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A Mais Magazine esteve à conver-sa com Hugo Querido, Partner da qubIT. Esta empresa, situada em Lisboa, arrancou em final de 2009 e é uma das líderes em software de Gestão Académica no Ensino Superior, sendo que também desenvolve tecnologias para outras áreas de ne-gócio. A sua versão da plataforma FenixEdu, principal ferramenta da qubIT para concretizar trabalho colaborativo entre instituições, é um dos grandes destaques desta entrevista onde abordámos também os desafios e o futuro da marca.

Começo por sugerir que nos conte a origem da empresa e os valores que foram fundamentais para a vossa liderança?

A qubIT existe para produzir tecnologia que possa colocar ao serviço do negócio, idealmente de um modo em que são os próprios clientes a defini-lo, sem limitações. Trabalhámos antes noutras empresas e nunca gostámos de como era suposto fazer as coisas para que o cliente ficasse dependente do fornecedor, quase refém; além do resultado dos projetos nem sempre responder às expectativas. E decidimos não fazer parte desse modelo. E assim criámos a qubIT, para alinhar várias vontades: desenvolver ferramentas e tratar o cliente com integridade, num espaço onde possamos estar sempre a evoluir as nossas capacidades. Acreditamos que essa eventual liderança e sucesso são consequência de como operamos: apontar sempre à excelência, ter genuíno interesse na melhor eficiência das instituições, dar a nossa palavra e cumprir com ela em quaisquer circunstâncias.

A principal solução da qubIT é o FenixEdu, um projeto de código aberto. Falem-nos um pouco mais sobre isso e de como fomentou a partilha e colaboração entre instituições?

O FenixEdu foi originalmente criado no Instituto Superior Técnico, por forma a ser o sistema de informação principal. E num período em que lá fomos funcionários, acabámos por formar a qubIT: já vínhamos a fazer tecnologia em pós-laboral, e delineámos um plano para a utilizar num refazer do Fenix, de modo a ser utilizado além do IST; queríamos torná-lo numa referência e generalizável a qualquer instituição. Após arrancarmos, começámos a trabalhar com o ISCTE numa versão de Fenix já com tecnologia nossa, numa parceria que ainda hoje se mantém. E assim confirmámos ser viável o caminho do Fenix poder suportar qualquer instituição. Hoje, já depois dos concursos públicos que ganhámos para implementar Fenix em toda a Universidade de Lisboa, Já passámos a fase de um Fenix único e adaptável, agora é fazer crescer o ecossistema: fomentar um ecossistema em que nós e as instituições trabalhamos de volta desse mesmo sistema, partilhando informação e tecnologias. Etemos feito ferramentas propositadamente para potenciar e concretizar essa partilha.

Sabemos que as vossas soluções causam impacto nas faculdades, onde já têm mais de uma década de experiência em projetos. Quais são as principais inovações realizadas e que mais-valias trouxeram?

Desenvolvermos ferramentas; que no fundo, é dar autonomia. Tal como uma ferramenta física é para ser usada por quem a possua, fazemos software nessa mesma filosofia: quem está na instituição é que geralmente sabe da realidade efetiva; não a realidade teórica, mas do dia-a-dia que suporta a organização; e essas pessoas devem ter como colocar diretamente no sistema todo o know-how que possuem. Trabalhamos para produzir ferramentas adequadas para o poderem fazer, saindo nós do caminho crítico. Para ser mais concreto, podem modelar processos graficamente ou configurar diversas regras e automatismos, para depois o Fenix interpretar essa informação e executar o que os utilizadores pretendem; podem modelar processos para recolher informação, construir documentos, parametrizar listagens e relatórios, agendar mensagens, funcionalidades que chegam a utilizar de modos que nem havíamos previsto originalmente. Importa-nos equili-brar a relação cliente/fornecedor, fo-mentando parcerias. Nós queremos evoluir a tecnologia e a instituição quer mais ferramentas; ao evoluirmos o Fenix nessa premissa, suportando realidades cada vez mais complexas sem qualquer intervenção técnica ou programação à medida, ambas as partes ganham sempre.

Temos hoje uma revolução digital no ensino, com diversos exemplos nas instituições e empresas dedicadas a software educativo. Como prevê a qubIT o futuro dessa inovação tecnológica em Portugal e de que forma pretendem acompanhar esses desafios?

Os grandes desafios são transversais, pelo menos onde a adoção de tecnologias é generalizada: está-se sempre online, em diversas plataformas, comunicamos mais informalmente, quase sempre a partir do telemóvel, tudo a uma velocidade que choca com realidades tecnológicas menos dinâmicas, sejam sistemas cuja disponibi-lidade não é 24/7, seja pela existência de iliteracia digital, ou a falta de res-posta em tempo útil às solicitações. As instituições não podem esperar que todas estas interações ocorram sempre sob seu controlo, seja a nível aplicacional, seja a nível temporal; e no Fenix já resolvemos parte desta problemática, dando autonomia à instituição para controlar o negócio que a solução suporta, nos tempos em que entender. O que temos ainda por terminar, é acelerar a comunicação entre os intervenientes envolvidos no contexto académico, através da app mobile myfenix, que pretendemos transformar num meio preferencial de interagir com o sistema. Os serviços da instituição continuarão a aceder preferencialmente pelo seu posto de trabalho; mas não há razão para que discentes e docentes não o façam a partir dos seus smartphones ou tablets, fora do cenário letivo. Outro desafio institucional relevante, é a necessidade de gerar receitas próprias, com a internacionalização a ser um dos caminhos preferenciais: temos implementado diversos mecanismos para a comunicação e criação de conteúdos que, cruzados com informação académica permanente atualizada, potenciam que as instituições possam mais facilmente atrair outro tipo de públicos e utilizadores.

Embora o vosso foco principal seja o Ensino Superior, muitas das tecnologias que produzem têm aplicações noutras áreas e em modelos de negócios distintos. Conseguem dar-nos alguns exemplos?

Temos uma solução mobile no grupo Jerónimo Martins, para equipas de vendas do Recheio Cash & Carry a operar no terreno, desde 2011; e a base tecnológica é parcialmente igual à no Fenix. Ainda que estejamos a crescer no nicho do Ensino Superior, nunca limitámos a tecnologia a esse segmento de mercado. Todas as soluções da qubIT são produzidas com recurso à nossa própria plataforma de desenvolvimento, num conjunto de ferramentas de modelação, geração de código, e serviços cloud-based, de nome OMNIS.cloud. E com o tempo, entidades externas à qubIT começaram também a utilizá-la no seu desenvolvimento.

E o que podemos ainda esperar da qubIT e das suas soluções no futuro? Quais são os objetivos a alcançar nos próximos anos?

O objetivo permanente é a nossa própria evolução como profissionais, e sem cedências nos valores; ao fazê-lo, a evolução da qubIT acontece em consequência. Mas como empresa, queremos continuar a procurar novos parceiros, crescendo o ecossistema Fenix e a comunidade de desenvolvimento em OMNIS; incluindo noutras realidades futuramente, abarcando instituições internacionais. E se nos faltar escala para tal, colaboremos então; sejamos instituições ou empresas, juntemos esforços, até aos nossos competidores locais se necessário. A real competição não é apenas no nosso país, interessa pouco ser campeão no nosso bairro, temos é de trabalhar para ganhar no mercado global, ser os melhores tanto aqui como lá fora.