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Gerida por mulheres desde a fundação, em 1920, a Casa Ermelinda Freitas encontra as suas raízes em Fernando Pó, na região da Península de Setúbal. Hoje, com mais de 100 anos de história, a Casa Ermelinda Freitas é uma referência nacional e mundial que assume um papel que vai muito além da produção de vinho, como nos conta em entrevista Leonor Freitas, sócia–gerente da empresa que, em 23 anos, levou uma empresa familiar vitícola baseada na venda a granel, à dimensão planetária.

São 550 hectares, com mais de 30 castas, que se perdem de vista em Terras do Pó, perto de Setúbal. É aqui que fica a Casa Ermelinda Freitas, um exemplo de sucesso e inovação na área do vinho e que tem contribuído para a prosperidade da economia local e nacional, através do volume crescente das suas exportações. A história desta marca está intimamente ligada à família que a tem levado para a frente, com destaque para as mulheres que a têm dirigido. Se a plantação de vinhas em Terras do Pó começou no século XIX, o estabelecimento e gestão da adega, por Leonilde de Freitas, é um pouco posterior e data de 1920. Foi a sua filha Germana quem lhe seguiu as pisadas, depois sucedida pelo seu irmão, Manuel João de Freitas Júnior. Este casou com Ermelinda – a quem a casa deve o nome – mas morreu muito cedo, levando a que a sua filha, Leonor, acabasse por ficar à frente dos destinos da empresa. “Estou na Casa Ermelinda Freitas pelo exemplo e pelo amor à terra e às vinhas que as mulheres das gerações anteriores a mim, bisavó, avó e mãe, me passaram”, assume Leonor Freitas. A Casa Ermelinda Freitas nasceu humildemente e foi crescendo ao longo das gerações, tendo o seu papel mais determinante na quarta geração, quando passou da venda do vinho a granel e do anonimato para uma das maiores empresas vinícolas da região, contando com mais de 500 hectares de vinha, um centro de vinificação moderno e com uma diversidade de vinhos, com várias marcas como Dom Campos, Terras do Pó, Dona Ermelinda, Quinta da Mimosa, Casa Ermelinda Freitas Monovarieitais, Leo d’Honor, Moscatel, entre muitos outros. “É com alegria que digo que em boa hora fiz a opção de vir para o mundo rural. No entanto, não posso deixar de dizer que a responsabilidade de todo o sucesso que temos tido também se deve às gerações anteriores, à equipa que trabalha na Casa Ermelinda Freitas, à região, à família atual, os meus filhos, e sobretudo aos nossos consumidores”, assume.


Vinhos premiados a nível nacional e internacional
As vinhas que herdou das gerações anteriores, e que mantém, são um dos pontos de diferenciação ao nível de qualidade e de tipicidade. “A nossa grande preocupação foi, e sempre será, ter a melhor relação qualidade preço em todos os nossos produtos, permitindo que todos os consumidores possam ter na sua mesa o vinho da Casa Ermelinda Freitas”, esclarece.
Desde 1999, a empresa produtora de vinhos sediada na Península de Setúbal já alcançou mais de 1500 prémios cá e lá fora. Em 2021, a Casa Ermelinda Freitas conquistou mais de 180 medalhas, das quais 58 de ouro em diversos concursos nacionais e internacionais que decorram um pouco por todo o mundo. Recentemente foi considerado o Melhor Produtor de Portugal no Mundus Vini, o maior concurso de vinhos da Alemanha, depois de os seus vinhos terem alcançado 16 medalhas no evento, entre as quais seis de ouro para os vinhos Casa Ermelinda Freitas Syrah Reserva 2019, Vinha do Torrão Branco 2020, Vinha do Rosário Syrah 2020, Casa Ermelinda Freitas Moscatel de Setúbal Roxo Superior 2010, Quinta da Mimosa 2018 e Casa Ermelinda Freitas Moscatel de Setúbal Superior 2009. “Todos estes prémios têm-nos mostrado que estamos no caminho certo e motivado a fazer cada vez mais e melhor”. Prémios estes que servem para reforçar a qualidade que a Casa Ermelinda Freitas procura sempre que faz um vinho, de modo a poder premiar todos os seus amigos e consumidores com os melhores vinhos aos melhores preços. Apesar de ser um ano atípico e de grandes dificuldades, devido à pandemia da Leonor Freitas, Presidente Casa Ermelinda FreitasCovid-19, estamos perante um excelente ano 2021 da Casa Ermelinda Freitas, como reconhece Leonor Freitas.




Aposta no património vitícola
Em apenas 23 anos, Leonor Freitas transformou a pequena empresa familiar, produtora de vinhos a granel, numa das maiores empresas vitivinícolas da Península de Setúbal. Quando assumiu o lugar do pai, na casa agrícola da família, que tinha 60 hectares de vinha, trabalhavam apenas três pessoas. Estimulada pela capacidade inata de empreender, começou por alargar o seu património vitícola. As primeiras aquisições foram feitas por motivos afetivos, mas depois passou a adquirir mais vinhas porque precisava para assegurar a produção e a resposta às solicitações do mercado, que foram crescendo com o tempo. Em 2018, com a aquisição da Quinta de Canivães, Leonor Freitas concretizou o sonho de longa data de ter uma quinta no Douro. A Casa Ermelinda Freitas estendeu também a atividade à região dos Vinhos Verdes, com a aquisição da Quinta do Minho, próxima da Póvoa de Lanhoso, cujos vinhos já foram lançados no mercado. As duas castas iniciais passaram a ser mais de 30, apesar de Castelão e Fernão Pires ainda se manterem como principais variedades da empresa. A produção em três regiões portuguesas e a oferta alargada, com várias gamas, tem por objetivo disponibilizar vinhos para todas as bolsas e todas as ocasiões.


