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Criada depois da Revolução dos Cravos, em 1979, esta é uma instituição de ensino superior pública localizada em plena Cidade dos Estudantes. Hoje, integra seis escolas, cinco em Coimbra e uma em Oliveira do Hospital, em áreas de formação completamente distintas, como a agricultura, ambiente, educação, comunicação, turismo, artes, gestão, contabilidade, marketing, saúde e engenharias. Em todas elas pauta-se por prestar um ensino de matriz prática.

Coimbra é atravessada pelo rio Mondego, que nasce na Serra da Estrela, sendo uma cidade com uma ligação umbilical ao meio académico. Por isso a cor preta das vestes dos estudantes reina a cada cruzar de rota, “do choupal até à lapa” e enche a cidade cheia de vida e tradição. Nesta região “dos doutores” está situado o Instituto Politécnico de Coimbra, aquele que é uma das dez maiores instituições de ensino superior portuguesas. O peso da responsabilidade em abraçar esta posição está “em garantir que somos capazes de ser cada vez melhores (…) trabalhar sempre para mais e não estar confortáveis, nunca, com o lugar em que estamos”, tal como assume o Presidente deste Instituto, Jorge Conde. O próprio adianta que “no dia- a- dia a nossa preocupação é manter este ensino de qualidade”, de modo a “jogar para ganhar e não jogar para empatar”, e no fundo conseguir transmitir a credibilidade do trabalho efetuado aos parceiros nacionais e internacionais, “empresas e território”, mas também às próprias famílias e mais concretamente aos jovens estudantes.

O provérbio popular português “a prática faz o mestre” é aplicado na metodologia de ensino desta instituição, através dos laboratórios que possui dedicados a diferentes disciplinas e vertentes de formação. Aqui acredita–se que as valências adquiridas ajudam na preparação para o mercado de trabalho. Para caminharem por esse “ensino de matriz prática aplicada, o mais competente e qualitativa possível” investem “em muito bons laboratórios, muito bem equipados”, tornando-os assim capazes de transmitir “uma prática simulada de grande qualidade”, mas também concretizam um “conjunto alargado de parcerias” com empresas. Isto, em termos globais, permite aos alunos “irem para o terreno e sentirem-se confortáveis”, com as funções da profissão que idealizam laborar no futuro, uma vez que já estiveram em contacto e produziram algo nesse contexto.

É neste segmento que a ideia do “aprender fazendo” surge reforçada numa das ofertas formativas do Politécnico de Coimbra, os Cursos Técnicos Superiores Profissionais. Questionado se ainda existe um estigma na sociedade acerca desta opção de ensino que é escolhida por cerca de 30 mil jovens, anualmente, Jorge Conde responde assertivamente que nós os portugueses “continuamos a ter o registo que o mau aluno é aquele que vai para o ensino profissional”. Mas aponta que o problema tem vindo a diluir-se e que prova disso é o facto de as empresas recrutarem alunos desta via nas próprias universidades, como acontece neste estabelecimento de ensino, por esses já estarem “muito vocacionados na sua forma de ser e de estar, para aplicar conhecimentos”.

O quebra-cabeças na hora de ir estudar fora
O alojamento é a principal despesa dos estudantes quando saem de casa para estudar. No município de Coimbra o número de camas é insuficiente para tamanha procura. Por esse motivo a estratégia deste instituto passa pelo incentivo à construção de duas novas residências, uma em Coimbra e outra em Oliveira de Hospital, onde a situação de falta de camas é “dramática” e condiciona o crescimento da escola; e a requalificação das já existentes em Coimbra. Na sequência, Jorge Conde adianta que “passámos da primeira para a segunda fase do PRR e estamos agora a negociar a terceira”, divulgando também que a aprovação dos projetos é essencial para dar “uma situação mais confortável aos nossos estudantes, mas fundamentalmente para podermos crescer.” O mesmo ainda alerta que “se a candidatura não for concretizada não haverá novamente novas residências, visto que hoje, as instituições de ensino superior vivem muito apertadas do ponto de vista financeiro e, portanto, o máximo que nós conseguimos fazer é ir fazendo alguma manutenção”.

