Datam do século XV os primeiros registos de produção de Vinhos de Carcavelos. Estes só se destacaram no tempo de Sebastião José de Carvalho e Melo – mais conhecido por Marquês de Pombal e Conde de Oeiras. Esse foi, “um dos maiores impulsionadores desta gama de vinhos, produzindo-o na sua quinta de Oeiras, desde o século XVI. O mesmo foi alvo de proteção com a criação da região demarcada em 18 de setembro de 1908, por carta de lei”. Depois de uma fase de insucesso, o vinho renasceu com o projeto Villa Oeiras.
A história e tradição marca o “Villa Oeiras”, a denominação daquilo que hoje é o “vinho generoso de Carcavelos”, produzido pelo concelho de Oeiras, e que pode ser apreciado como “um aperitivo ou digestivo”, tal como nos destaca a autarquia. Estamos em plena “região demarcada de Carcavelos, situada no oeste de Lisboa, nos concelhos de Cascais e de Oeiras, entre a Ribeira de Porto Salvo e a Ribeira de Bicesse, inserida na rota dos vinhos de Bucelas, Carcavelos e Colares”. Esta possui cerca de 30 hectares de vinhas, dos quais 19 encontram-se em produção para a marca Villa Oeiras, localizada na Quinta do Marquês de Pombal, propriedade com cerca de 135 www.villaoeiras.com hectares. O vinho de Carcavelos, referência da génese destes locais, já “correu mundo”, entrando “em variadas culturas, chegando mesmo a dar parte da sua ‘alma’ ao vinho do Porto, de forma a proporcionar-lhe um ‘corpo’ e um paladar superior”.
Contudo, e como não há prosperidade sem senão, este “período fértil e auspicioso da produção vitícola, decaiu para níveis que sem uma intervenção ativa seria expectável que a mesma deixasse de existir”. Por isso, com a vontade em voltar a repor a qualidade da cultura da vinha e sobretudo para “recuperar e preservar o património material e imaterial” do próprio concelho de Oeiras, é que surgiu o “projeto Villa Oeiras”. Ora, “o vinho foi salvo da quase extinção por causa da parceria entre Município de Oeiras com o Ministério da Agricultura. Pegou-se no vinho, recuperou-se, e hoje a vinha continua a produzir as castas na encosta virada para o Tejo, na terra que sempre foi fértil, sacudida pelo vento que é típico desta zona. Na gama de castas branco, destaca-se o Galego Dourado, a Ratinho, a Arinto, as Rabo-de-Ovelha e a Seara-Nova; e no tinto as castas Castelão, Amostrinha e a Trincadeira. Com este rebranding foi possível posicionar a marca “Villa Oeiras” como o bastião desta pequena região demarcada.
Desde aí, e com o intuito de manter a produção e a promoção da comercialização “foi criada, em 2009, a Confraria do Vinho de Carcavelos, uma associação que zela pela dinamização da região demarcada, através de ações que associam o vinho ao desenvolvimento turístico, cultural e ambiental do território onde é produzido. Ao longo do tempo, a Câmara Municipal de Oeiras “tem feito investimentos que se refletem na preservação da vinha existente, na plantação de nova área de vinha e na recuperação do edificado, a par da aquisição de todo o equipamento necessário ao processo de produção, que desde há anos é feito na adega do Casal da Manteiga”. O trabalho desenvolvido foi compensado, com o ganho de 14 medalhas em diferentes prémios nacionais e internacionais, entre 2020 a 2022.
Enoturismo: a recente aposta do Município de Oeiras
Sempre com a ideia da “divulgação, promoção e conservação” do Vinho de Carcavelos, como um produto identitário, a autarquia apostou no enoturismo em duas adegas: na do Palácio de Marquês de Pombal e na do Casal da Manteiga. Os programas “estão disponíveis em três idiomas (Português, Inglês, Espanhol) e incluem visitas guiadas às adegas, provas comentadas de vinhos Villa Oeiras, harmonizações variadas de dois, quatro, ou seis vinhos e degustação de produtos regionais, como a doçaria, queijo e patês”.