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Na minha leitura, o Plano Ferroviário Nacional trata-se de um surpreendente documento cuja metodologia foge à abordagem clássica do ecossistema ferroviário, ao refletir em 1º lugar a realidade do território, a localização das suas populações e as exigências de mobilidade, privilegiando analisar que ligações? para, depois, concluir que infraestruturas?
No fundo, ao introduzir um novo conceito que começa por analisar e definir os serviços e as exigências da oferta, deixando para um segundo momento o planeamento das infraestruturas, nomeadamente as redes – principal (incluindo a rede da Alta Velocidade), regional e suburbana – discriminando as Áreas Metropolitanas de Lisboa, Porto e abordando o Algarve, este documento surpreende pela positiva.
Trata-se, sem qualquer dúvida, de um documento estratégico para o futuro desenvolvimento do Sistema Ferroviário Nacional que aponta para a segunda metade deste século XXI, não existindo um calendário de execução, mas, apresentando e justificando um rumo onde se deve passar a investir. Enquanto instrumento de planeamento que assume ser, este PFN pretende centrar o futuro desenvolvimento do Sistema Ferroviário Nacional como uma permanente avaliação do equilíbrio entre a utilidade (procura) e a disponibilidade (infraestrutura).
A questão que agora se releva é saber como este Plano Ferroviário Nacional irá ser “colocado no terreno”, já que a atrasada e difícil concretização dos projetos inerentes ao PNI 2020 e PNI 2030, deverão alertar os responsáveis para a imprescindível necessidade de ser alterado o atual modelo de atuação no que diz respeito às obras de reabilitação e expansão da infraestrutura ferroviária.
O persistente trabalho que a PFP – Plataforma Ferroviária Portuguesa tem realizado, a que já se associaram mais de uma centena de empresas portuguesas interessadas no desenvolvimento do sector ferroviário – já visível com a criação do Centro de Competências Ferro[1]viárias e do Polo Tecnológico de Guifões – ao ter como objetivo a partilha das melhores práticas industriais e empresarias fomentando a competitividade dos nossos ecossistemas industriais, ao apostar no desenvolvimento da engenharia ferroviária portuguesa, constituirá um importante estímulo à ambicionada reindustrialização de Portugal.

Tomaz Leiria Pinto, Presidente da Direção ADFERSIT