Mobilidade internacional: uma abertura de horizontes obrigatória
A conversa com o Presidente do IPC não deixou de passar pela questão da mobilidade internacional, em que desde logo o também professor do Instituto afirma que “devia ser obrigatória” para todos os estudantes, em que apenas fosse necessário dizer “você vai e nós vamos pagar”. Para além disso, acrescenta que a viagem proporciona “um conjunto de valências sociais, competências técnicas e profissionais” para quem embarca e uma visão diferente daquilo que é vestir a pele da profissão, que projetam vir a escolher, no estrangeiro.

Neste capítulo a resposta do instituto é “à grande e à francesa”, porque têm “parcerias espalhadas pela Europa” e nos últimos anos conseguiram alargá-las para o mundo inteiro. Aqui os estudantes têm a possibilidade de voar para países como a Coreia do Sul, Japão, Singapura, Brasil ou Estados Unidos da América.

A própria cidade de Coimbra tem vindo a conquistar muitos estudantes estrangeiros à conta deste movimento internacional. Portanto, para combater o centralismo e deixar o rótulo de “província” de lado este é um programa “muito, muito importante” para o hoje e o futuro desta região do centro de Portugal.

A muleta para a gestão da floresta
Escola da Floresta é o nome do novo polo académico do Politécnico de Coimbra na Lousã, que arrancará já em setembro e contará com cursos nas áreas da floresta e dos incêndios. Esta estratégia, que está pensada e decidida desde a altura dos incêndios florestais de 2017, servirá para “descentralizar e tornar o nosso território o mais competente possível”, num “modelo único”, “à volta da floresta”, que envolve profissionais de todas as áreas e pessoas. Jorge Conde conta que a Lousã tem “as condições logísticas e nós as condições científicas, por isso decidimos juntar-nos”.

Nesta simbiose, o objetivo primordial é que a infraestrutura “passe a ser um ativo importante para o país” e instrua profissionais prontos para trabalharem “com a floresta num outro modo”. “Sabemos que este flagelo dos fogos está muito associado às alterações climáticas, mas também sabemos que às vezes a deficiente prevenção e algum do atraso na prevenção do fogo está associada à desertificação”, por isso com a concretização deste polo “vamos ter cursos que ajudarão a ter mais gente a circular na floresta”, logo “mais vigilantes”, o que será importante para a prevenção, alerta e combate.

Ainda no mesmo campo de análise, aquilo que o Politécnico tem incentivado no âmbito do Projeto + Sustentável ajuda progressivamente a caminhar para um melhor meio ambiente e economia. No seio da instituição foi instaurada “uma política de redução de consumos a todos os níveis, o que fez baixar muito o seu consumo energético”. Além disso foi instruída uma educação ambiental aos alunos, com o intuito de lhes explicar como “podem poupar dinheiro se forem ambientalmente sustentáveis e que podem ter um planeta melhor se o fizerem”. É com estas chaves que há esperança de “a curto prazo” fazer desta organização “uma referência mundial, em termos de sustentabilidade.”

O futuro do Instituto Politécnico de Coimbra é para ir sendo construído sempre com “um olho” nas vontades dos principais protagonistas: os estudantes. Jorge Conde assume o desejo em “reciclar a oferta formativa”, para “fazer com que as nossas escolas sejam cada vez mais diferenciadoras daquilo que oferecem”. Depois, pretende criar uma Escola Superior de Turismo – um projeto que já está em cima da mesa e, “no âmbito daquilo que são as verbas do Impulso Jovem e do Impulso Adultos, criar uma escola exclusiva de Cursos Técnicos Superiores Profissionais”. Para além disso pretende “aumentar as nossas ligações internacionais” e continuar a estimular o espírito sustentável