: Mais Magazine:: Comentários: 0

O Instituto Politécnico de Viana do Castelo atravessou recentemente um período eleitoral tendo o Conselho Geral validado, com grande maioria dos votos, a sua propositura. Na sua opinião, a que fatores se deveu esta reeleição?
Em primeiro lugar, gostaria de aproveitar esta oportunidade para, agora publicamente, agradecer aos membros do Conselho Geral o voto que me confiaram. Agradecer também aos membros da Comunidade Académica que, nas mais diversas formas, manifestaram o seu apoio à minha propositura e que me parabenizaram pela reeleição. Uns e outros são certamente aqueles mais capazes para responder à questão colocada. No entanto, estou convicto que o trabalho desenvolvido nos 4 anos anteriores, apesar de todos os constrangimentos, em particular a pandemia, permitiu garantir a estabilidade e o rigor no funcionamento. Acredito que isto foi alcançado sem que tal significasse a perda de ambição e a vontade constante de afirmar o IPVC como uma instituição de relevo no panorama do ensino superior português e um parceiro de referência para os agentes implantados na região do Alto Minho.

Quais os principais desafios societais e do ensino superior, em particular aqueles que se colocam aos politécnicos, que o IPVC enfrentará nos próximos anos?
Do ponto de vista societal, identifico 3 desafios que obrigam a que assumamos uma atitude vigilante e proativa: a necessidade de conseguir o equilíbrio entre as práticas de sustentabilidade e as constantes alterações económicas, sociais e tecnológicas; a mudança da ordem mundial e as eventuais alterações na geopolítica; e as disparidades e as variações demográficas. No que diz respeito ao ensino superior, questões como a dinâmica do ensino superior no espaço europeu, e aqui gostaria de ressalvar o carater diferenciador e de afirmação das Universidades Europeias; a outorga do grau de doutor pelos politécnicos; e a alteração da designação para Universidade Politécnica são questões que estarão na ordem do dia. Em jeito de conclusão, diria que os desafios são muitos e certamente exigentes, mas cabe-nos a nós responder-lhes de forma assertiva no sentido de potenciar o reconhecimento da nossa instituição não só no plano nacional, mas também a nível internacional.

Considera que o IPVC está agora, volvidos 4 anos, mais preparado para os enfrentar?
Certamente que sim. Aliás, foi essa perceção que me levou à apresentação da propositura para mais um mandato. Como disse anteriormente, a estabilidade no funcionamento permitiu-nos implementar e alavancar um conjunto de ações que, agora, é minha convicção, tornam o IPVC mais preparado e mais capaz para enfrentar o futuro e, em particular, os próximos quatro anos.

Na sua base os Politécnicos assentam a sua sustentabilidade numa forte e vincada relação com o território onde estão inseridos. Considera que a interligação territorial é fundamental para o sucesso do IPVC?
Não tenho a menor dúvida. Diria até que a própria estratégia de implantação do IPVC, com as suas Escolas dispersas por vários concelhos da região, resulta da simbiose perfeita entre a instituição e o território. O IPVC deve atuar em todas as áreas que permitam à região que servimos, e às suas pessoas, uma melhoria da qualidade de vida. 0 IPVC tem seguido este percurso, interagindo com as instituições da região. Neste particular, é forçoso destacar a profunda ligação à CIM Alto Minho e aos Municípios. Numa outra dimensão, gostaria de destacar a capacidade que tivemos em atrair a fixação do Laboratório Colaborativo, ligado à recolha, tratamento e disponibilização de dados (DataColab) e a importância do Centro de Interface, Transferência e Valorização do Conhecimento (CiTin), que foi recentemente reconhecido pelo Ministério da Economia, através da Agência Nacional de Inovação (ANI), como um “Centro de Tecnologia e Inovação”. Estas estruturas, e o papel do IPVC nas mesmas, são um exemplo claro da necessidade de derrubar em definitivo os nossos muros e sermos cada vez mais abertos e comprometidos com a sociedade.

