: Mais Magazine:: Comentários: 0

A Mind é uma empresa portuguesa e um dos maiores players na distribuição de soluções tecnológicas que, há 25 anos, trabalha para transformar a indústria nacional e internacional. Responsável pelo desenvolvimento e comercialização de produtos e serviços inovadores, a empresa veio através do seu reconhecido know-how, revolucionar o ambiente criativo e produtivo das indústrias do calçado, malas, marroquinaria, automóvel e mobiliário. Para conhecer um pouco melhor a empresa nacional, estivemos à conversa com João Bernardo, CEO e fundador da Mind, e Rui Casteleiro, fundador e administrador da Mind, que nos deram a conhecer as principais soluções já desenvolvidas e as novidades que pretendem apresentar ao mercado.

A Mind é um dos grandes players na distribuição de soluções tecnológicas que desde 1997 trabalha para transformar a forma como o mundo evolui e inova. Poderíamos começar a nossa conversa por conhecer um pouco melhor o universo Mind, quais os valores que a têm norteado ao longo das últimas décadas e de que forma têm contribuído para que hoje a Mind assuma uma posição de liderança no mercado nacional e internacional?
João Bernardo – Deixe-me começar por sublinhar que a Mind fez este ano precisamente 25 anos. A gestão da Mind tem sempre bem presente três vetores principais: uma cultura de inovação – mas não inovação “só porque sim” ou só porque é moda. A inovação que defendemos deve estar diretamente ligada ao valor que pode aportar, no presente ou no futuro, aos seus parceiros. Aliás, trazer valor aos nossos parceiros de negócio é o segundo desses vetores. Esta postura não só se manifesta na direção da inovação, mas também em todas as decisões de negócio tomadas. Por fim, a terceira dimensão diz respeito ao reconhecimento do valor humano, querendo dizer com isto que a Mind preza muito o valor das pessoas, tanto as que nela trabalham como aquelas que utilizam os seus produtos e serviços.
São estes vetores que definem e norteiam os nossos valores principais: uma cultura de Inovação e Criatividade, o compromisso com os nossos parceiros – não vemos os compradores das nossas soluções apenas como clientes, são na verdade parceiros de negócio – e, por fim, a competência adquirida, com base no reconhecimento e incorporação das valências de todos os que se cruzam com a Mind, tanto parceiros como colaboradores.

A tradição de 25 anos da Mind de conceber soluções globais com o contributo de professores universitários, investigadores e especialistas em negócios, permitiu à empresa desenvolver e comercializar produtos e serviços inovadores nas áreas das Aplicações Industriais (CAD/CAM) e Gestão da Informação. Fale-nos um pouco mais sobre a área de negócio de gestão de informação.
Rui Casteleiro – A área de negócio de sistemas de informação tem uma forte presença no setor da administração pública local, bibliotecas e arquivos. Os produtos comercializados pela Mind na unidade gestão de informação são o sistema Kapture, para o qual a Mind dispõe de uma patente, constituído por uma mesa de captura de imagem com vácuo e software específico, que permite digitalizar plantas sem desmembrar os dossiers onde estão arquivadas; o Mind ePaper, que permite a desmaterialização dos processos urbanísticos – desde a submissão de documentos pelo munícipe até aos tramites internos do município; o X-arq, uma solução normalizada de arquivo digital e, por fim, o Prisma, um software de gestão de bibliotecas, produtos estes adotados por uma elevada percentagem dos principais municípios portugueses.



