: 21 de Março, 2025 Redação:: Comentários: 0

O Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, convida-nos, uma vez mais, a refletir sobre a relevância deste recurso vital e a necessidade premente de garantir a sua sustentabilidade. Em Portugal, enfrentamos desafios cada vez mais exigentes na gestão da água, não só pelos impactos das alterações climáticas, mas também pelo aumento da sua procura. O tema definido pelas Nações Unidas para este ano, “Salvemos os nossos glaciares”, realça a importância de minimizar a aceleração do degelo como consequência do aquecimento global. Enfrentar as alterações climáticas passa pela redução das emissões de gases de efeito de estufa ao nível global, mas, sobretudo, pela implementação de estratégias de adaptação. No setor da água, são prioridades a eficiência na sua utilização (designadamente a modernização das infraestruturas de abastecimento e sane-mento), a redução das perdas nas redes de distribuição e o aumento da reutilização de águas residuais tratadas. No setor agrícola – o maior utilizador de água no país –, é fundamental apostar na rega mais eficiente, adotar culturas mais resilientes a períodos cada vez mais prolongados de seca e reduzir a dependência das origens tradicionais de água. A digitalização do ciclo da água (onde se inclui o reforço de monitorização e modelação) é uma ferramenta–chave para aprimorar uma gestão avançada e em tempo real.

Um dos outros grandes desafios que enfrentamos está relacionado com a contaminação dos recursos hídricos: o uso excessivo de fertilizantes, pesticidas e outros poluentes, associado a descargas não conformes de efluentes urbanos e industriais, ainda que em episódios pontuais, comprometem o estado das massas de água. A nova Diretiva Europeia das Águas Residuais Urbanas impõe normas mais exigentes para o tratamento dessas águas, promovendo uma gestão mais eficiente e sustentável das ETAR e incentivando a neutralidade energética no setor. Nesse âmbito, a reabilitação dos rios também ganha destaque recuperando funções ecológicas essenciais. A gestão partilhada com Espanha das bacias hidrográficas, que abrangem 64% do território português, exige igualmente o reforço da cooperação transfronteiriça.

O tempo para agir é agora. O futuro da água depende das escolhas de hoje e a responsabilidade é de todos: governos, entidades, empresas e cidadãos. A “Água que Une”, estratégia criada pelo Governo para promover a gestão sustentável e integrada dos recursos hídricos, é essa ponte necessária entre a preservação e o futuro, entre as regiões e gerações. No Dia Mundial da Água, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) reafirma o compromisso com uma gestão sustentável e colaborativa, porque a água não conhece fronteiras – une-nos a todos.

José Pimenta Machado, Presidente do Conselho Diretivo da APA (Agência Portuguesa do Ambiente)