Vivemos tempos de grande incerteza e insegurança resultantes de mudanças estruturais na nossa sociedade. Refiro-me: às alterações climáticas, com impacto direto na frequência e severidade de eventos catastróficos; ao inverno demográfico, que coloca grandes desafios ao financiamento das pensões futuras e pressão nos custos de saúde associados à maior prevalência das doenças crónicas ligadas à maior longevidade; e à crescente presença das novas tecnologias no dia-a-dia de todos, criando um nível de exposição cada vez maior da nossa privacidade e aumentando a vulnerabilidade face aos ataques cibernéticos. Estes tempos de incerteza e mudança foram recentemente agravados por eventos inesperados dos quais destaco a pandemia, a guerra e as crescentes tensões geopolíticas, com impactos significativos sociais, na forma de trabalho e na mobilidade, e económicos, com a deterioração das condições macroeconómicas que condicionam, em maior ou menor grau, a capacidade de investimento das empresas e o rendimento disponível das famílias. O setor segurador está muito atento às mudanças no perfil dos riscos que segura decorrentes destas grandes transformações na sociedade e procura, ativamente, novas abordagens e soluções capazes de dar resposta aos desafios enumerados. Agilidade, flexibilidade, inovação, capacidade de atrair e reter talento, e capacidade de investimento são palavras-chave na construção destas soluções, e no reforço do papel do seguro como mecanismo de proteção essencial para o desenvolvimento económico e social.
José Galamba de Oliveira,
Presidente do Conselho de Direção da Associação Portuguesa de Seguradores