University of Saint Joseph, localizada em Macau, destaca-se como um hub académico e científico, fortalecendo os laços entre a China, o Sudeste Asiático e Portugal. Com uma abordagem internacional e uma sólida rede de parcerias, a instituição promove a troca de conhecimento e colaborações que impulsionam o desenvolvimento educacional e científico destas regiões.
Criada em 1996 como Instituto Interuniversitário de Macau, a University of Saint Joseph (USJ) resulta de uma parceria entre a Universidade Católica Portuguesa e a Diocese de Macau. Trata-se de uma universidade católica internacional, sem fins lucrativos, “de Macau e da China; para Macau e para a China”, explica Francisco Peixoto, chefe da delegação em Portugal.
No campo académico e científico, esta instituição é um ponto de referência para as relações entre a China, o Sudeste Asiático e os países de língua portuguesa. De facto, segundo Stephen Morgan, o reitor, a universidade foi criada justamente para “ser um lugar onde estes diferentes mundos possam dialogar entre si, num espírito de busca comum da verdade, de produção e transmissão de conhecimento e de respeito por outras perspetivas”.
Nesse sentido, esta universidade destaca-se pela sua essência verdadeiramente internacional, refletida tanto ao nível do corpo docente, como dos alunos. Com professores provenientes de diversas partes do mundo e estudantes matriculados de mais de 45 países ou regiões, neste espaço vive-se um ambiente multicultural único. Esta diversidade é ainda mais evidente quando observamos que mais de 30% dos alunos não são chineses e mais de metade do corpo docente tem origem em diferentes regiões do globo. Esta composição internacional não só enriquece a experiência académica de todos, como também fomenta uma comunidade de aprendizagem inclusiva e globalmente consciente
Além disso, a USJ é, como realça Francisco Peixoto, “a única universidade na China que atua como Observador Consultivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” e foi pioneira na Ásia ao participar nas principais feiras de educação em Portugal, a Futurália e a Qualifica, demonstrando o seu compromisso para com a internacionalização e a promoção da língua portuguesa.
Para fortalecer a conexão entre os jovens chineses e portugueses, a USJ tem desenvolvido várias iniciativas. A título de exemplo, existe um programa de intercâmbio alargado para os alunos, até porque um dos principais objetivos desta universidade é fazer com que os seus estudantes “conheçam e amem Macau, conheçam e amem a China”, sublinha Stephen Morgan. Ao mesmo tempo, há um sistema em que os jovens académicos vão para Portugal ensinar e colaborar em projetos de pesquisa que estreitam laços entre os dois países.
Quanto ao apoio prestado pela universidade para fortalecer a colaboração entre os alunos e as empresas e instituições, Stephen Morgan refere que todos são incentivados a realizar estágios, sendo que em muitos cursos este é um aspeto obrigatório. Além disso, a criatividade e o empreendedorismo são dois dos temas mais abordados nas aulas. Os alunos têm ainda a oportunidade de aprender novos idiomas de forma contínua. “Os que falam inglês e português aprendem chinês, enquanto os que falam inglês e chinês estudam português”, explica o reitor.
Em maio de 2023, foi assinada uma declaração de intenções para uma colaboração com o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), um parceiro essencial desde 2021. “Além de nos proporcionar um espaço para estabelecer a nossa Delegação em Portugal nas instalações do CCCM em Lisboa, essa colaboração também prevê a implementação conjunta do Macau Academic Hub and Spin Incubator”, explica. Segundo Francisco Peixoto, esta incubadora de projetos visa fornecer aos jovens de todo o mundo as ferramentas necessárias para construir um futuro melhor e mais justo, destacando a amizade duradoura entre Portugal e China, que se reflete em Macau, como um exemplo a seguir. O projeto deve ser concluído até ao final do ano letivo 2024/2025, a tempo de celebrar os 450 anos da cidade e da Diocese de Macau.
“O compromisso da Faculdade de Artes e Humanidades (FAH) passa por ser um centro de excelência e um ponto de conexão entre a China continental, o Sudeste Asiático e Portugal”
Ao longo dos anos, a FAH tem adotado várias estratégias para fortalecer a colaboração académica e artística entre a China continental, o Sudeste Asiático e Portugal, conforme explica Carlos Caires, coordenador de pesquisa da faculdade de letras. “Isso inclui parcerias e acordos de cooperação com universidades e instituições de ensino superior nessas regiões, facilitando intercâmbios de estudantes e professores e promovendo projetos de investigação conjuntos”, salienta.
