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Ao longo de mais de cinco décadas, o Iscte vem escrevendo uma história de dedicação ao ensino superior, assente num ensino de excelência, na criação, transmissão e difusão de conhecimento científico e tecnológico nos domínios das Ciências Sociais e Humanas e das Tecnologias Digitais. A abertura de uma nova unidade orgânica em 2022, o Iscte-Sintra, deu início a um novo capítulo na já longa história desta instituição. Ricardo Paes Mamede, diretor do Iscte-Sintra, dá-nos a conhecer “a primeira escola universitária de referência no domínio das Tecnologias Digitais em Portugal” e de que forma se tem afirmado como uma das escolas mais dinâmicas e inovadoras do país.

Comecemos por conhecer um pouco melhor o universo Iscte-Sintra e de que forma a instituição tem procurado conquistar uma posição de destaque no ensino superior nacional?
O Iscte-Sintra é a quinta Escola do Iscte, dedicada ao ensino e investigação em Tecnologias Digitais, Economia e Sociedade, e entrou em funcionamento em setembro de 2022. Há vários aspetos diferenciadores desta nova Escola: uma oferta de cursos que são únicos no país, o foco nas tecnologias digitais aplicadas, a aprendizagem baseada em projetos, a ligação às empresas durante todo o percurso formativo, e a ligação ao território e aos seus desafios sociais e ambientais. É também uma Escola onde os alunos são chamados a ter um papel central no processo de aprendizagem, com autonomia e responsabilização.


O Iscte-Sintra surgiu com o propósito de ser “a primeira escola universitária de referência em Portugal que liga as Tecnologias Digitais à Economia e à Sociedade”. Presentemente, qual a oferta formativa do Iscte-Sintra e de que forma torna possíveis percursos de transformação pessoal e social, enriquecendo o país e fixando ativos qualificados nas áreas das Ciências Sociais, Económicas, Humanas e das Tecnologias Digitais?
Começámos com oito cursos de licenciatura – seis em tecnologias digitais aplicadas, um em Matemática Aplicada às Tecnologias Digitais e outro em Política, Economia e Sociedade. Em breve deveremos estender a nossa oferta a mais duas licenciaturas e a vários cursos de Pós-Graduação, Mestrado e Doutoramento. Sempre no domínio das Tecnologias Digitais e com um grande enfoque na sua aplicação à Economia e à Sociedade. São áreas de grande carência de pessoas qualificadas e essenciais para a transformação digital em curso.


Enquanto “escuta ativa” e atento às necessidades do mercado, o Iscte-Sintra tem prevista a abertura de mais duas licenciaturas já em setembro?
Sim, pretendemos abrir uma licenciatura em Tecnologias Digitais e Automação e outra em Tecnologias Digitais, Edifícios e Construção Sustentável. Tanto num caso como no outro, trata-se de áreas em que os empregadores nos transmitiram a necessidade de ter mais pessoas qualificadas para apoiar os processos de transformação da produção industrial e da conceção de edifícios.



O domínio das novas tecnologias digitais não exige apenas conhecimentos tecnológicos. A capacidade de cruzar diferentes áreas de saber tem sido uma das principais facetas do Iscte-Sintra e um dos seus grandes aliados na formação de profissionais mais qualificados e multidisciplinares?
O Iscte é, desde a origem, uma Universidade que se diferencia pela sua capacidade de cruzar diferentes áreas de conhecimento. Começou por juntar a gestão e a sociologia, numa altura que estas formações quase não existiam em Portugal. Mais tarde, juntou a ciências sociais às tecnologias de informação. No Iscte-Sintra procuramos agora cruzar o desenvolvimento de competências sólidas em domínios tecnológicos com o conhecimento sobre os domínios de aplicação, o que pressupõe que os alunos estejam familiarizados com processos económicos, sociais e comportamentais. Esta capacidade de cruzamento de saberes é, cada vez mais, valorizada no mundo do trabalho e das organizações.

A ligação às empresas durante todo o percurso formativo é um dos aspetos diferenciadores do Iscte-Sintra. Quais as parcerias estabelecidas e de que forma se afiguram uma importante ferramenta na capacitação dos alunos e na sua preparação para o ingresso no mercado de trabalho?
Logo no primeiro ano os alunos do Iscte-Sintra começam a envolver-se com empresas, seja no âmbito de trabalhos em que têm de perceber a transformação digital em curso, seja no desenvolvimento de projetos em grupo. Já contamos com o envolvimento ativo de mais de três dezenas de parceiros empresariais e estamos muito satisfeitos com o entusiasmo e a disponibilidade das empresas para desenvolver esta colaboração.

Nesse contexto surgiu a ligação à Iscte – Meta Digital, uma associação privada sem fins lucrativos dedicada ao ensino e à formação pós-graduada e especializada em tecnologias digitais aplicadas, bem como atividades de estudos e de prestação de serviços em tecnologias digitais aplicadas. De que forma veio promover a ligação à comunidade?
A decisão do Iscte de abrir uma Escola em Sintra é indissociável das características do território envolvente. Sintra é o segundo concelho mais populoso do país, o primeiro em número de jovens. Tem um tecido económico vibrante e uma rede de escolas secundárias muito dinâmicas. Além disso, tem uma estreita ligação com os territórios da coroa norte da área metropolitana de Lisboa, onde estão sediadas algumas das empresas e instituições mais sofisticadas do país. A Associação Meta Digital resulta de uma parceria entre o Iscte e várias destas entidades e tem como objetivo estreitar as relações entre o Iscte-Sintra e esta envolvente.

O Iscte-Sintra beneficia ainda de um ecossistema de investigação científica de elevada qualidade. Nesse sentido, em que domínios o Iscte-Sintra tem atuado para atingir esse propósito?
Os docentes do Iscte-Sintra integram o ecossistema de investigação científica do Iscte, que conta com oito unidades de investigação de elevada qualidade, inseridas numa vasta rede de parcerias científicas internacionais. Os domínios de investigação destas redes são muito vastos, sendo que o foco do Iscte-Sintra é na aplicação das novas tecnologias digitais, destacando-se domínios como a inteligência artificial, a cibersegurança ou o desenvolvimento de software.

O Iscte-Sintra localiza-se no segundo maior concelho do país e o maior em número de jovens entre os 15 e os 24 anos.  De que forma a localização de uma escola do Iscte em Sintra poderá contribuir para cumprir a importante missão de democratizar o acesso ao ensino superior e alavancar o desenvolvimento local e regional?
O simples facto de o concelho de Sintra poder contar com a presença de instituições de ensino superior é importante, do ponto de vista simbólico. Mas não chega. No Iscte-Sintra temos um trabalho de proximidade e colaboração com as escolas básicas e secundárias do concelho, visando mostrar aos alunos de diferentes escolas que a universidade não tem de ser ‘um país’ distante. Oferecemos módulos preparatórios de matemática para ajudar os alunos dos cursos profissionais – e são muitos no concelho de Sintra – que querem prosseguir estudos para o Ensino Superior. E desenvolvemos projetos com as escolas e as comunidades locais, com a participação de docentes e de alunos de licenciatura, para reforçar o conhecimento mútuo e contribuir para o reforço do tecido social.