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É na típica aldeia transmontana de Parada de Infanções que encontramos a Casa do JOA, projeto que nasceu num velho palheiro e que hoje é uma adega conceituada em toda a região. Jorge Afonso é o seu mentor e foi com ele que estivemos à conversa para conhecer um pouco melhor a “casa” que reúne um homem com a sua terra e de onde resultam vinhos de sabor ímpar.

O projeto que lhe damos a conhecer nesta página nasceu em 2008 pelas mãos e força empreendedora de Jorge Afonso. Ao desejo de preservar o património vitícola centenário da região juntou-se a vontade de concretizar o sonho de fazer nascer de um velho palheiro uma adega para acolher a produção dos seus vinhos, e, assim, numa aldeia encantadora de 300 habitantes, a poucos quilómetros de Bragança, surgiu a Casa do JOA. “O vinho, tal como outras colheitas, era produzido para consumo de casa. É este espírito que mantemos em cada garrafa, respeitando o património, tradição e a cultura, mantendo viva a alma destas memórias”, confidencia Jorge Afonso.

Localizada na aldeia de Parada de Infanções, onde os invernos rigorosos e o sol impiedoso do Alto Transmontano obrigam o xisto a libertar o que de melhor tem para oferecer às uvas, a Casa do JOA é responsável pela produção de alguns dos melhores néctares da região, para encanto dos grandes apreciadores. Com um terroir singular os vinhos Alto do JOA diferenciam-se por serem complexos, elegantes e secos, com acidez equilibrada, longos e persistentes. “Os vinhos Alto do JOA têm sido bastante apreciados pela sua genuinidade e refletem o puro terroir, junto com as tradições e culturas do passado”.

Os vinhos Alto do JOA são a expressão da sua região envolvente e a memória viva desta terra. Por isso, todos são produzidos com as tradicionais castas da região. Das tintas merecem destaque a Bastardo, Mourisco Tinto, Cornifesto, Tinta Bairrada, Tinta Amarela, Alvarelhão, Malvasia Preta, Jaen, Moscatel Galego. Já no que às brancas diz respeito, as escolhas recaem sobre as castas Esgana Cão, Formosa, Siria, D. Branca, Gouveio, Folgosão, Chasselas Salsa, Moscatel Galego. Com tanta variedade, acaba por ser difícil destacar as características distintas de cada uma. Na verdade, “é o misto das mesmas que, no processo de co-fermentação e estágio, acaba por realçar o melhor que cada uma delas tem”.

Seja branco, tinto ou rosé, opções não faltam para lhe fazer companhia à mesa este verão. Se não sabe o que escolher, Jorge Afonso dá-lhe a ajuda que precisa: “O tinto 2016 e o rosé 2020. O tinto porque na mistura de todas as castas, tem elegância e profundidade que, servido entre os 14ºC e os 16ºC, refresca a nossa alma e dá-se a conhecer à medida que o tempo passa. O rosé porque é a sangria do tinto com bastante tempo de maceração, e os compostos fenólicos presentes, servidos entre os 6º C e os 8ºC, deleitam comidas mais ligeiras ou conversas mais animadas”.

Entre o saber de gerações e práticas inovadoras, a Casa do JOA junta tradições de outros tempos com as mais modernas técnicas enológicas na produção dos seus melhores néctares. “A aliança entre tradição e inovação realça os nossos valores», reconhece. O método utilizado na produção dos vinhos é bastante tradicional e respeitador do conhecimento vindouro de outras gerações. Mas a inovação é também importante para a Casa do JOA que, desde 2019, introduziu Extrato de Flor de Castanheiro como substituto dos sulfitos no vinho. «Esta descoberta feita pelo Instituto Politécnico de Bragança e agora desenvolvida pela empresa Tree Flower Solutions (TFS), tem um potencial enorme na preservação dos vinhos e outros produtos alimentares. Participamos em projetos de I&D com a TFS, servindo de suporte para tornar este extrato num produto enológico junto da OIV”. Além disso, a empresa caminha a passos largos para a produção de vinhos ainda mais naturais, sem perderem a qualidade, entrançados com a tradição que já a define.

Para uma vivência vínica de excelência, a Casa do JOA tem ainda disponíveis diversas experiências enoturísticas, ímpares e memoráveis. O grande destaque vai para “1 dia com o Enólogo”, que traduz na plenitude a alma desta “casa”. “Esta experiência transcende o vetor enológico e entra no campo emocional”. A atividade inclui uma visita às vinhas e a toda a sua história, uma visita à aldeia e aos contos que ela esconde e uma visita à adega provando todos os vinhos que esperam o seu tempo de sair. Dito isto, já sabemos o nosso destino este verão.