Embora os Politécnicos sejam instituições com uma forte implantação local a evolução obriga a que a sua intervenção seja cada vez mais nacional e internacional. Tratando-se de um setor com elevada concorrência qual a sua visão e os princípios que devem nortear a estratégia do IPVC nos tempos que se avizinham?
A nossa estratégia terá, certamente, de passar pela implementação de um conjunto de ações que nos permita concorrer com os nossos pares e dependerá em absoluto da nossa capacidade de antecipar tendências e consequências. Temos de prosseguir a construção de um IPVC assente numa educação de excelência, na investigação de qualidade e numa inovação que sirva os propósitos daqueles que nos procuram. Em última instância queremos uma sociedade com mais conhecimento, mais solidária e mais inclusiva. Cabe-nos a nós dotá-la de todas as ferramentas que com esta possamos partilhar.

O IPVC conta com 2 unidades de investigação avaliadas positivamente. Acredita que a valorização da investigação desenvolvida deve estar assente nestas estruturas?
As unidades de investigação desempenham um papel central na valorização do conhecimento existente e gerado no IPVC. É por isso que, para além das unidades existentes (CISAS e Prometheus), cuja consolidação queremos continuar, estamos a preparar mais duas unidades para avaliação (AditLab e SPRINT). Mas o nosso trabalho não se esgota aqui. Queremos reforçar a contratação de investigadores, a participação em redes europeias e em projetos financiados pela Comissão Europeia, potenciar os projetos em copromoçãoo e as publicações científicas. Estes são apenas alguns objetivos que, aliados à criação de duas associações num modelo de Centros de Tecnologia e Inovação (CTI), desenvolverão as suas atividades em dois grandes eixos de desenvolvimento do IPVC e de grande interesse para a região que servimos: ”Economia do Mar” e “Setor Agroalimentar” serão decisivos para o sucesso da investigação desenvolvida e da sua valorização e transferência.

Sendo a formação a atividade central de uma instituição de ensino superior que medidas tenciona o IPVC implementar para disponibilizar uma oferta de qualidade e ajustada às necessidades dos seus públicos-alvo?
O IPVC tem de definir e dar visibilidade, interna e externa, ao seu Modelo Pedagógico. A partir daí, temos efetivamente de aproximar a nossa formação das necessidades da sociedade. Para isso, é fundamental promover a integração de competências transversais (soft skills) nas formações do IPVC e manter um plano de formação pedagógica institucional. Neste âmbito, gostaria de destacar a intenção de implementar a Unidade de Ensino a Distância (UEaD), que suporte a criação de formações em b-learning e e-learning, sejam ou não conferentes de grau, e reforçar a oferta formativa em tecnologias digitais.

A internacionalização é cada vez mais um fator diferenciador e demonstrador da capacidade de afirmação das instituições. Na sua perspetiva, quais são as principais áreas onde o IPVC deve centrar a sua ação com vista a reforçar a sua projeção internacional?
O processo de internacionalização assume cada vez mais um papel relevante no posicionamento das IES. Na minha perspetiva, executando a lDl&T, existem três vertentes onde este processo pode ser analisado. A mobilidade de estudantes, docentes e staff que importa alavancar e, por essa via, dar a conhecer o mundo à nossa academia e mostrar o IPVC e a região ao mundo. Os estudantes internacionais são outra vertente que gostaria de referir na medida em que os mesmos permitem ter uma academia mais multicultural, cosmopolita e inclusiva e, por isso, mais competente na sua responsabilidade de formar. Mas isto tem de ser feito com parcimónia para evitar questões como o abandono. Neste sentido, o IPVC tem procurado desenvolver ações junto de diversas entidades nos países de origem, com o objetivo de refinar o processo de seleção destes estudantes.
Por fim, e não menos importante, referir as parcerias com IES estrangeiras. Aqui tudo faremos para que estas se traduzam em atividades práticas e que acrescentem valor à instituição. Nesta matéria deve ser evidenciado o papel relevante das designadas “Universidades Europeias” onde o IPVC também se posicionou para fazer parte.