: Mais Magazine:: Comentários: 0

Desde os primeiros anos da sua vida, Carla Monteiro alimentou o sonho de se tornar advogada, aspiração que abraçou com firmeza e dedicação. Hoje, além da prática jurídica, Carla Monteiro assume a presidência do Conselho de Deontologia e Disciplina da Ordem dos Advogados em Cabo Verde e a sua missão é clara: garantir a integridade e a ética na prática da Advocacia, contribuindo para a confiança da sociedade na classe dos advogados.

Comecemos por conhecer um pouco mais sobre si. Quem é Carla Monteiro enquanto mulher e profissional e o que a fez enveredar pelo mundo da Advocacia?

Eu tornei-me advogada por vocação, seguindo um desejo que me persegue desde criança. Aos 9 anos de idade já dizia que queria ser advogada e este sonho concretizou-se com a minha graduação, e tem sido uma satisfação contínua ter a oportunidade de exercer a minha profissão durante todos estes anos. É uma motivação diária para mim a confiança que os clientes depositam no meu trabalho. Pelo que, invisto na minha formação e atualização contínua para que possa estar habilitada e capacitada para enfrentar os desafios que vão surgindo, em busca dos objetivos traçados com o cliente.

Em 2008 nasce o Gabinete de Advocacia Carla Monteiro – Advogados (agora CMA – Carla Monteiro & Associados). Quais foram os motivos que a levaram a criar a sua própria empresa e de que forma esta foi evoluindo ao longo dos anos?

Eu frequentei o meu estágio numa sociedade de advogados em Portugal (Raposo Subtil & Associados) e, desde cedo, percebi que o caminho para uma completa assessoria ao cliente passa pela constituição de uma equipa de trabalho e pela especialização de cada um dos seus membros. Assim, optei por exercer a minha profissão através de uma sociedade de advogados e não de forma individual. O crescimento da CMA tem sido gradual e em função da própria demanda dos clientes. Iniciamos na ilha do Sal em 2008 com 2 advogados e neste momento, a CMA conta com 8 advogados e 2 advogados estagiários e está presente nas ilhas do Sal, Santiago e Boa Vista, não obstante exercer a sua atividade nas restantes ilhas, de forma remota ou presencial quando necessário.

Já em novembro de 2022 foi nomeada pelos seus pares como Presidente do Conselho de Deontologia e Disciplina da Ordem dos Advogados de Cabo Verde. Que responsabilidades acarreta um cargo desta dimensão?

Em primeiro lugar, esta nomeação é uma honra para mim, pois representa um reconhecimento pela minha postura como profissional e o meu respeito pelas regras éticas e deontológicas no meu trato com os vários sujeitos judiciais, autoridades, colegas e clientes. Assumi este cargo com muita responsabilidade, pois a imagem e confiança na Classe dependem do comportamento dos advogados e há que fazer respeitar estas regras principalmente para proteção dos direitos dos clientes e a boa relação com os restantes sujeitos. O papel do advogado na sociedade como administrador da justiça é fundamental para a garantia da democracia e do fortalecimento do Estado Democrático de Direito, garantindo a defesa e o cumprimento do direito do seu cliente. Temos assistido ultimamente a um descrédito e desprestígio da Classe, derivado do comportamento menos moral, mas isolado de alguns advogados e urge combater esta prática, dando sinais à sociedade de que Ordem dos Advogados existe e faz cumprir as regras éticas e deontológicas aprovados no seu Estatuto.

Quais são os principais desafios enfrentados pelo Conselho de Deontologia e Disciplina na aplicação e fiscalização das normas éticas e deontológicas entre os advogados em Cabo Verde?

O principal desafio da Ordem dos Advogados e em particular do Conselho de Deontologia e Disciplina é recuperar a credibilidade da Sociedade Civil e das autoridades judiciais na figura do Advogado como um profissional nobre e íntegro, que colabora para a manutenção da justiça na sociedade. Para tal, o Conselho de Deontologia e Disciplina e as Comissões de Disciplina deverão funcionar regularmente e fazer cumprir as regras deontológicas por todos os seus membros, recorrendo-se do suporte das autoridades judiciais e serviços notariais e de registo no combate à procuradoria ilícita. Há que elevar o prestígio da Classe, consciencializando os seus membros da necessidade de haver uma estrutura moral única do advogado, composta pelos valores éticos e morais de que o Advogado deve ser depositário. O meu www.cmalex.netobjetivo principal é preservar o valor social do Advogado, como profissional nobre e guardião de valores éticos e morais, respeitado pela sociedade civil, em homenagem aos advogados que tanto lutaram para que a nossa Classe atingisse esta função reconhecida constitucionalmente.

Gerir o seu próprio escritório de Advocacia e presidir o Conselho de Deontologia e Disciplina certamente requer muito tempo e energia. Nesse sentido, como consegue encontrar um equilíbrio entre a sua vida profissional e a esfera pessoal?

As novas tecnologias facilitam imenso o nosso trabalho nos dias de hoje, podendo exercer várias funções desde o meu escritório. O importante é ter uma boa gestão do tempo para conjugar as duas vertentes da nossa vida, o que nem sempre é fácil. Na verdade, nunca consegui atingir o equilíbrio entre a vida profissional e a esfera pessoal, devido às responsabilidades que assumo. Contudo, há que traçar prioridades na esfera pessoal inegociáveis para não descuidar da família.

Para terminar, qual o balanço que faz destes cerca de 20 anos de carreira e que metas ainda espera alcançar num futuro próximo?

Resumo a minha carreira até hoje como uma constante aprendizagem. Espero continuar a contar com a minha equipa da CMA e com a confiança dos nossos clientes para crescer cada vez mais, dedicando todo o nosso conhecimento, habilitação e experiência na resolução dos problemas que nos são colocados. A minha pretensão é sempre ser útil aos nossos clientes, em particular, e à sociedade civil, no geral, colocando o meu conhecimento e tempo ao serviço da justiça, para a sua melhor administração.