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Não seria possível falar sobre o aniversário dos 25 anos da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China (RPC) sem o enquadramento histórico que nos conduz ao dia 20 de dezembro de 1999. Para isso, devemos regressar ao século XV, quando os portugueses, ainda acelerados pela reconquista da Península Ibérica ao invasor muçulmano, se tornam o povo tecnologicamente mais inovador do mundo. Efetivamente, é a partir da conquista de Ceuta, no norte de África, em 1415, que Portugal inicia o projeto nacional de navegações oceânicas, fortemente impregnado pelo espírito da cristianização. Estes bravos portugueses exploraram, primeiro, o continente africano, chegando apenas em 1498 à Índia, em 1500 ao Brasil e, finalmente, em 1513, à China, tendo depois percorrido toda a costa leste chinesa, até alcançar o Japão em 1543. Macau, em particular, encerra uma história fascinante, que se caracteriza pela convergência de interesses, sortes, equilíbrios, diplomacia e circunstâncias de vária ordem, que permitiram a continuidade portuguesa naquele original entreposto comercial, até 1999.

A forma como decorreu o processo de transferência de administração de Macau tornar-se-ia um alicerce importante para os laços diplomáticos que se corporizaram após 1999. Desde logo, isso sucedeu no domínio das relações políticas, evidenciando a importância do papel dos Governos enquanto geradores de confiança no relacionamento bilateral, que se reflete direta e imediatamente na amizade entre os Povos. De facto, o sucesso deste processo e o modo harmonioso como Portugal e a RPC desenharam, conjuntamente, um estatuto de autonomia para a região, estabelece a pedra-de-toque para a relação de confiança e entendimento subsequentes e que dura até hoje. Provavelmente, também concorreram a inserção geopolítica, económica e cultural lusa em espaços tão distintos como a União Europeia, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa e a Comunidade Ibero‐Americana, que dilatavam o espectro de áreas de concertação, benefícios e diálogo possíveis. Todos esses fatores são, ainda hoje, passados 25 anos, profundamente válidos na lógica dos interesses dos dois Estados. É nesse contexto que importa reiterar a relevância de Macau, uma cidade tornada RAEM da R.P.C., onde o português é língua oficial, onde está sediado o Fórum Macau, inserida na mega área da Grande Baía e onde a cooperação económica está assegurada pela presença de algumas das mais importantes empresas portuguesas naquele território chinês.

Bernardo Mendia, Secretário-Geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC )