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A sede fica na zona industrial da Maia, mas também marcam presença na Grande Lisboa, mais concretamente em São João da Talha. O objetivo desta empresa passa por “reciclar os Óleos Alimentares Usados da restauração”. O reaproveitamento deste resíduo traduz-se em vantagens para os clientes e para o ambiente ao possibilitar uma grande poupança de água. Neste texto, o Sócio-Gerente da Filtapor, José Oliveira, conta-nos como tudo aconteceu desde a fundação da empresa.

A Filtapor nasce no ano 2000, no Porto, com o objetivo de reciclar os Óleos Alimentares Usados (OAU) da restauração. O pioneirismo da iniciativa viveu nove anos sem que a legislação ou o Estado tivessem essa preocupação ou determinação. Investimos ao longo destes vinte anos mais de dois milhões de euros em sensibilização e benefícios diretos, quer na restauração, quer em escolas e condomínios e impulsionámos o aparecimento de outras empresas neste setor, o que permitiu que, atualmente, mais de 2500/Ton/ Mês de resíduo sejam recicladas. O nascimento da Sigla ÉCOLEO hoje marca registada – foi o passo necessário para que o consumidor mais facilmente identificasse o objetivo do nosso propósito.

A nossa criatividade não se esgotou no reaproveitamento de um Resíduo (OAU), uma vez que o maior impacto da nossa atividade está na poupança de água que conseguimos obter. Água potável que deixa de ser utilizada pelo setor da restauração na limpeza dos filtros de gordura, mas, também, no tratamento das águas residuais consumidas no dito tratamento de filtros nas nossas instalações. Com efeito, por cada 2000 filtros tratados mensalmente poupam-se, anualmente, dois milhões de litros de água potável contra um consumo de apenas 600 000 litros. Considerando apenas a Filtapor, a poupança anual atual chega aos 24 milhões de litros. Desta forma, o Óleo que preparamos para ser transformado em biodiesel, qualquer coisa como 25 000 Toneladas desde a nossa existência, poupou 3400 toneladas de CO2 que não foram emitidos, deixando assim de contaminar a camada de ozono.

A evolução do setor dos Óleos Alimentares Usados

(OAU) e a inércia dos municípios na sua reciclagem


A fileira do OAU é e está orgulhosa da sua atividade pois, não obstante a norma europeia ter sido transcrita para o nosso ordenamento legislativo, no que ao OAU diz respeito, foi a fileira dos OGR (Operadores Gestão Resíduos) que fizeram a grande parte do trabalho. Enquanto os municípios pouco ou até nada contribuíram para a reciclagem deste resíduo, as nossas empresas criaram uma atividade rentável e autossustentável, sem necessidade de Ecotaxas.


Em 2018, junto com outros OGR foi criada a APOREB, associação com o objetivo de integrar e aperfeiçoar os objetivos do setor
do OAU. O novo Regime geral de Gestão de Resíduos, RGGR, prevê a constituição de uma entidade gestora para a fileira dos Óleos
Alimentares Usados, o que traz alguma incerteza ao nosso setor.

Qualquer entidade gestora, que tenha funções operacionais, pode colocar em questão um trabalho árduo de sensibilização, junto das populações e do setor Horeca, que implicaram forte investimento nos últimos 20 anos por parte da Filtapor e do qual resultou uma poupança de água sem precedentes.

A inovação como motor da reciclagem dos OAU

A nossa cobertura na restauração é total, desde a mais pequena aldeia aos grandes centros urbanos. Os produtores deste resíduo ganham contrapartidas e, por isso, têm a iniciativa no descarte do mesmo. Em 2014 lançámos, com o apoio e liderança da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), um projeto inovador – O Green Box -que prova que até das águas de lavar os tachos e panelas na restauração, é possível reaproveitar um resíduo de gordura – os ácidos gordos – cujo destino será e já é a produção de biocombustível avançado.


Para melhor perceção, um restaurante que sirva 300 refeições diárias descarta, em média, 45kg de OAU por cada três semanas, mas pode reter-se 35 litros de Gordura Acidificada (ácidos gordos). Estas gorduras, ao serem enviadas para os esgotos vão poluir as ETAR’s e contaminar os sistemas de esgotos, entupindo-os. Para a sua desobstrução, anualmente são investidos milhões de euros pelos Municípios. Este projeto, uma vez acarinhado pelo poder político será um contributo notável para o ambiente. Ainda assim, não encontramos nos organismos públicos o empenho para a implementação das tecnologias desenvolvidas pela UTAD e em Portugal.

Reciclar não tem de ser uma obrigação, pois pode resultar do empenho do produtor do resíduo, pelo seu entendimento dos benefícios da reciclagem. Todavia, reciclar OAU é grátis e tem vantagens, basta ligar para o operador de resíduos, no caso da Filtapor/Écoleo e todo o processo administrativo é garantido gratuitamente.