A educação é hoje, porventura mais do que nunca, um desígnio individual, familiar e comunitário, com maior potencial transformador da sociedade e com maior impacto na vida de cada ser humano e da sua família, facto que a todos coloca desafios muito exigentes. Desde logo, importa ter em conta a realidade em que vivemos, marcada por uma enorme dependência da tecnologia para quase tudo. Realidade que, naturalmente, tem influência no perfil identitário dos educandos, seja no seio da família, na escola ou na universidade. Um perfil que evidencia novas necessidades, mas também novas capacidades. Sabemos que não há modelos educacionais perfeitos, e essa certeza tem levado a diversas derivas e experimentalismos que não têm permitido encontrar um equilíbrio entre o melhor da herança cultural em que nascemos e o melhor que a investigação e inovação pode acrescentar, para se construir um modelo de compromisso e otimização que aproveite e valorize o conhecimento e a experiência acumulada, compaginando essa mais-valia com novas metodologias e abordagens. Creio que só um modelo de compromisso, que garanta equilíbrio entre o capital de experiência acumulada e o potencial evolutivo que a inovação aporta, pode proporcionar uma educação consistente, significativa e capaz de incrementar o desenvolvimento humano e social.
Na educação, como em tudo na vida, aquele ímpeto pseudo revolucionário do fazer tábua rasa do património de conhecimento e experiência pré-existente, para querer marcar uma nova era, baseada no “agora é que vai ser, e é mesmo desta vez que a mudança vai fazer surgir os amanhãs que cantam”, como a História nos tem revelado, nunca deu bons resultados, pelo contrário, desperdiçou recursos humanos, materiais e financeiros, para mais tarde ou mais cedo, bater de frente com a inevitável consequência de ver tudo posto em causa e, não raras vezes, voltar à estaca zero. Não precisamos de ir longe, para termos exemplos, nas famílias, nas instituições e nas empresas, de quão importante é ser detentor de uma boa educação, de uma boa educação em sentido pleno, não apenas ao nível da capacitação escolar, académica, técnica e profissional, mas sobretudo ao nível da consciência ética, moral e espiritual. Em suma, é indubitável que a educação é o desígnio mais transformador da vida pessoal e social, que impõe a quem educa e a quem é educando, múltiplos e exigentes desafios, sendo que de entre todos, os mais transformadores são: a humildade, a generosidade e uma compreensão sensível à realidade humana de cada pessoa, entendida no contexto das circunstâncias em que vive e se relaciona com o Mundo. Na família, na escola e no trabalho, é sempre a educação que faz a diferença. A diferença que promove a integração realizadora e gratificante, proporcionando felicidade.
Maria José Rouxinol