Por sua vez, a Mind Technology integra e complementa um conjunto de soluções de software e de sistemas de corte criados com o objetivo de acelerar e otimizar os processos de desenvolvimento do produto nas indústrias de calçado, malas e marroquinaria, automóvel e mobiliário. Presentemente, quais os projetos já desenvolvidos pela empresa e de que forma vieram agilizar a produção, economizando tempo e dinheiro, aos seus clientes?
João Bernardo – Uma das principais evoluções da Mind foi transitar da execução de projetos de desenvolvimento específicos para a criação de produtos. Com esta evolução, a Mind conseguiu, num ambiente altamente competitivo e com uma capacidade de investimento limitada, maximizar os resultados dos seus processos de investigação e desenvolvimento. Por outro lado, esta abordagem focada no produto beneficia também os nossos clientes, que passam a usufruir dos resultados do desenvolvimento e inovação, pensados e executados para todo um setor, e não apenas para as necessidades específicas de uma empresa.
A Mind Technology – marca que adotámos para a nossa oferta industrial – comercializa atualmente três grandes famílias de produtos, com aplicações a várias indústrias.
A família MindCAD, no que refere à indústria do calçado, disponibiliza uma linha de produtos completa e integrada, que vai do design conceptual e modelação 3D, até à engenharia do produto 2D, incluindo a preparação dos componentes para corte.
A componente de CAD 2D tem evoluído no sentido de responder às necessidades específicas de outras indústrias, tais como a marroquinaria e o mobiliário. A Mind continuará este esforço de verticalização, alargando a abrangência funcional dos seus produtos MindCAD 3D e 2D a outras indústrias, tais como os transportes e a confeção de vestuário.
A segunda grande família de produtos é o MindCUT, que disponibiliza todo um conjunto de produtos de software necessários à gestão e controlo de sistemas de corte automático – incluindo a digitalização e classificação de materiais, a colocação automática das peças a cortar, o controlo dos equipamentos de corte e a recolha de peças após o corte. Estes sistemas de corte automático são peças fundamentais na automatização de processos em empresas de calçado, confeção de vestuário, mobiliário ou o automóvel – na prática, todas as indústrias que, nos seus processos produtivos, tenham de cortar peles ou tecidos.
Nesta família, convém ainda não esquecer o nosso sistema DIVA – acrónimo de Digital Inspection and Virtual Annotation – com equipamento e software totalmente concebidos pela Mind, que permite a digitalização, marcação virtual e classificação de peles, eliminando os potencias danos da marcação física das mesmas.
Finalmente, temos a família MindGEST, que pode ser resumidamente descrita como a plataforma integradora e organizadora dos dados gerados e partilhados entre os produtos das diversas famílias, ao longo do processo produtivo – da conceção ao corte. Esta plataforma evoluirá para um verdadeiro sistema PLM, gerindo todo o ciclo de vida do produto.

Na sua opinião, quais as principais vantagens competitivas que a adoção destas soluções poderá trazer às empresas deste setor?
João Bernardo – Os principais benefícios que estas soluções apresentam resumem-se em três fatores principais: Em primeiro lugar a flexibilidade. A existência de encomendas de menor dimensão torna obsoletos os processos produtivos tradicionais, que exigem elevados tempos de setup. As soluções digitais da Mind, da conceção à produção, eliminam muitos, senão todos, estes constrangimentos. Em segundo lugar, o próprio custo. As soluções da Mind, integradas com os equipamentos de corte dos seus parceiros, podem não ser as soluções mais baratas no mercado, mas asseguram, no entanto, o melhor retorno do investimento pela fiabilidade e produtividade que introduzem. Por fim a adequação à produção de produtos muito sofisticados e personalizados, cuja produção pelos métodos tradicionais se torna muito lenta, dispendiosa ou inviável. É o caso por exemplo da nossa solução de Pattern Matching, que automatiza a produção de artigos de vestuário, onde é necessário o “casamento” entre as peças e o padrão do tecido em que são cortadas – processo que numa abordagem tradicional seria demasiado lento e oneroso.

O sucesso da empresa é já global e são cada vez mais as empresas internacionais que escolhem as soluções Mind, sendo que a empresa conseguiu já, com sucesso, distribuir para o mercado global as soluções e licenças Mind Technology. Atualmente, em que países podem já ser encontradas as soluções da Mind e o que as tem diferenciado no m no mercado internacional?
João Bernardo – Neste momento as soluções da Mind espalham-se literalmente pelos cinco continentes (bem talvez apenas quatro, já que a Oceânia tem resistido). Existem soluções de CAD desde a China até aos Estados Unidos, passando pelo Sudoeste Asiático, pela Europa e pelo Brasil. A Mind dispõe de duas subsidiárias, uma nos Estados Unidos e outra na China – onde atua diretamente, sendo que para os restantes países representativos em termos de produção dispomos de uma rede de parceiros de distribuição locais. Para as soluções de corte, a Zünd faz a distribuição dos produtos da Mind no mundo inteiro, dado que temos um acordo de exclusividade com esta empresa para o sector da pele e nos segmentos mais significativos do têxtil. A Mind é hoje uma empresa totalmente internacional, tanto na lógica de desenvolvimento dos seus produtos, como na sua comercialização e distribuição. A diferenciação no mercado internacional é feita com base nos mesmos fatores que no mercado nacional. A Mind vende e testa sempre as suas soluções no mercado nacional, beneficiando da proximidade e do facto dos industriais portugueses serem empreendedores e estarem sempre dispostos a investir em inovação, quando esta produz resultados efetivos. São estas soluções e estas vantagens competitivas que depois transpomos e exportamos para os vários mercados internacionais.