Além disso, a FAH disponibiliza programas de intercâmbio que permitem que estudantes e professores participem em experiências académicas e culturais em instituições parceiras, promovendo a troca de conhecimentos e o enriquecimento cultural. Os programas de estudo incluem cursos de design, arquitetura, línguas (como chinês e português), e cursos de tradução e interpretação, dotando os alunos das ferramentas necessárias para serem verdadeiras “pontes culturais e linguísticas”.
Eventos como ARTECH2017 e ART(e)FACT(o)2022 são igualmente importantes, pois reúnem académicos e especialistas dessas regiões que partilham ideias e conhecimentos. A FAH também promove exposições de estudantes de Media Arte, Design e Arquitetura, celebrando a riqueza cultural e artística de Macau e incentivando a troca e a valorização de diferentes expressões culturais.
No que concerne à investigação, a FAH desenvolve projetos multidisciplinares que focam em questões importantes para as regiões envolvidas, como história, artes, linguística e estudos culturais. Paralelamente, organiza vários workshops e cursos de curta duração destinados a estudantes, académicos e profissionais dessas mesmas regiões.
Estas iniciativas mostram claramente que “o compromisso da Faculdade de Artes e Humanidades (FAH) passa por ser um centro de excelência e um ponto de conexão entre a China continental, o Sudeste Asiático e Portugal”.
Aliás, também para Priscilla Roberts, professora de história da FAH, “existe uma forte ênfase no ensino que realça o papel tradicional e único de Macau como um nó onde se cruzam, desde o século XVI, as redes que ligam a China, Portugal e os países de língua portuguesa entre si e com outras nações e regiões da Ásia, Europa e Américas”.
Do ponto de vista desta professora, a utilização das novas tecnologias facilita a manutenção de parcerias e o trabalho em conjunto em projetos destas três regiões. Contudo, o maior desafio prende-se com o facto de ser difícil encontrar um equilíbrio no que diz respeito às reuniões, atividades e eventos. Sem esquecer as dificuldades com que se deparam desde sempre: “encontrar financiamento, tempo e apoio logístico adequados”.
“Nos últimos anos Macau passou a ter uma voz mais ativa nesta zona asiática, que tem um papel importante em termos de ligações com Portugal e com a Europa”
A Faculdade de Ciências da Saúde foi criada para “expandir o foco no domínio da ciência da saúde, em linha não apenas com a política do Governo de Macau, mas também com uma perspetiva global da saúde”, explica Jacky Ho, professor da faculdade e Diretor do Observatory for Social Development. Os projetos de investigação são lançados não apenas para recolher dados, mas também para causar impacto em várias camadas da comunidade.
A Faculdade de Ciências da Saúde tem uma forte ligação com os países do Sudeste Asiático e colabora com as suas principais universidades. Além disso, a sua presença em Portugal é bastante significativa. “Como ambos os países têm níveis de desenvolvimento na área da saúde elevados, é fácil haver esta conexão e partilha de conhecimentos entre Portugal e Macau e até com outros países de língua portuguesa”, destaca Jacky Ho.
O professor ressalta também a importância do Macau Observatory for Social Development, que analisa a situação atual de Macau em várias áreas de desen-volvimento social, como economia, educação, saúde. O objetivo principal deste observatório é não só observar o presente, mas também projetar o futuro, usando evidências em projetos de pesquisa para entender onde estão e em que direção querem seguir.
“A Faculdade de Administração de Empresas e Direito da USJ, por intermédio do Departamento de Administração de Empresas, desenvolve inúmeras iniciativas para o desenvolvimento da colaboração académica e empresarial entre Macau, China e Portugal”
Em 2022, a Faculdade de Administração de Empresas e Direito da USJ lançou a Rede da Grande Baía da China (Greater Bay Area Network). Com essa rede, foram estabelecidas parcerias com várias organizações da região da Grande Baía de Hong Kong, Macau e de nove cidades da Província de Guang-dong. “Estes parceiros tornam-se o ponto de contacto em cada cidade da GBA para organizar visitas aos nossos estudantes, às nossas organizações parceiras locais de Macau e às nossas organizações parceiras internacionais”, explica Alexandre Lobo, Diretor do Departamento de Administração de Empresas. A Rede GBA também ajuda a Incubadora de empresas Macau Spin que já foi referida anteriormente, organizando networking e business peers para startups e projetos ligados à incubadora.
