Casa Museu Interativa de Borba: Um legado de história dedicado ao vinho de talha

No tecer das histórias, há um legado que se ergue em fios de memória e tradição. Em Borba, a antiga adega de Vinho de Talha do século XIX é hoje um Museu interativo focado na produção de Vinho de Talha no Alentejo. Uma experiência autêntica e inovadora, que brinda ao futuro sem nunca esquecer a herança, tradições e verdades do passado.

Movidas pelo sonho, em plena pandemia, Maria Amélia e Maria Teresa Rézio, decidiram unir forças e dar início a um novo projeto na casa e terra que as viu crescer: a Casa Museu Interativa de Borba. Uma casa com passado, do seu passado, à qual quiseram dar um futuro, um futuro com história! Com o desafio de inovar com tradição, as portas da adega de vinho de talha, legado deixado pelos avós Esmeralda e Mariano à família, voltaram a abrir-se para nos levar numa viagem à descoberta desta técnica milenar de produção de vinho em potes de barro e história de gerações. Tratava-se de uma adega tradicional, intacta, mas fechada, com 46 talhas de barro originais de olaria alentejana, anteriores ao século XIX. Esta casa datada do século XIX, tem no seu piso térreo, para além da adega de talhas, a adega de vinagre, o pátio com poço e a antiga cavalariça. Atualmente, é um museu privado, localizado na cidade Borba, no distrito de Évora, que laborou até 1957, data de início do funcionamento da Adega Cooperativa de Borba, da qual Mariano Rézio foi um dos sócios fundadores em 1955.

Este Museu é um espaço único, com valor histórico e patrimonial para a região, onde o Vinho de Talha tem um destaque especial. Constitui um local de interação e promoção do património cultural da sub-região do Alentejo Central, nomeadamente da produção ancestral do Vinho De Talha. A Tradição de produção de vinho em potes de barro, através de leveduras ancestrais, é uma técnica milenar que remonta à época romana, trazida para a península ibérica há mais de 2.000 anos e que o Alentejo nunca perdeu. A forma de produção do vinho de talha, apesar de haver variantes locais que conferem características diferentes aos vinhos, mantém–se inalterada desde que foi introduzida na região. O seu processo não começa com a apanha da uva, mas sim com a produção da talha, um recipiente em barro poroso em que o seu interior é impermeabilizado por pez de louro e cera de abelha, de forma a isolar o vinho do contacto com o barro. A aplicação desta camada deve ser repetida a cada 10 ou 15 anos.

A visita através de conteúdos multimédia e de interações digitais dá a conhecer o processo da atividade vinícola e técnica milenar de produção de vinho de talha. Permite ao visitante experienciar as vivências passadas, sentir e imaginar os cheiros, conversas e trabalhos que diariamente passeavam por esta adega. Todo o espólio inclui os acessórios e instrumentos antigos utilizados na atividade vinícola e as talhas de diferentes tamanhos, originais de olaria alentejana de São Pedro do Corval e de Campo Maior. A partir daqui as hipóteses são variadas: provas de vinhos acompanhadas de tábua de queijos e enchidos regionais, prova de azeite com pão alentejano, refeições com Cante Alentejano, roteiros guiados pela Batalha de Montes Claros em Moto Sidecar. A configuração do espaço do museu permite a sua utilização de forma versátil, sendo possível a realização de eventos de cariz empresarial e pessoal. Periodicamente são apresentadas exposições temporárias, bem como dinamizadas ações culturais como contributo do museu para a dinamização cultural da região, como concertos, workshops, provas e degustações de vinhos com produtores da região, jantares vínicos, sunsets, entre outros. Durante todo o ano, o Serviço Educativo tem a desafiante responsabilidade de transmitir o conhecimento sobre a história, vivências e o ciclo produtivo do Vinho de Talha no Alentejo, bem como a divulgação dos bens patrimoniais à sua guarda e informação que lhe está associada, através de atividades lúdico-pedagógicas, como visitas interativas, jogos e variados ateliers de pintura.

Durante os períodos de férias escolares, o programa de atividades de tempos livres, promove semanas repletas de atividades, de modo a ocupar os tempos livres dos mais pequenos. O objetivo deste museu é dar a conhecer e sensibilizar todos os que nos visitem para os aspetos característicos da atividade vinícola, designadamente vinho de talha, numa perspetiva histórica e cultural regional através de conteúdos multimédia e de interações digitais.