A vila de Almeida tem uma importante carga histórica, muito em parte graças ao seu posicionamento estratégico geográfico. Os locais que outrora foram campo de muitas batalhas dão lugar, hoje em dia, a recriações históricas à volta dos seus episódios mais marcantes. Apesar das datas desses eventos serem as mais concorridas, Almeida tem sempre muitos outros pretextos para ser visitada. Se ainda não conhece a “Capital Napoleónica da Península Ibérica”, este é o momento perfeito para visitar Almeida e apaixonar–se pelo património histórico-militar da região.
Situada num vasto planalto sobre o Rio Côa surge a vila de Almeida e as suas gentes da raia. Almeida foi uma das mais importantes praças-forte de Portugal durante a Idade Moderna e assumiu um importante papel na defesa militar da fronteira, desde os primeiros anos da independência de Portugal. Almeida foi durante quase seis séculos uma das povoações de referência na defesa da integridade de Portugal. Muito se deve aquele que é o seu mais singular testemunho arquitetónico do ponto de vista militar, classificado como Monumento Nacional desde 1928, a Fortaleza Abaluartada de Almeida.
Fortaleza Abaluartada de Almeida
Almeida é uma praça-forte a perpetuar. A reação que provoca no visitante é de grande admiração, facto que advém da grandiosidade das suas muralhas de pedra. A configuração integral que a estrela de Almeida nos apresenta é a de um traçado quase regular, hexagonal, materializado em seis baluartes e seis meias-luas, que se concretizam rodeadas por uma cintura de fossos. Construiu-se para se apresentar como uma incrível máquina de guerra, contabilizando-se nas suas muralhas um total de mais de 100 canhoeiras. Atualmente integra a Rota das Fortalezas Abaluartadas que, com a Fortaleza de Elvas e Marvão, almeja um merecido reconhecimento da UNESCO. Pois para além de conjuntamente representarem a conformação da fronteira mais antiga do mundo, representam a história militar de um povo que soube responder e renovar-se perante constantes desafios que lhes foram sendo impostos pelas diferentes épocas. A obtenção deste reconhecimento internacional será o corolário de um esforço de mais de uma década de caminho, estudo apurado e técnico no sentido da valorização patrimonial e do interior do país, há muito esquecido, que outrora desempenhou um papel preponderante na defesa da integridade nacional.
Recriação histórica do Cerco de Almeida
Hoje, a recriação histórica do Cerco de Almeida já é um evento consolidado, procurado e conhecido em todo o país, mas também muito apreciado pelos vizinhos espanhóis, que fazem também questão de participar na recriação de um dos episódios mais importantes da história desta localidade enquanto fortaleza militar. Esta tem vindo a ser uma das principais apostas do Município, na realização de eventos histórico-culturais relacionados com o período da história que mais marcadamente moldou e condicionou o Património Material e intangível de Almeida. Para isso conta com a imprescindível colaboração do Grupo de Reconstituição Histórica do Município de Almeida – GRHMA, uma associação cultural composta exclusivamente por recriadores históricos voluntários.
Com o passar dos anos, o Cerco de Almeida, que conta com o apoio da ANP, foi procurando cativar diversos públicos, tanto especialistas como interessados na temática, aficionados pela recriação histórica, corporizando-se num formato que ainda hoje se mantém, mas apresentando anualmente novidades, que só quem aqui vem consegue experienciar e vivenciar. Mais de uma década passada desde a primeira edição, mantém-se a vontade do Município de Almeida em melhorar a Recriação Histórica do Cerco de Almeida, fazê-la crescer e cimentá-la como um evento de referência dentro da temática das Guerras Peninsulares. Para além de continuar a apoiar e dotar o GRHMA com estruturas que lhe permitam exercer a sua atividade de recriação dentro do rigor exigível. O GRHMA é hoje um conceituado mensageiro cultural com o qual o Município conta nos seus atos oficiais, possui cerca de 60 recriadores históricos oriundos de todo o país que, juntamente com outros grupos de recriação, têm trazido mais-valias à praça-forte. A participação anual cifra-se em cerca de 400 recriadores entre portugueses, espanhóis, franceses (na sua maioria), mas também ingleses, holandeses e até polacos, que dão assim vida a este património fantástico e único.
Casamatas, o Museu Histórico-Militar de Almeida
Ligadas à paz e à guerra estão também as Casamatas. Estas galerias subterrâneas, localizadas no subsolo do Baluarte de S. João de Deus, e com muitas histórias para contar, deram lugar ao Museu Histórico-Militar de Almeida.
Este insere-se na tipologia de “Museus Históricos”, sendo um museu monográfico de temática militar, dividido por núcleos de índole cronológica, desde as “Origens” até à “I Guerra Mundial”, debruçando-se, depois, sobre o caso específico de Almeida. Pese embora a rigidez física que vinca o seu complexo arquitetónico este acaba, no entanto, por transformar-se numa mais-valia, ao facilitar a visualização das cronologias que são representadas em cada sala, correspondentes a uma determinada época da História Militar. Quem visita este espaço embarca numa viagem pela história ao longo de sete salas: “Origens”; “Idade Média”; “Portugal Restaurado” – onde se destaca o episódio histórico do ataque acometido à praça-forte pelo Duque de Osuna, no ano de 1663, e do qual saíram vencedores os Almeidenses, data que hoje se assinala no Feriado Municipal a 2 de julho; “O cerco de Almeida e a Guerra dos Sete Anos”; “Guerras Peninsulares” – o espaço mais representativo da Recriação Histórica do Cerco de Almeida, que se socorre de imagens dos próprios recriadores de Almeida pertencentes aos Regimentos de Infantaria 23 e de Artilharia 4; “Período Liberal” e, finalmente, a sala “Grande Guerra” – onde a morfologia da exposição ultrapassa o carácter informativo, aproximando–se do carácter evocativo e teatral, sendo recriadas trincheiras e respetivos objetos.
O Museu Histórico-Militar de Almeida, aberto ao público desde 2009, resulta de um trabalho conjunto entre a Câmara Municipal de Almeida, a Divisão da História e Cultura Militar e o Museu Militar de Lisboa.
Turismo Militar: ponto de viragem na atração de novos públicos
Pelo passado, através da riqueza histórica, identidade e referências históricas, e pelo futuro, que se perspetiva com grande expectativa e entusiasmo, o Município de Almeida encontra no Turismo Militar um possível ponto de viragem na atração de novos públicos a este território raiano. Da equação fazem parte o aprofundamento de relações com o Exército português, através da Direção de História e Cultura Militar, do Exército brasileiro, através da Diretoria do Património Histórico e Cultural, da Associação de Turismo Militar Português, da Associação Napoleónica Portuguesa – ponte entre o Município de Almeida e outras associações de recriação histórica.
Potenciar o desenvolvimento turístico do interior
Almeida possui um vasto património histórico e cultural genuíno que, aliado à paisagem natural e outros recursos endógenos, fazem deste concelho um lugar aprazível para visitar.
O turismo é hoje um grande impulsionador das economias locais e, no concelho de Almeida, este conceito não é exceção. Hoje em dia, os territórios têm que se renovar e ser mais inovadores na sua oferta turística para públicos cada vez mais exigentes, mas também mais interessados na serenidade e paz destes territórios de interior. Os dados estatísticos recolhidos nos Postos de Turismo de Almeida, Vilar Formoso e, brevemente, em Castelo Mendo, mostram a vinda ao território de um número significativo de visitantes, provenientes de todo mundo. Além do Turismo Militar, de que temos vindo a falar, o concelho tem ainda a oferecer uma grande diversidade de segmentos turísticos: o Turismo Ativo, que convida à prática desportiva ou de lazer, possível de usufruir ao ar livre ou nos equipamentos municipais; o Turismo de Saúde e Bem Estar, possível de ser apreciado e vivenciado nas Termas de Almeida – Fonte Santa; o Turismo Religioso; o Turismo Equestre, de charrete ou a cavalo, que permite uma visita aos fossos da Fortaleza de Almeida; o Turismo Gastronómico; o Turismo Cultural, que complementa ainda o Turismo Militar em projetos como a “Viagem do Elefante – Rota Turística Literária’, ou ainda na temática judaica, que se pode encontrar no Pólo Museológico – Vilar Formoso Fronteira da Paz- Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes e na Casa da Esnoga, em Malhada Sorda. O Turismo Cinegético tem ainda um papel muito importante na economia do concelho. Nesta temática, o destaque vai para a Feira de Caça, Pesca e Desenvolvimento Rural, responsável por uma forte dinâmica junto das associações de caça do concelho e de outras relacionadas com a gastronomia local.
Um território a (re)descobrir
Depois de tudo o que lhe demos a conhecer, só resta deixar o convite para que visite Almeida. Venha conhecer, e viver, a sua história e o seu património. Venha saborear a sua gastronomia típica, através dos seus produtos endógenos e dos pratos de culinária tradicional que a restauração concelhia oferece. Venha disfrutar da Natureza, do Rio Côa e das paisagens que o ladeiam. Venha conhecer a identidade raiana retratada nas suas gentes. Venha (re)descobrir este território.