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Já conhece o campo de batalha onde se localiza o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro? Se a resposta é não, damos-lhe nesta edição motivos mais do que suficientes para rumar até à Lourinhã e deixar-se envolver pela história deste espaço, que se funde com a história do nosso país. Fique a conhecê-lo um pouco melhor pela voz de João Serra, Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Lourinhã.

Situado no campo onde foi travada a batalha decisiva que pôs fim à Primeira Invasão Francesa de Portugal, o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro (CIBV) é um equipamento turístico do concelho da Lourinhã. Construído em 2008, no sentido de comemorar os 200 anos da Batalha do Vimeiro, o CIBV é hoje um ponto de passagem obrigatório para todos os entusiastas do período histórico em questão. Dotado de modernos recursos e ferramentas, o CIBV tem vindo a desenvolver um trabalho meritório no âmbito da investigação, interpretação, preservação, divulgação e ativação turística do património histórico-cultural e militar da Guerra Peninsular e, em particular, da Batalha do Vimeiro. “O CIBV tem desenvolvido um estudo rigoroso da história da Batalha do Vimeiro e das Invasões Francesas com base em fontes históricas coevas, o qual é feito em estreita articulação com a preservação do património material que é conservado e exposto para fruição por parte do público”, começa por explicar João Serra.

Assumindo-se como um ponto de passagem obrigatório para todos os entusiastas do período histórico em questão, apresenta ao público três espaços distintos com conteúdos expositivos, armamento, fardamento, documentação da época e peças arqueológicas únicas que merecem a atenção do turista. “A primeira sala é dedicada à história da Guerra Peninsular e tem um enquadramento desde a Revolução Francesa até à Batalha de Waterloo através de um friso cronológico que conduz o visitante numa viagem no tempo. A segunda sala é dedicada aos exércitos do período napoleónico, onde o visitante pode descobrir mais sobre o funcionamento da arma de pederneira, ou da peça de artilharia. A terceira sala é dedicada à batalha e dispõe de um cenário de um acampamento militar. A visita termina no auditório com um vídeo e inclui também uma experiência de realidade virtual”.

Construído de forma estratégica, o centro de interpretação possibilita uma visão privilegiada para o campo de batalha através de uma grande janela, através da qual se pode observar o local onde se confrontaram os exércitos anglo-luso e francês há mais de duzentos anos.

O CIBV é um espaço inclusivo!

O CIBV recebeu o selo de distinção por parte da Central European Initiative (CEI) no âmbito do Projeto COME IN! Este selo é uma distinção no âmbito da criação de oferta acessível e inclusiva, numa ótica de experiência museológica para todos.

O projeto de melhoria das condições de acessibilidade foi apoiado pela Linha de Apoio ao Turismo Acessível, do Turismo de Portugal. Assim, o CIBV sofreu diversas intervenções que permitiram a reabilitação do espaço, de modo a transformar a acessibilidade deste equipamento turístico e dos seus serviços. “Com o intuito de melhorar a interpretação e divulgação deste património, a exposição foi recentemente alterada e recorre agora a modernos recursos que tornam a comunicação com o público mais acessível e inclusiva: escrita simples, audioguias com audiodescrição em quatro idiomas, cadernos com braille, relevos e LGP, vídeos interpretativos com legendagem e LGP, mapas táteis, réplicas 3D”. O CIBV encontra-se agora dotado de condições de acessibilidade tanto no interior como no exterior, através de rampas, rebaixamento de lancis, lugares reservados para estacionamento de pessoas com mobilidade reduzida. Para além disso, o CIBV dispõe de balcão acessível, elevador, instalações sanitárias adaptadas, piso podotátil e de um percurso exterior acessível.

Foi exatamente no âmbito da acessibilidade e inclusão que o CIBV foi galardoado pela Associação Portuguesa de Museologia com um prémio na categoria “Educação e Mediação Cultural”. “Este prémio deve-se ao trabalho de capacitação de recursos humanos do CIBV no âmbito da acessibilidade e inclusão. Não basta que um espaço disponha de todo um conjunto de equipamentos e recursos. A capacitação das pessoas que ali trabalham é fundamental para que se possa prestar um serviço público de qualidade”.

Programação temática

O CIBV destaca-se pela programação cultural que desenvolve anualmente, em especial, a recriação histórica da batalha. O espaço conta anualmente com uma programação cultural temática tendo já abordado diversos temas como a história de Wellington, de Napoleão, ou de D. João VI. Para o ano de 2022, o CIBV pretende desenvolver uma agenda cultural dedicada ao tema dos “200 Anos da Independência do Brasil”. Face ao contexto pandémico, esta agenda será desenvolvida em modelo híbrido com iniciativas presenciais e iniciativas no digital.

A aposta numa programação diferenciada na divulgação do património histórico-militar, direcionada para diversos públicos, tem sido uma estratégia fundamental no processo de divulgação do património histórico-militar, mas também para envolver as comunidades e players locais. “A relação com a comunidade local é fundamental para o trabalho desenvolvido no CIBV. Os espaços museológicos funcionam em estreita relação com a comunidade pois pertencem, em primeiro lugar, aos locais, grandes embaixadores do património. Para além disso, o CIBV procura desenvolver e consolidar trabalho com parceiros nacionais e internacionais”, explica João Serra que não se esquece de enaltecer o contributo da comunidade local na preservação deste património: “A comunidade local tem contribuído de forma fundamental para a preservação patrimonial através das doações de património arqueológico, mas também através do contributo para a recolha de património imaterial. As histórias passadas de geração em geração são recolhidas e preservadas no CIBV graças a esta comunidade”. Para além disso, a relação com a comunidade passa pelo trabalho desenvolvido com a Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro. Fundada em 2015, esta associação enquadra o grupo de recriação histórica da Batalha do Vimeiro e tem contribuído para a preservação e divulgação deste património histórico cultural e militar, nomeadamente por via da participação em recriações históricas em Portugal e no estrangeiro.

Com o início de um novo ano, e seguindo as recomendações da DGS, não faltarão oportunidades para visitar este espaço. O convite fica feito: “O CIBV é um equipamento que cumpre todas as normas emanadas pela DGS, tendo recebido, por parte do Turismo de Portugal, o selo Clean & Safe. É um espaço ideal para as famílias que aí podem passar bons momentos e (re)viver uma página da história de Portugal”, finaliza o autarca.