Ademais, a USJ criou recentemente o Centro SinoLusófono de Desenvolvimento de Negócios na zona de cooperação Hengqin Guangdong-Macau, com a empresa SANY Group Zhuhai Company e Kenglam Cultural Development Co. Este projeto visa “utilizar a ilha de Hengqin como uma base específica para ajudar os jovens empresários de Macau e os empresários internacionais a compreender e desenvolver novos negócios na zona de cooperação aprofundada Guangdong-Macau de Hengqin”.
A criação da rede USJ GBA também vai ajudar a estabelecer conexões com a Europa através de Lisboa, seguindo a estratégia de desenvolvimento “1+4” que foca em cinco indústrias essenciais para diversificar a economia de Macau, incluindo áreas como a saúde e a alta tecnologia. A USJ espera ainda estimular os talentos e as ideias dos estudantes, inclusive dos estudantes internacionais de países de língua portuguesa.
Assim, “a Faculdade de Administração de Empresas e Direito da USJ, por intermédio do Departamento de Administração de Empresas tem desenvolvido inúmeras iniciativas para o desenvolvimento da colaboração académica e empresarial entre Macau, China e Portugal”. As visitas dos alunos de licenciatura a feiras e eventos em Macau e a criação do programa de Open Innovation, que integra os programas de licenciatura, mestrado e doutoramento com foco em Portugal, Brasil e Macau, são apenas dois exemplos que comprovam isso mesmo.
“A Biblioteca proporciona aos seus estudantes, professores, investigadores e ao público em geral, uma base de investigação diversificada, aberta e justa”
A Biblioteca USJ fornece apoio académico a professores, estudantes e ao público, focando em “serviços aos utilizadores”, como menciona Emily Chan, Diretora da Biblioteca. Disponibiliza, desde 2014, programas de apoio à aprendizagem, com sessões individuais e em grupo. A biblioteca colabora ainda com bibliotecas de países de língua portuguesa e é afiliada da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação (APBDA).
Além disso, organiza atividades culturais e workshops sobre património local. Em 2011, adquiriu um sistema de controlo de pragas por anoxia para preservar arquivos históricos, sendo pioneira em Macau. Estas iniciativas ajudam a sensibilizar os estudantes para a importância da preservação cultural.
Para Emily Chan, a biblioteca oferece “uma base de investigação diversificada, aberta e justa”.
“A Escola de Educação da USJ dedica-se a promover a colaboração académica e cultural entre estudantes da China e Portugal e países de língua portuguesa, através de várias iniciativas importantes”
Sendo uma das principais faculdades de investigação e formação na área da educação em Macau, a Escola de Educação (SED) oferece uma ampla gama de oportunidades para alunos de diferentes culturas que visam um “ensino e investigação culturalmente responsivos”, explica a professora Rochelle Ge, da SED.
A SED também se dedica a “promover a colaboração académica e cultural entre estudantes da China e Portugal e países de língua portuguesa, através de várias iniciativas importantes”. Com uma abordagem multilingue, a escola garante que estudantes de diversas nacionalidades tenham acesso a uma educação de qualidade. Além disso, a SED prepara os professores, tanto os que ainda se estão a formar como os que já se encontram no ativo, para ensinar e lidar bem com alunos de diferentes origens culturais e linguísticas.
Perspetivas futuras
Stephan Morgan tem uma visão bem definida relativamente ao futuro da USJ: reforçar ainda mais as conexões entre a China, Macau e Portugal. Além disso, o reitor pretende que a universidade continue a ser a escolha preferida dos estudantes que procuram aprender num “ambiente excitante, desafiante e cheio de promessas”, refere.
Por isso, Stephan Morgan faz um convite: “Para os jovens portugueses que procuram uma educação verdadeiramente global, a USJ, com as suas turmas pequenas, a sua incrível diversidade e o seu compromisso genuíno com os mais altos níveis de cuidados pastorais, deve ser considerada na hora de escolher uma universidade.”