Promover o conhecimento e a inovação, a investigação e a divulgação científica, contribuindo para uma ação integrada e participada das políticas ambientais e do desenvolvimento sustentável é um dos principais objetivos do Laboratório da Paisagem. Numa edição dedicada ao Dia Mundial da Água fique a conhecer, pela voz da Presidente Adelina Paula Pinto e do Diretor Executivo Carlos Ribeiro, alguns dos principais projetos da associação vimaranense desenvolvidos nas diferentes dimensões da sustentabilidade.
Poderíamos começar a nossa conversa por conhecer um pouco melhor o Laboratório da Paisagem quais os valores que norteiam a sua atuação e de que forma tem procurado ao longo dos anos atingir o seu compromisso?
Adelina Paula Pinto (APP) – O Laboratório da Paisagem nasceu de uma aposta clara do Município de Guimarães no desenvolvimento sustentável, assente num modelo de governança que tem estado subjacente à atuação de Guimarães, em que se procura unir o setor público, o setor privado, as universidades e os cidadãos. Para isso intentou-se integrar o conhecimento técnico e do território do Município de Guimarães com as Universidades do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro. Neste sentido, o Laboratório da Paisagem assume-se como um centro de investigação e educação ambiental que atua sobre o território, procurando contribuir para o cumprimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável.
Com uma equipa multidisciplinar, o Laboratório da Paisagem procura cimentar o seu espaço enquanto instituição de Educação Ambiental e Investigação & Desenvolvimento. Quais os projetos de investigação e educação ambiental já desenvolvidos no âmbito do ambiente e desenvolvimento sustentável?
APP – O Laboratório da Paisagem assume dois eixos de atuação primordiais, a investigação & desenvolvimento e a educação para a sustentabilidade. Realce-se, neste sentido, o programa de educação ambiental PEGADAS que comemorou, recentemente, cinco anos de longevidade e que chega, anualmente, a todas as escolas e todos os alunos do concelho. Na área da investigação, o Laboratório dedica-se ao desenvolvimento de projetos científicos nas áreas da Natureza e Biodiversidade, Paisgem e Território, Recursos Hídricos e Economia Circular. Neste âmbito, são diversos os projetos locais, nacionais e internacionais que o Laboratório da Paisagem tem desenvolvido, quer com o objetivo de contribuir, através do conhecimento científico para a construção de territórios mais sustentáveis e resilientes, quer para decisões políticas mais conscientes e fundamentadas. Somos uma equipa jovem, multidisciplinar, que acredita ser possível contribuir para um território mais sustentável e com maior qualidade de vida para os cidadãos.
O desenvolvimento urbano sustentável surge, cada vez mais, como um desafio a ser ultrapassado para que a nossa sociedade possa prosperar em harmonia com o meio ambiente?
APP – O papel das cidades é, hoje, assumidamente, determinante. Em Guimarães, temos seguido esse exemplo, procurando o envolvimento dos cidadãos, e assumindo a nossa responsabilidade através da elaboração e cumprimento de planos de ação para o desenvolvimento sustentável. O reconhecimento dos cidadãos, as distinções que Guimarães tem obtido são fatores que demonstram que estamos no caminho certo e que podemos ser olhados como um exemplo daquilo que poderá ser o papel das cidades para o desenvolvimento sustentável.
De que forma o Laboratório da Paisagem, em conjunto com as suas entidades constituintes tem procurado promover e potencializar o desenvolvimento urbano sustentável?
APP – O trabalho conjunto entre parceiros, e outros que integram o Laboratório da Paisagem, nomeadamente sociedade civil, comunidade educativa ou setor privado, tem sido fundamental para seguirmos o nosso caminho. Reconhecemos que é fundamental a aposta na ciência e na educação, e é isso que temos feito no Laboratório da Paisagem através do desenvolvimento de projetos que, nas diversas áreas da sustentabilidade, contribuem para a transformação das cidades.
Numa edição dedicada ao Dia Mundial da Água, ressalvamos a importância da preservação e do uso consciente deste recurso natural. Esta tem sido também uma temática muito abordada pelo Laboratório da Paisagem que vem apostando na consciencialização da importância deste recurso. Fale-nos um pouco dos projetos desenvolvidos no âmbito da preservação dos recursos hídricos.
Carlos Ribeiro (CR) – Tem sido um dos temas chave de atuação do Laboratório da Paisagem, desde a nossa fundação, por entendermos que esse é também um dos principais desafios que temos pela frente. Sinalizaria projetos como o Aqualastic que procura sensibilizar a comunidade para o impacte dos plásticos e microplásticos nos ecossistemas. Fizemo-lo através de ações de sensibilização diversas, demonstrando que a chave da mudança poderá estar na alteração dos nossos comportamentos diários. Mas fazemo-lo também através de investigação de base que procura avaliar a presença destes microplásticos em sedimentos ou organismos. Recentemente, temos em mãos um projeto muito ambicioso que resultará na criação de percursos pedestres ao longo das principais linhas de água do concelho. Estamos a falar da renaturalização dos corredores verdes e azuis dos rios Ave, Selho e Vizela que será essencial para o restauro das galerias ripícolas, a promoção da biodiversidade e até para voltarmos a ganhar o sentido de pertença sobre os rios, que se foi perdendo com a degradação que sofreram ao longo dos tempos. O projeto de educação ambiental “O Ave Para Todos” é outro dos exemplos de que como podemos trazer para a discussão dos nossos jovens ou até dos autarcas, a importância e os desafios dos recursos hídricos.
De que forma o Laboratório da Paisagem têm procurado envolver a comunidade nesta temática e, simultaneamente, consciencializá-la para a importância da preservação e do uso sustentável da água?
CR – Previamente à transformação do território, cabe-nos transformar a perceção dos nossos cidadãos. Por isso, é que procuramos uma aposta forte na educação e na sensibilização, para depois a sermos capazes de atuar sobre o território. É esta metodologia que nos ajudará a reganhar algum sentido de pertença que fomos perdendo. Por isso, para nós, o envolvimento dos cidadãos e o desenvolvimento de metodologias que incrementem estratégias participativas e de cocriação, são fundamentais. Aliás, este é o princípio basilar do ecossistema de governança que Guimarães tem em prática: o cidadão no centro da nossa atuação e como elemento essencial da transformação.
O que ainda podemos esperar desta organização para o futuro?
CR – Podemos esperar trabalho e dedicação. Podemos esperar a assunção da responsabilidade que sentimos em sermos uma instituição que quer contribuir para tornarmos as nossas cidades mais sustentáveis e resilientes. Sabendo olhar para os desafios do planeta e das cidades, como oportunidades para inovar e transformar. O Laboratório da Paisagem procurará continuar a afirmar-se como uma instituição de investigação e educação de relevo no panorama regional, nacional e internacional.