As termas das Caldas da Rainha remontam-nos ao reinado de D. Leonor, no século XV, quando a rainha fundou esta estância termal. Por isso mesmo, as termas das Caldas da Rainha reúnem em si a vertente histórica, que pode ser conferida por todos os seus visitantes, à qualidade da água mineral natural que brota nas Caldas. Em entrevista à Mais Magazine, Vítor Marques, Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, fala-nos sobre “a associação da componente história e cultural aos tratamentos terapêuticos e de bem-estar” que estas termas têm para oferecer.
A água mineral natural das Caldas da Rainha é composta por um conjunto de propriedades terapêuticas que a tornam especialmente indicada para o tratamento de algumas doenças. Para Vítor Marques, a água que brota nas Caldas pode mesmo ser “considerada uma das melhores no âmbito do termalismo de saúde”, fruto de um conjunto de três efeitos: o efeito físico da temperatura da água, que ronda os 34,5º; o efeito químico, uma vez que água tem um Ph neutro de 7,04; e ainda o facto de ser hipermineralizada, isto é, a água é sulfúrea, cálcica, cloretada sódica, sulfatada, magnesiana, sulfídrica e levemente fluoretada. “A atuação conjugada destes três fatores, tem uma ação analgésica, anti-inflamatória, anti-histamínica e rejuvenescedora das cartilagens articulares, sendo por isso utilizadas para o tratamento de todo o tipo de doenças reumatismais e do aparelho locomotor (artrose, reumatismos inflamatórios, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, gota e sequelas pós-traumáticas) e do aparelho respiratório superior (sinusites, rinites crónicas, hipertróficas e atróficas e laringite), nas vertentes preventiva, curativa, de reabilitação e promotora da saúde”, destaca Vítor Marques.
Ações de tratamento
Com vista ao tratamento de todas estas afeções, o complexo termal das Caldas da Rainha oferece um vasto leques de técnicas que disponibiliza aos clientes destas termas o melhor serviço possível, com destaque para as técnicas de imersão em banheira, técnicas de duche ( jato, circular, pedidaix, massagem Vichy), técnicas de vapor integral e parciais (coluna, bertholaix) inalações e técnicas especializadas (drenagem de proetz, duche gengival e duche filiforme). Para que o serviço de máxima excelência esteja completo, “os utentes são acompanhados por um médico Hidrologista, com vista à sua recuperação, numa perspetiva holística de saúde e bem-estar”, sendo que “existem muitos programas de bem-estar disponíveis, para quem quer usufruir de uma experiência de relaxamento”, explica Vítor Marques.
Vertente de saúde aliada à história do edifício
Apesar de a grande referência destas termas ser a qualidade da água natural com caraterísticas terapêuticas, as termas das Caldas das Rainhas diferenciam-se também por aliar a vertente da saúde à componente histórica e cultural. O Hospital Termal foi fundado pela Rainha D. Leonor, no ano de 1485, e Vítor Marques assume que “o facto de a pessoa usufruir de um tratamento termal num edifício que é o Hospital Termal mais antigo do Mundo, é algo que enriquece desde logo a experiência vivida”, por isso, este é “o conceito de termalismo que queremos desenvolver, não incidindo apenas na importantíssima vertente curativa, mas indo mais além, num plano transversal, onde aliamos o termalismo à cultura, ao bem-estar, ao turismo e à identidade municipal”. O presente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha sublinha ainda a importância de realçar este aspeto histórico a todos os visitantes das termas da região, por forma a permitir a “valorização do passado e o reconhecimento da extraordinária relevância do património”. Recentemente, parte do complexo termal das Caldas da Rainha foi alvo de obras de requalificação, com a remodelação da ala sul do edifício do Hospital Termal, tendo em vista a abertura de uma seção dedicada à vertente músculo-esquelética. Esta intervenção foi uma forma de modernizar e preservar a estrutura que faz parte do património caldense e abrir uma nova unidade de tratamento que sirva um maior número de clientes. “Após a abertura da valência na área das músculo-esquelética e bem-estar, trazendo muitas pessoas da região, mas também muitas de outras zonas do país, que consequentemente vêm conhecer e explorar o nosso concelho, atraídas também pela indissociável ligação do legado termal à arte e cultura, traços que acompanham a cidade desde a sua fundação, sobretudo visível através da Cerâmica, afirmando-se hoje como Cidade Criativa da Unesco para o Artesanato e Arte Popular”, conclui Vítor Marques.