As misericórdias, as estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), as unidades de cuidados continuados e as equipas de apoio domiciliário garantem cuidados diários a milhares de cidadãos com dependência, doença crónica ou fragilidade social.
No centro destas respostas estão os enfermeiros, profissionais que asseguram a continuidade, a segurança e a qualidade dos cuidados. A sua presença é determinante para prevenir complicações, promover autonomia e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Apesar disso, o setor social continua a enfrentar um défice grave de enfermeiros. Existem instituições em que um único profissional é responsável por dezenas de utentes, o que compromete a segurança dos cuidados e aumenta o risco de erro. Estas fragilidades têm impacto direto na sustentabilidade das instituições. Sem equipas estáveis e qualificadas, o setor perde capacidade para responder à crescente procura e vê comprometida a sua missão social. Valorizar os enfermeiros é, portanto, uma condição essencial para garantir a continuidade e a credibilidade destas respostas.
É indispensável promover também uma integração efetiva entre o setor social e o sistema de saúde. A articulação entre ambos permitirá respostas mais coordenadas, otimização de recursos e continuidade de cuidados, especialmente nas transições entre hospital, domicílio e estruturas residenciais.
Investir na cooperação entre os dois sistemas é investir na eficiência e na sustentabilidade do modelo de cuidados. A criação de circuitos partilhados, a definição de referenciações claras e o reforço do papel dos enfermeiros na gestão de casos são medidas que influenciam positivamente a qualidade dos serviços e a satisfação das pessoas cuidadas.
Cuidar de quem cuida é o primeiro passo para garantir a dignidade de quem é cuidado. Valorizar os enfermeiros e promover uma integração entre o setor social e o sistema de saúde é assegurar um futuro mais humano e sustentável para todos.
Luís Filipe Barreira, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros
