O bacalhau é um símbolo da gastronomia nacional e muito desejado à mesa. Temos no bacalhau uma das mais contemporâneas ligações portuguesas ao fenómeno globalizante, através da qual se assiste ao incremento valorativo de um produto que liga diferentes regiões do Atlântico e aqui se universaliza. Maioritariamente oriundo da Noruega, o bacalhau é um forte conetor entre dois países com ligação ímpar ao Oceano, que em ambos se estende à cozinha, do nosso lado com o “fiel amigo” e do norueguês pelo salmão. Mas Portugal e a Noruega, além de similitudes associadas a géneros alimentares, possuem das mais extensas áreas marítimas do mundo. E olham para o mar como elo de cooperação, fator de coesão e de crescimento para as empresas e de atratividade para a promoção de investimentos na economia azul. Como indica o relatório do BlueInvest – Investor Report: an ocean of opportunities, a Noruega é o 2.º e Portugal o 5.º país mais atrativo da Europa. Os dois países integram ainda o top 5 dos principais mercados de instalações eólicas flutuantes. Através da cooperação, Portugal e a Noruega estão a trilhar o caminho para diversificar a economia e torná-la mais equitativa. Para tal, é essencial continuar a priorizar o desenvolvimento de projetos de inovação oceânica, área em que o país de onde vem a maior parte do nosso bacalhau é um parceiro de excelência. A Noruega, através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (conhecido por EEA Grants), tem desempenhado um papel decisivo no apoio à nossa capacidade de investigação e de desenvolvimento tecnológico nos setores do mar. Destaco o Programa Crescimento Azul, em vigor até 2024, que destina 45 milhões de euros para o mar, 70 % dos quais, dedicado à área do negócio e inovação, com impacto direto nas PME. E temos grandes expectativas para o próximo programa, para o período 2021-2027. Portugal pretende, através do desenvolvimento de redes para a partilha de conhecimento e transferência de tecnologia, ver reforçadas as relações bilaterais e a colaboração científica com a Noruega. Assim, a cooperação com este parceiro escandinavo, em áreas de grande potencial para a economia azul sustentável, como a aquicultura e as energias renováveis offshore, afigura-se de grande relevância para responder aos grandes desafios da descarbonização e da segurança alimentar da população, mas também para garantir que o melhor bacalhau do mundo possa continuar a ser o “português da Noruega”.
José Maria Costa,
Secretário de Estado do Mar