Focada no desenvolvimento de soluções criativas e inovadoras, visando alcançar os melhores resultados para os seus parceiros e clientes, a Mind destaca-se no mercado por oferecer “soluções criativas para a sua indústria”. De que forma a empresa tem procurado manter-se na linha da frente da inovação tecnológica e assim oferecer aos seus clientes e parceiros, as soluções tecnologicamente mais inovadoras?
João Bernardo – Esse objetivo não é atingido de uma única forma, embora na sua base esteja a cultura empresarial que fomentamos, de gosto pela inovação e pela criatividade. É por essa razão que a Mind é das poucas empresas nacionais a ter uma certificação de inovação. Esta vale tanto pelo reconhecimento do processo, como também por manter o foco nessa característica fundamental. Internamente, os colaboradores são permanentemente incentivados à inovação e criatividade através de concursos de ideias. Sublinhámos até agora a importância de uma inovação aplicada. Tal não significa, no entanto, que não façamos investimentos de inovação a mais longo prazo. A característica comum da nossa inovação não é ser imune ao risco ou ser de curto prazo, apenas: é estar sempre indexada a um benefício no parceiro ou na sociedade.

Neste contexto, importa referir que a Mind foi distinguida com o Estatuto Inovador COTEC, uma iniciativa da COTEC Portugal, que reconhece as empresas nacionais pela sua capacidade de inovação e criação de valor para Portugal. Gostaria de escutar a sua reação a este reconhecimento e o que distinguiu a Mind?
João Bernardo – Na realidade, receber distinções é sempre motivo de satisfação. Neste caso, esta distinção satisfaz- -nos particularmente por aquilo que representa em termos do reconhecimento externo da garantia do compromisso que temos com os nossos parceiros. A Mind tem pautado a sua atividade por privilegiar um crescimento sustentado e apraz-nos muito esse reconhecimento.

A Mind marcará presença em duas das mais importantes feiras de Portugal – a Maquitex e a Maquishoes. Quais as principais inovações que a Mind dará a conhecer nestes certames?
João Bernardo – Na Maquitex estaremos a lançar um novo produto, o MindCAD PartScan, que é um produto particularmente interessante para a indústria do mobiliário e da indústria automóvel – essencialmente em todas as indústrias onde existam peças grandes de tecido ou pele que tenham de ser digitalizadas (isto é passadas de um molde em papel ou outro material) para um formato digital, com o reconhecimento automático de fronteiras e de marcações, textos, etc. Estaremos também focados em demonstrar os novos desenvolvimentos de reconhecimento e matching de padrões, área na qual a Mind dispõe de uma oferta única a nível mundial. Na Maquishoes estaremos a lançar um concurso internacional de design de calçado em parceria com a empresa de design e modelação de calçado Shoelutions, e a demonstrar a aplicação do processo de produção com digitalização de peles “offline”. Estaremos também a demonstrar a integração de um digitalizador de materiais e a impressão em UV, que oferece possibilidades de personalização muito interessantes. A nova versão do nosso CAD também será demonstrada, nomeadamente pelas possibilidades que oferece em termos de obtenção de imagens cada vez mais realistas.

A revolução digital está em curso e são diversos os exemplos que vão surgindo nas empresas que se dedicam ao desenvolvimento de soluções globais para a indústria. O que ainda podemos esperar da Mind para o futuro? Quais as metas que a empresa ainda pretende alcançar?
João Bernardo – Como lhe referi, a Mind é uma empresa inovadora quase “by design”. Assim sendo, temos obviamente várias linhas de evolução em que estamos a trabalhar, tanto nas inovações mais incrementais como nas mais disruptivas. Não querendo revelar demasiado, posso dizer-lhe que na área do CAD a impressão 3D é algo em que estamos neste momento a investir. Na área do corte, diria que o picking automático é o nosso principal desafio para os próximos anos. Em termos de presença no mercado internacional, em parceria com a Zünd (que está sempre em permanente aprofundamento), iremos investir bastante na nossa presença no mercado americano, nomeadamente nas indústrias de mobiliário e automóvel, onde existem neste momento interessantes oportunidade de negócio.