O desafio da competitividade

Para Leonor Freitas o principal desafio da sua empresa é manter a competitividade com base na qualidade dos vinhos que põe no mercado. Como a inovação é essencial à diferenciação e, por consequência, à manutenção da capacidade competitiva, a Casa Ermelinda Freitas procura lançar, todos os anos, produtos distintos. A par disso, a formação e atualização das equipas e a aposta em novas tecnologias são também uma constante. “Tenho a perfeita noção que nada esta ganho. Por isso, temos que ir inovando constantemente na tecnologia, na formação dos colaboradores, admitindo pessoas com novos saberes, sempre respeitando a tradição. Só assim é possível produzir vinhos atuais e de qualidade reconhecida.”




Uma empresa sustentável

O respeito pelo próximo traduz-se, também, no respeito pelo ambiente. “É impossível não falar em sustentabilidade na Casa Ermelinda Freitas. Qualquer empresa nos dias de hoje, que é responsável, tem de ter como um dos seus principais objetivos e preocupações a sustentabilidade. A nossa primeira preocupação começa com a plantação da vinha e todos os tratamentos que fazemos, aplicando produtos amigos do ambiente que respeitam a fauna da nossa região. Na bordadura das parcelas de vinhas, mantemos os refúgios existentes para conservar a biodiversidade. Além de poupar o ambiente, a fauna e a flora, também nos permite ter uma uva mais estável e por consequência um produto final mais natural”, esclarece.
Esta sustentabilidade estende-se à maquinaria empregue na atividade, avaliando todos os gastos de energia e de água, bem como a utilização de produtos menos agressivos, como a opção de desinfetar as máquinas com recurso a água quente e não através de químicos. “A nossa preocupação não é de agora, mas de sempre, pois desde o início que temos uma ETAR a tratar as águas residuais, de modo que elas tenham as condições necessárias para serem lançadas na rede.” Na Casa Ermelinda Freitas, cerca de 50 por cento da energia elétrica utilizada é proveniente de painéis solares fotovoltaicos que se encontram no telhado do centro de vinificação. Para além disso, as rolhas de cortiça são provenientes de uma produção sustentável, na qual foi envolvida a estrutura celular inigualável da cortiça com tecnologia sofisticada, respeitando simultaneamente o trabalho da natureza e a integridade do material. “Ao fazer-mos isto mantemos a sustentabilidade dos sobreiros e dos corticais, que, para continuarem a crescer, necessitam que se vá retirando a cortiça, permitindo a continuação dos mesmos”, diz Leonor Freitas. Promovem igualmente a reciclagem dos materiais utilizados, como cartão, vidro, plástico, rolhas, paletes, entre outros. “A atividade à qual nos dedicamos tem naturalmente uma ligação maior a práticas sustentáveis. A nossa preocupação é sempre que possível e onde possível usar métodos e processos sustentáveis”.


Enoturismo: uma aposta vencedora

Portugal foi considerado o melhor país da Europa para visitar em 2021. Consciente desta realidade a Casa Ermelinda Freitas apostou na vertente do enoturismo, que começa agora a voltar à atividade, seguindo as medidas de saúde aconselhadas pela DGS. “Na minha opinião, falar de vinha e vinhos, é, forçosamente, falar de enoturismo. O enoturismo vem dar contacto direto com a natureza, com a nossa história, com as nossas vinhas e o nosso vinho”. O enoturismo já é uma realidade na Casa Ermelinda Freitas, mas com ambições de ainda melhorar, sendo uma das maiores apostas que a empresa tem na sua programação de investimentos. “Um consumidor que conheça a história, a família, viva o espaço onde tudo se faz e que veja como tudo é feito, é um consumidor fiel e, para a Casa Ermelinda Freitas, mais um amigo que se relaciona com a nossa casa, com o nosso vinho e com a nossa família”.


Os melhores vinhos à mesa neste Natal

O Natal é uma época de paz, de reunião com a família mais próxima, de calor hu-mano e boas conversas, de bons aromas e sabores à mesa. Leonor Freitas deixa-lhe algumas sugestões que serão, certamen-te, boa companhia à mesa: “Temos sem-pre várias sugestões para o Natal. Este ano destacamos o vinho Dona Ermelinda Branco Reserva, o Dona Ermelinda Reser-va Tinto, o Casa Ermelinda Freitas Syrah Reserva, entre muitos outros. Temos vi-nhos fantásticos que podem ser aprecia-dos à mesa, ou ainda oferecidos aos que mais gostamos”.

Em perspetiva para o futuro, Leonor Freitas assume-se confiante, sem nunca esquecer a importância do trabalho, da valorização dos colaboradores e da satisfação dos consumidores. “A Casa Ermelinda Freitas foi, é, e será uma casa em que a base do sucesso será a humildade, trabalho e qualidade. Como casa dinâmica que somos, vamos ter sempre novos projetos, novos vinhos e novos produtos para poder ir ao encontro das necessidades do mercado e sobretudo dos nossos consumidores.”