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Uma costa preservada, a “joia” Porto Covo, o património ligado ao mar e a Vasco da Gama e um denso programa de eventos culturais e desportivos ao longo do ano fazem de Sines um dos destinos mais atraentes para visitar tanto no verão como no inverno. Em entrevista à Mais Magazine, o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, explica o que tem para oferecer e o que está a mudar no turismo do concelho.

Nuno Mascarenhas, Presidente da Câmara Municipal de Sines

No seu entender, quais são atualmente os principais trunfos de Sines do ponto de vista turístico?

O concelho de Sines tem um conjunto de ativos turísticos bastante diferenciadores. Desde logo, os produtos associados ao sol e mar, tendo uma das costas melhor preservadas da Europa. Todo o património natural, quer da Reserva Natural das Lagoas da Sancha e Santo André, quer do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, constitui um ativo muito relevante para todo o território. Além da procura gerada em torno da Rota Vicentina, uma das mais reconhecidas do País, sendo que diversos trilhos se iniciam em Porto Covo. Por outro lado, tem sido realizado um investimento relevante no património cultural: musealizámos as fábricas romanas, estamos a terminar o Observatório do Mar, recuperámos o Centro Recreativo Siniense e vamos iniciar a reabilitação da Igreja de Nossa Senhora das Salas. Mantemos, ainda, um programa desportivo e cultural intenso. Com o Festival Músicas do Mundo à cabeça, mas também com a Mostra de Artes de Rua, o Festival Batuta, dedicado à música clássica, participando no Festival Terras Sem Sombra. Do ponto de vista desportivo, temos recebido diversas provas de âmbito nacional, quer no futsal, no basquetebol, no andebol, no triatlo, nos trails, entre outras modalidades. Este ano, por exemplo, vamos apostar na realização de uma passagem de ano na Avenida da Praia, com um concerto do Dino D’Santiago, fogo de artifício e depois DJs. Os eventos são, do ponto de vista da afirmação do produto turístico, muito relevantes, quer para a notoriedade, quer para a atração de novos públicos e públicos mais diversificados.

Praia da Samoqueira – Porto Covo

Qual é o papel que a autarquia desempenha na promoção e qualificação dessa oferta?

A Câmara Municipal de Sines tem um papel muito importante na programação. Quer da programação em torno da qualificação do património natural e histórico, quer na programação cultural e desportiva. Mas não nos podemos esquecer que temos agentes culturais no concelho, temos associações de cultura, desporto e recreio e o trabalho por estas desenvolvido é muito importante e dá suporte, retaguarda, a muitas das iniciativas municipais.

Com os atrativos que Sines tem, nota-se um crescimento da procura de visitantes nos últimos anos?

Sim. Passámos de cerca de 50 mil dormidas em 2013 para cerca de 160 mil em 2023. Sines foi durante muitos anos um destino balnear reconhecido. Depois, com a construção do porto e o desenvolvimento industrial, houve um certo declínio dessa função. Contudo, nos últimos anos há uma notória recuperação da procura de Sines enquanto destino balnear. Ainda assim, a sazonalidade deste território é muito menor que a dos destinos tipicamente de sol e mar. Além dos eventos que realizamos ou recebemos ocorrerem ao longo de todo o ano, existe uma componente fortíssima do turismo de negócios e cada vez mais do setor corporate.

Até há alguns anos, a falta de alojamento era um constrangimento para o crescimento do setor no concelho. Como tem sido a evolução neste ponto?

Um dos constrangimentos verificados em torno do potencial de crescimento turístico do concelho prendia-se, justamente, com a pouca oferta e com a oferta menos qualificada de alojamento. Essa realidade está, de facto, a mudar. Abriram novas unidades em Sines e em Porto Covo e estão novas unidades em construção e outras em fase de programação. Tínhamos cerca de 800 camas há 10 anos e nos próximos 4 a 5 anos teremos cerca de 2000 camas turísticas em operação. O mercado respondeu relativamente tarde aos sinais de crescimento turístico, mas tem respondido. De qualquer dos modos, é importante ter presente que não é, nem nunca foi, nossa intenção ter no concelho de Sines um turismo de massas, um turismo intensivo. E, de facto, não é essa a oferta que tem chegado ao território. Existe a preocupação de desenvolver projetos que sejam sustentáveis, comprometidos com os nossos valores naturais, culturais e patrimoniais, promovendo em seu torno uma oferta qualificada e diferenciadora.

Passadiço da Costa do Norte

Entrámos agora na chamada “época baixa”. Há motivos para visitar Sines e Porto Covo nos próximos meses?

Como referi, não existe em Sines essa dicotomia entre época alta e época baixa. Naturalmente que os meses estivais registam maior procura, mas o turismo em torno da cultura e do desporto, bem como o turismo de negócios, ocupam a totalidade do ano. A nossa programação manterá a mesma intensidade e a mesma cadência, e as amenidades do território, aquilo que de facto faz de Sines e de Porto Covo sítios excelentes para relaxar, são intrínsecas. A própria meteorologia joga a nosso favor, Sines e Porto Covo não são nem extremamente quentes no verão nem severamente frios no inverno. E, nomeadamente do ponto de vista do património natural, todas as épocas são boas, existem paisagens magníficas todo o ano. O passadiço que fizemos na Costa do Norte, que é um ex-libris paisagístico magnífico, tem uma beleza no verão e tem outra beleza do inverno. E em qualquer das estações oferece um passeio de cerca de um quilómetro e pouco em cada sentido que deve mesmo ser experienciado.