A Associação Automóvel de Portugal – ACAP é a única associação empresarial, sem fins lucrativos, que representa a globalidade do Setor Automóvel em Portugal. Um dos setores com maior peso na economia do país, onde se inclui a pós-venda automóvel, no qual a ACAP é especialista, há mais de 100 anos.
Tendo como principal missão o apoio e a defesa das empresas do setor que representa, a ACAP vem procurando combater, empenhadamente, a pesada carga fiscal, a burocracia e a concorrência desleal, numa perspetiva de reforço da competitividade do setor automóvel, que é atualmente o principal setor exportador do país. Na verdade, atualmente, cerca de 97 por cento da produção nacional de veículos automóveis destina-se à exportação sendo notório o incremento do valor acrescentado bruto na indústria nacional de produção de automóveis.
Setor automóvel, um setor em mudança acelerada
A descarbonização e o Pacote Legislativo “Fit for 55” vieram trazer novos desafios ao setor automóvel, entre eles a necessidade de todo um setor alterar ou atualizar o seu modelo de negócio e cadeia de valor, assim como aumentos significativos do investimento em novas soluções de mobilidade e requalificação de fábricas e métodos de produção. Outros desafios que o setor enfrenta, prendem-se com a digitalização do negócio e com a alteração dos hábitos de consumo dos consumidores, pelo que, para prosperar, é essencial que o setor se adapte a esta nova realidade.
No entanto, para uma transição sustentável, o setor terá que contar com o apoio da vontade política portuguesa. Para a ACAP torna-se necessário que o Estado desenvolva um plano de transição energético, com uma estratégia bem definida, que inclua metas, apoios e medidas económico-legislativas totalmente vocacionadas para o setor automóvel.
Aftermarket: um mercado em crescimento
Estima-se que o volume total do aftermarket em Portugal ronde os 2MM€. Ape sar de termos um aftermarket pequeno, em relação a outros mercados europeus, Portugal tem uma das percentagens mais elevadas de penetração do aftermarket independente, comparativamente com os grandes mercados da europa, estimada em cerca de 80 por cento. Observamos hoje uma organização mais consolidada destes players em grupos de compras internacionais e também, no seio da DPAI/ACAP, que tem desenvolvido inúmeras ações de apoio aos seus associados nos desafios futuros da mobilidade.
Os desafios da digitalização e de intervenção num parque elétrico, os modelos de negócio centrados no cliente, a qualificação dos recursos humanos, sendo que o Catálogo de Formação da ACAP, para 2022, já incorpora a oferta formativa orientada para a nova mobilidade e a flexibilidade da legislação laboral, são alguns exemplos de fatores que vão condicionar a competitividade das empresas. Neste sentido, a DPAI/ACAP tem centrado a sua ação no desenvolvimento de ferramentas de apoio aos associados nestas áreas.
Por outro lado, a DPAI/ACAP integra o board da FIGIEFA – a Federação que representa o IAM na UE – pelo que tem participado nas negociações, a nível europeu, de regulamentação com grande impacto no negócio do aftermarket independente e de onde destaca:
Revisão do MVBER – O MVBER garante, entre outras, três medidas principais que asseguram a competitividade do IAM: o acesso a peças de substituição; a informação técnica para reparação dos veículos; a possibilidade de os veículos automóveis serem intervencionados pelos operadores independentes, sem perda da garantia.
Acesso aos dados do veículo – O acesso remoto a dados do veículo permite análises avançadas, incluindo análise preditiva de desconformidades, análise de estilo de condução e análises altamente precisas sobre o desgaste dos componentes. Quando tal tecnologia é combinada com acesso remoto ao veículo e interação do condutor, através da interface homem-máquina do veículo, podem ser criados novos serviços e modelos de negócio. Alertada pela FIGIEFA e outras associações representativas de vários segmentos do mercado independente de pós-venda, a Comissão Europeia iniciou um processo para legislar sobre esta questão e estabelecer um quadro legal para o acesso remoto aos dados e funções dentro do veículo.
Cibersegurança – A FIGIEFA apoia plenamente medidas para proteger os veículos conectados contra ameaças de cibersegurança. No entanto, os Regulamentos de Cibersegurança da UNECE e a legislação da União Europeia devem assegurar que todos os players interessados continuem a
ter a capacidade de operar, de forma não discriminatória e competitiva. Clausula de reparação – Atualmente, a legislação sobre proteção de desenhos de peças sobresselente visível para automóveis não está harmonizada a nível europeu, criando assim incertezas legais e prejudicando a competitividade das empresas de distribuição de peças e de todo o mercado independente de peças sobresselentes para automóveis. A Comissão Europeia já emitiu três propostas legislativas (em 1993, 1997 e 2004) com o objetivo de harmonizar a legislação sobre desenhos na União Europeia e introduzir uma “Cláusula de Reparação” na Diretiva sobre desenhos. Esta chamada “Cláusula de Reparação” poria fim a um monopólio sobre a produção e comercialização de peças sobressalentes visíveis de veículos.