Celebrar meio século de independência é como celebrar um aniversário pessoal – a experiência acumulada torna-nos mais sábios, mas a sede por novos desafios e conquistas permanece. Angola, ao longo dessas cinco décadas, experimentou altos e baixos, aprendendo com os erros e moldando o seu próprio futuro. Assim como um indivíduo amadurece e se transforma, o país também evoluiu, adquirindo a maturidade necessária para enfrentar os desafios complexos do século XXI.
Nesta jornada, a economia de Angola esteve sempre perto da portuguesa e as respetivas relações empresariais sempre foram relevantes na relação entre os dois países. E aqui falamos numa relação de meio século em que se desenvolveu uma verdadeira bilateralidade, não obstante os fluxos financeiros sejam condicionados pelo contexto a cada momento. Angola teve momentos em que foi um importante exportador e investidor em Portugal. O mesmo aconteceu relativamente a Portugal para Angola. Porém, para além dos ciclos económicos, a capacidade de empresas angolanas e portuguesas conseguirem criar parcerias tão duradouras é um fenómeno verdadeiramente único no contexto da Lusofonia e da União Europeia. Há sem dúvida um “ingrediente secreto” desenvolvido ao longo dos últimos 50 anos que dá um sabor especial a esta relação. Uma relação que existe apesar das diferenças entre as duas economias, sendo a de Angola mais centrada nos recursos naturais e a de Portugal com maior vocação para os serviços.
Mas onde há uma grande diferença é na demografia. Segundo um estudo do INE de Portugal, datado de 2020, a população residente diminuirá dos atuais 10,3 milhões para 8,2 milhões em 2080. Prevê-se, ainda, uma redução dos jovens de 1,4 para 1,0 milhões e que o índice de envelhecimento quase duplicará, passando de 159 para 300 idosos por cada 100 jovens. Por muitas medidas que se tomem, é uma tendência difícil de inverter. Como compara esta realidade com Angola? Estima-se que a população de Angola fosse, em 1975, de 7 milhões. O Censo de 2014 concluiu que a população tinha crescido para cerca de 26 milhões e, presentemente, deve rondar 39 milhões segundo o Fundo das Nações Unidas para a População. Não é necessário fazer muitas contas para concluir que a população angolana é bastante jovem, tendo cerca de 60% da população menos de 24 anos.
Surpresa: aos cinquenta Angola é, afinal, jovem. Esta juventude representa futuro, iniciativa e vontade. E também, muitos consumidores e muitos trabalhadores. Uma ótima oportunidade para a continuidade e o aumento das parcerias entre empresas angolanas e portuguesas. Para que ao festejarmos os 60, os 70, os 80, esta jornada seja ainda mais rica em oportunidades!
Parabéns, Angola! Parabéns a todos os angolanos!
João Luís Traça, Presidente da Direção da Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola