: Mais Magazine:: Comentários: 0

Foi a 8 de dezembro de 1829 que surgiu, na Praça da Figueira em Lisboa, pelas mãos de Balthazar Roiz Castanheiro, a Confeitaria Nacional. Com 192 anos é a confeitaria mais antiga de Lisboa ainda em funcionamento. Numa edição dedicada às empresas centenárias não podíamos deixar de lhe dar a conhecer a mais doce de todas.

A Confeitaria Nacional tem as suas portas abertas desde 1829, sempre com a mesma família a gerir um dos negócios mais doces de Lisboa. Balthazar Roiz Castanheiro foi o seu fundador e, desde então, gerações desta família têm adocicado a boca a milhares de clientes, não só em Lisboa, como no país inteiro. Hoje, a direção da casa, que caminha além-fronteiras, é orgulhosamente assumida por Rui Viana, sexto da linhagem familiar, que mantém vivos os valores preconizados pelo fundador: qualidade e bom atendimento, num ambiente emblemático e requintado.

No tempo da monarquia, a Confeitaria Nacional obteve, por alvará do rei D. Luís, o estatuto de fornecedor oficial da Casa Real Portuguesa, que manteve até à implantação da República. Hoje é fornecedora da Presidência da República. Visitantes ilustres à parte, são os turistas que compõem a maioria dos clientes da Confeitaria Nacional. Graças a muitos portugueses e a um grupo de clientes fiéis conseguem manter algum espírito de bairro.

Confeitaria Nacional: original e autêntica

Quase dois séculos depois, a Confeitaria Nacional ainda mantém alguns dos conceitos trazidos das finas patisseries parisienses. O mesmo acontece com o espaço, recheado de história e tradição, cuja misticidade e realeza é inegável. Basta entrar na loja da Praça da Figueira, na Baixa, para perceber que esta não é uma confeitaria qualquer. Com uma decoração quase tão deliciosa como os seus bolos, a Confeitaria Nacional ocupa dois andares. A decoração combina com o requinte e beleza arquitetónica da zona, o seu interior apresenta a original traça pombalina e está decorado com talha de madeira trabalhada, espelhos, azulejos e pinturas murais de elevado valor histórico e artístico.

Emblemáticos, tradicionais e centenários

Aqui toda a pastelaria é artesanalmente criada dentro de portas, segundo receitas tradicionais, algumas datadas de 1829, e guardadas a sete chaves. Muitas dessas receitas surgiram pelas mãos do segundo dono da Confeitaria Nacional, Baltazar Castanheiro Júnior, um apaixonado pelos diferentes sabores que ia descobrindo nas suas inúmeras viagens. De Toulouse, em França, trouxe a receita do bolo-rei, um dos ícones da atual pastelaria portuguesa natalícia.

O afamado Bolo-Rei

Ocupando um importante papel na cultura e história gastronómica portuguesa, a Confeitaria Nacional é também desde a sua origem uma casa inovadora. Como já referimos é a responsável, entre outros feitos, pela introdução em Portugal do Bolo-Rei, ainda no século XIX. Esta verdadeira iguaria é a grande atração do estabelecimento, vendendo-se milhares todos os anos. Além de continuar a fazer o fabrico próprio das suas doçarias tradicionais, a Confeitaria Nacional tem ainda outras tentações, igualmente deliciosas, como os minhotos, austríacos, indianos, torta de Viana, éclairs, afogueados, carapinetes e os rebuçados de ovo, entre outros.

Café Balthazar By Confeitaria Nacional

Na Confeitaria Nacional é ainda possível desfrutar de um café com assinatura. A qualidade do café representa o conhecimento português usado na sua produção, a qual nada fica a dever aos melhores do mundo. Os blends da Confeitaria Nacional são resultado de uma experiente torra artesanal, em quantidades muito pequenas, garantindo assim a sua qualidade. A composição de arábicas das melhores proveniências, bem torradas, com um pequeno toque de robusta, dá-lhe o sabor único que o torna tão especial e apreciado. Para além disso, o lote de assinatura foi selecionado em parceria, com o amigo e parceiro de longa data, o Comendador Rui Nabeiro.

Monumento de Interesse Público

Em 2020 a emblemática Confeitaria Nacional foi classificada como Monumento de Interesse Público, incluindo o Património Móvel Integrado, pela Direção-Geral do Património Cultural. Para este reconhecimento, pesou o facto de este estabelecimento ser testemunho notável de vivências ou factos históricos, mas também o seu valor estético, técnico e material intrínseco e a sua conceção arquitetónica e urbanística. Hoje, a Confeitaria Nacional pode orgulhar-se de ser um espaço de interesse municipal, uma casa que faz parte da história da própria cidade de Lisboa.

Com quase 200 anos de história esta preciosidade da doçaria portuguesa faz o regalo dos milhares de turistas e lisboetas que por aqui passam. A sua doce qualidade centenária faz da Confeitaria Nacional um local de requinte que não pode deixar de visitar. Aproveitamos assim a oportunidade para lhe deixar uma sugestão: aproveite a época festiva da Páscoa para visitar este espaço emblemático e deliciar-se com as suas amêndoas, o pão de frutas, os folares, o pão de ló e o ninho de Páscoa. Prometemos que não se vai arrepender.