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É um dos caminhos de Fátima que percorre o Centro de Portugal e ao longo de 111 quilómetros atravessa vários municípios, um deles o de Ansião. A força motriz para percorrer a Rota Carmelita é diferente de peregrino para peregrino. Uns fazem-no para descobrir “o novo”, outros “pela inspiração na vida e obra da irmã Lúcia” e, claro, há ainda quem o percorra por questões religiosas.

Pelos caminhos de Portugal, os peregrinos que conquistam os quilómetros da Rota Carmelita, vão ver “tanta coisa linda, um mundo sem igual”. Os versos de uma canção do cantor popular Mário Gil acabam por definir o trajeto que passa a pé o concelho de Ansião, rumo a Fátima, e que oferece a quem galga aqueles caminhos uma “envolvência com a natureza, a passagem pelos centros históricos” e a “comunhão com as gentes”. Para o Presidente da Câmara Municipal de Ansião, António Domingues, estas são algumas das caraterísticas “que tornam esta rota diferenciadora”.

Com ponto de partida na zona de Alvorge, concretamente em Ribeira de Alcalamouque, este percurso dá “primazia à utilização de troços alternativos, oferecendo ao peregrino a descoberta de caminhos pedonais, muitos deles já calcorreados pelos nossos antepassados.” Uns caminham as “pedras da calçada” para desfrutar “da novidade” e vislumbrar “novos territórios”, outros fazem-no “pela inspiração na vida e obra da Irmã Lúcia, que levou à criação da rota, ou até por fé e promessa”.

A experiência é “mais rica” e elevada a um novo patamar porque alguns troços da Carmelita “se sobrepõem aos dos Caminhos de Santiago de Compostela”. O autarca conta que há “peregrinos que muitas vezes se cruzam com outros, mas uns seguem para sul, Fátima, e outros para norte, Santiago de Compostela.” Confessa ainda que essa “troca de saberes entre peregrinos”, nos “cruzamentos”, é aquilo que “muitas vezes os fazem voltar para fazer o percurso inverso.”

Tal como António Domingues refere, “é impossível passar por estas terras sem beber do seu quotidiano e falar com as suas gentes”. E, como tal, o mais certo é as questões “para onde vão”, de onde vêm”, “precisa de ajuda” serem o fio que desenrola o início de uma conversa, que o Presidente da região caracteriza como o “alimento dos peregrinos”. Ora, tal como o provérbio popular português diz, “é como pão para a boca”, uma vez que possibilita que os peregrinos “não se sintam tão sós no seu caminho”.

O Presidente levanta o véu sobre a “riqueza ímpar” do concelho que administra, afirmando que a passagem obrigatória por Ansião se estende ao “Complexo Monumental de Santiago da Guarda (…), aos moinhos de vento giratórios, ao Centro Etnográfico de Alvorge, à Casa Museu dos Fósseis de Sicó, ao Centro Histórico de Ansião, ao Parque Verde do Nabão, ao Retábulo de Mestre Malhoa na Igreja de Chão de Couce, à Serra da Portela e às manchas de carvalho.”

De forma a manter a segurança e a tranquilidade da viagem dos peregrinos e conquistar o seu olhar aguçado, o município tem realizado algumas requalificações em todo o trajeto da Rota Carmelita, de que se destacam “a limpeza dos caminhos” e a “manutenção da sinalética do itinerário”.

Além disso, tem prestado apoio “à retaguarda”, bem antes de o pé de caminhante passar o início da etapa, ao disponibilizar os contactos para alojamento e restauração, indicar os pontos de paragem impostos pelo roteiro turístico, ou simplesmente identificar os locais “para um merecido descanso”.

Questionado sobre que tipo de convite faria aos leitores, António Domingues admite que é um grande desafio percorrer os 111 quilómetros da Rota Carmelita até ao Santuário de Fátima, mas, seguindo a ideia do provérbio, “quem não arrisca, não petisca”, lança o desafio a quem nos lê de conhecerem “de uma forma prazerosa e cativante” as terras dos ansianenses, que permitem sobretudo “percorrer caminhos empedrados entre as paisagens cársicas, atravessar manchas de carvalho, pontes e rios onde outrora reis e rainhas pararam, ou simplesmente sentar-se num banco público da aldeia e falar com as suas gentes”.