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O grupo Rui Costa e Sousa & irmão é um dos maiores transformadores e comercializadores de Bacalhau Salgado Seco e Demolhado Ultracongelado do Mundo. Para conhecer melhor esta empresa que nasceu em 1929, a Mais Magazine falou com Rui Costa e Sousa, CEO da empresa.

Em primeiro lugar, pedia-lhe para nos contar um pouco da história da empresa?
Quando se fala em Bacalhau de Qualidade é inevitável mencionar o Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão, como um dos maiores transformadores e comercializadores de Bacalhau Salgado Seco e Demolhado Ultracongelado do Mundo. Somos os únicos estabelecidos na Noruega e no Brasil, e nos Estados Unidos da América, com empresas próprias. A dinâmica do organigrama do Grupo está patente em todo o processo de transformação e comercialização de Bacalhau. Tão importante como as novas infraestruturas e maquinaria, tecnologicamente, avançada é o conhecimento adquirido ao longo de gerações. Nesse patamar coloca-se a empresa Brites Vaz & Irmãos, fundada em 1929, como parte integrante do Grupo RCSI, sendo atualmente a mais antiga seca de bacalhau de Portugal. Esse conhecimento também permitiu ao Grupo RCSI estabilidade e capacidade de inovação, refletindo-se, no ano 2007, com a construção da uma unidade industrial moderna de raiz de Demolhado Ultracongelado, como aposta a médio-longo prazo, que constituiu um investimento na ordem dos vinte milhões de euros e, que lhe conferiu uma capacidade de processamento de 20.000 toneladas/ano. Neste novo segmento surgiu a marca “Sr. Bacalhau”, caraterizada pela sua qualidade e requinte. Em janeiro de 2014 terminaram as obras de ampliação da Unidade de Demolha que permite aumentar a sua capacidade. Em 2002, devido às vicissitudes do mercado, apostou-se, a longo prazo, no mercado brasileiro, com a abertura da Empresa Brascod, que se encontra atualmente suportada pelos entrepostos comerciais e frigoríficos de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Em termos de comercialização o Grupo RCSI, é o maior exportador para o mercado brasileiro. “No mercado brasileiro – “Bacalhau é BomPorto” – estamos há 20 anos nas principais cadeias de supermercados e nos melhores restaurantes, tendo 150 vendedores e 10.000 clientes de Norte a Sul do Brasil. Posteriormente, e no mesmo desígnio de acompanhar um mercado apetecível, localizamo-nos nos Estados Unidos da América. O portefólio de clientes está espalhado por mais de 30 países em todo o mundo.

As unidades industriais de bacalhau portuguesas diferenciam-se pela aposta nas mais diferentes tecnologias. De que forma o Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão tem procurado manter-se na vanguarda da inovação e, assim, oferecer aos consumi[1]dores um produto com altos padrões de qualidade?

Procuramos oferecer aos nossos consumidores um produtor com qualidade, através de máquinas recentes e adaptadas às nossas necessidades, alteração de layouts mais eficientes, repartindo as fases de cada processo nas 5 fabricas e aumentando o tempo de maturação, sem retirarmos numa fase do processo que influencia a qualidade do produto.

Pergunto-lhe quais são os valores que têm guiado a empresa ao longo destes 93 anos de sucesso?
Valor da tradição, aplicando a inovação e os conhecimentos adquiridos para transformar o bacalhau de cura tradicional portuguesa, espírito de grupo, orientação para o cliente, desenvolvimento profissional, ética e responsabilidade social, responsabilidade ambiental, qualidade e melhoria contínua dos produtos.

De que modo é que o bacalhau da vossa empresa se diferencia e destaca do bacalhau das restantes empresas do setor?
O nosso bacalhau é produzido de matéria-prima selecionada na origem, com um processo completamente controlado por nós, sem estarmos sujeitos a bacalhau selecionado por terceiros. Toda a nossa rota da qualidade é controlada por nós, desde a captura do bacalhau até aos pontos de venda.



O Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão conta já com várias empresas noutros países, como é o caso do Brasil e da Noruega. Como é que deu esta transição do mercado nacional para o internacional?
Para a operacionalizar a nossa rota da qualidade e de forma a antecipar as alterações nos mercados de origem da matéria-prima, nomeadamente no da Noruega, enveredámos por uma estratégia pioneira de verticalização da fileira do Bacalhau. Neste contexto, não apenas se adquiriu uma estação de receção de peixe – a Andenes Fiskemottak, A.S., como também se investiu na construção da unidade de escala e salga, Andoya Fisheries, A.S. Foram investimentos que permitem controlar o bacalhau desde a saída de água, passando pela escala, salga, secagem e demolha, até à mesa do consumidor. É esse o segredo da alta qualidade, tal e qual era processado nos Navios Salgadores dos nossos antepassados, em que o Bacalhau permanecia pelo menos 5 meses no sal a maturar.

Já neste século, o Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão tem conseguido conquistar vários patamares, como é o caso mais recente da U.S.A. Cod, Inc. Qual é o objetivo com o investimento num mercado que, por norma, não aprecia tanto a gastronomia tradicional?
Nos Estados Unidos da América há uma grande comunidade de Portugueses e hispânicos. Deste modo, sentimos necessidade em fazer distribuição e implementarmo-nos no mercado onde o consumo do bacalhau é muito grande, com infraestruturas em Newark. Pese embora a distribuição seja feita em todo o país, nomeadamente na Califórnia, local dos Estados Unidos onde reside a maior percentagem de Portugueses e Brasileiros.

De que modo é que o bacalhau do Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão se diferencia e destaca do bacalhau das restantes empresas do setor?
Na Noruega produzimos, exclusivamente, a partir de matéria-prima fresca, diretamente do pescador com o firme propósito de fornecer matéria-prima ao Sr. Bacalhau. Para isso, o método de salga foi otimizado, tendo em conta o produto congelado demolhado ultracongelado (marca Sr. Bacalhau). A seleção do bacalhau é feita sem estarmos sujeitos a intermediários e com isso, trabalharmos bacalhau escolhido pelos fornecedores noruegueses.



Tal como o preço de todos os produtos alimentares, também o preço do bacalhau aumentou nos últimos meses. De que forma é que o Grupo Rui Costa e Sousa & Irmão tem procurado combater esta problemática?
O impacto que sentimos é idêntico em todos os sectores. A escassez de produtos e o aumento dos preços dos mesmos, especialmente aqueles que são importados, em muito associados ao aumento do preço do combustível, bem como aos problemas globais que se vivem em termos de transportes de bens e matérias-primas. Estamos a assistir a uma subida generalizada dos preços da matéria-prima, transporte e restantes consumíveis. O sector do Bacalhau não fica imune a este fenómeno. O aumento dos custos de produção e de transporte têm vindo a puxar pelo preço do bacalhau já desde o ano passado. A guerra na Ucrânia veio agravar a escalada de preços, pelo que no Natal é expectável que se verifique uma queda entre 5% a 10% das vendas deste pro[1]duto típico, penalizada sobretudo pela diminuição das promoções.

Sabendo do impacto negativo que a pesca tem no ambiente, de que forma é que procuram combater isso, com medidas que assegurem uma maior sustentabilidade ambiental?
Para além de estarmos controlados pelas quotas, enveredamos por mercadoria certificada pela MSC. A certificação MSC confirma que a tua pescaria é bem gerida e que salvaguarda os recursos e os meios de subsistência para as futuras gerações.

O bacalhau é consumido durante todo o ano, mas no Natal torna-se o rei das mesas. De que forma é que se preparam para uma das épocas mais exigentes do ano?
O bacalhau tem um estatuto único na gastronomia portuguesa e, por isso, a sua evolução no mercado tem sido estável. No que se refere à origem, 70% de todo o bacalhau comido em Portugal é da Noruega e, apesar da pandemia da covid-19, os portugueses não vão abdicar do seu fiel amigo no Natal. Só a Noruega vende 40 mil toneladas de bacalhau por ano, para o território nacional, dado que Portugal é o maior país importador de bacalhau proveniente deste país nórdico, seguido pela República Dominicana e pelo Brasil. Não obstante, e tendo em conta que este é considerado um dos produtos mais emblemáticos da gastronomia nacional, o maior pico de vendas dá-se no Natal, que representa 29% do consumo total deste produto em Portugal.

Quais são os planos que a empresa tem para o futuro?
Ampliar o número de lojas em pontos estratégicos, promover a nossa loja online (www.lojasrbacalhau.com) com outra dinâmica e reproporcionar o peso das embalagens para dose menores para o consumidor não ter um esforço tão elevado numa compra.