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A APOREB (Associação Portuguesa de Operadores de Resíduos para Bioenergias) é uma associação sem fins lucrativos que representa e apoia um conjunto alargado de operadores que diariamente se dedicam à gestão de resíduos para bioenergias. Atualmente, os associados da APOREB representam mais de 70% da recolha de resíduos nacional, nomeadamente óleos alimentares usados, que permitem a produção de bioenergias, tais como biocombustível, bio-gás e hidrogénio. Em entrevista à Mais Magazine, Quitéria Antão, Presidente da APOREB, fala sobre a “intervenção madura e eficaz no que concerne à gestão de resíduos” por parte da sua associação, bem como dos emergentes desafios do setor.

Quais os objetivos que levaram à criação da APOREB e qual a sua missão diária?

A APOREB foi criada face à importância desenvolvida pelas atividades de recolha de resíduos biodegradáveis para a produção de bioenergia e de biocombustíveis, com destaque para a fileira dos óleos alimentares usados, OAU.

Quais os projetos e iniciativas que a sua entidade leva a cabo no âmbito da gestão dos resíduos?

A atuação da APOREB pretende revelar uma intervenção madura e eficaz no que concerne à gestão de resíduos. Houve uma grande evolução legislativa no que diz respeito ao setor, restando, contudo, bastante a fazer. Na minha perspetiva, o que de mais importante se afigura na gestão dos resíduos biodegradáveis, mais propriamente nos OAU, é a simplificação na qualificação dos mesmos enquanto resíduo ou enquanto subproduto de origem animal. Quando um OAU é tratado por um operador de gestão de resíduos deixa, simplesmente, de estar contaminado por subprodutos de origem animal. Contudo, é classificado como SPOA (subproduto de origem animal), quando enviado para produção de biodiesel. Não se compreende se acrescentarmos uma outra situação. Porque é que os OAU são considerados subprodutos de origem animal, quando os próprios produtores de biocombustíveis possuem licenças para a receção dos OAU enquanto resíduos? Esta é uma situação que baralha, introduz custos e gera incumprimentos absurdos, obrigando a dois tipos de licenciamento, OGR e DGAV. Os OAU deveriam ser classificados como resíduos quando são tratados por um operador de gestão de resíduos e encaminhados para a produção de biodiesel. Bastaria um licenciamento para que os OGR pudessem enviar o OAU tratado para uma multiplicidade de valorizações, atingindo outros patamares de eficiência.

Atualmente, quais os principais desafios que os Operadores de Gestão de Resíduos para a Bioenergia enfrentam e de que forma a APOREB é um agente ativo para ultrapassar estas barreiras?

Os desafios são imensos. Os resíduos considerados para a produção de combustíveis avançados estão numa fase embrionária do conhecimento, tanto em termos de técnicas a aplicar para a sua preparação e utilização, como em termos de eficiência. Os biodegradáveis para a produção de biogás, biometano, perspetivam-se escassos face à procura iminente. A APOREB estará atenta e na linha da frente da informação aos operadores. Será um trabalho árduo.

Quais as metas a curto/médio prazo para a APOREB?

Conseguir contribuir para a recolha, a 100%, de todos os OAU gerados e aumentar o conhecimento sobre o modelo de recolha e tratamento dos resíduos para a produção dos combustíveis avançados e de outras bioenergias. Trabalho hercúleo!